Um empreendedor que acabou de abrir uma sorveteria, que ainda é pequena, mesmo que tenha sabores inovadores de sorvetes, não tem uma startup. Um engenheiro que, da maneira tradicional, constrói casas ou reforma imóveis antigos para revender não tem uma startup.
No Livro Startup enxuta, o autor Eric Ries define startup como:
"...uma organização temporária em busca de um modelo de negócios repetível e escalável. Ou seja, startup é uma empresa emergente, em busca de um modelo de negócio inovador com o objetivo de crescer de forma acelerada, mas com custos de manutenção muito baixos."
Ou seja, consegue lucros cada vez maiores, sem aumentar sua estrutura na mesma proporção. E para isso, o uso da tecnologia é fundamental.
Vamos a exemplos práticos?
Um aplicativo de delivery é uma startup. Ele usa tecnologia para conectar restaurantes a clientes. Consegue oferecer o serviço para milhões de pessoas com praticamente a mesma estrutura que usa para atender milhares.
Uma rede de coworking, que precisa adquirir imóveis, reformar, comprar móveis para criar estações de trabalho não é uma startup. Não é possível que a empresa cresça com facilidade e sem aumentar o valor investido, ou seja, sem aumentar os custos na mesma proporção.
A história da famosa rede de coworking WeWork, é um exemplo de como definir uma startup de qualquer empresa, sem de fato ser uma, mostrando como pode ser prejudicial para o negócio. Com o objetivo de crescer de forma exponencial, como uma startup, a rede investiu alto. Porém, o lucro não veio da mesma forma, o que levou a empresa a ter sérios problemas financeiros.
Nos últimos anos, o ecossistema de startup brasileiro cresceu e se fortaleceu.
Nos últimos 10 anos surgiram diversas startups, que, inclusive, viraram unicórnios, com empresas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. Foram criados fundos de investimento, venture capital, investidores anjos ficaram de olho nessas empresas, sempre em busca de resultados extraordinários.
Algumas startups cresceram e até abriram capital na bolsa. Nosso ecossistema de inovação amadureceu. Com isso surgiu também a glamourização das startups. Todo mundo quer ter uma e qualquer ideia pode ser a origem de uma startup. Qualquer pequena empresa passou a receber essa denominação, pelo próprio empreendedor ou por terceiros.
E qual é o problema?
A busca por caminhos equivocados em negócio que poderia dar certo se a trajetória fosse outra. O empreendedor foca seus esforços em correr atrás de rodas de investimento nas quais não tem a menor chance.
E se conseguir investidores, pode não conseguir arcar com os compromissos, já que não terá resultados desejados de uma startup. Ou vai focar em tentar tal feito usando metodologias errada e de forma equivocada, deixando de lado iniciativas até mesmo mais tradicionais - que poderiam levar a empresa ao sucesso.
Não temos dados sobre isso, até porque não existem pesquisas com esse foco, mas não é raro encontrar, no Brasil, empreendedores que perderam anos trabalhando em suas empresas ou ideias como se fossem startups até se darem conta de que entraram na trilha errada.
Então, vem o luto, a possibilidade de fechar o negócio ou ter que começar tudo do zero - o que muitas vezes não acontece porque o empreendedor já não tem fôlego financeiro.
A verdade é que empreender é algo transformador, não importa se é uma pequena empresa tradicional, se é uma startup.
O essencial é entendermos o que esperar de cada modelo de negócio. Por isso, antes de abrir a sua empresa reflita: eu tenho mesmo uma startup?
Qual a sua opinião sobre o seu negócio após ler esse artigo?