Cenário Pré-Covid
O consumo de hortaliças, frutas e verduras sempre foi baixo no Brasil, tendo alcançado 112gr per capta em 2016, enquanto a recomendação da OMS é de 400gr per capta.
Isso se deve a diversos fatores:
- Grande demanda por produtos ultra processados e produtos com sal e gordura, como consumo de indulgencia, dado o alto nível de estresse e ansiedade que as rotinas de trabalho e caos social apresentam nos grandes centros urbanos;
- Problema de disruptura na produção local, o que cria dependência comercial com o Ceagesp SP e por isso limita a oferta nas regiões.
- Grande nível de perdas na comercialização e no consumo doméstico, o que reduz o consumo
Fruto disso, o consumo é concentrado no Sudeste, há falta de opções em variedade nas demais regiões, há problemas de saúde publica devido a alimentação inadequada e crescimento de problemas decorrentes como doenças coronárias, diabetes, pressão alta e outros.
Cenário Covid
Com o COVID as pessoas ficaram em casa e por isso o principal canal de vendas, o segmento de comida fora do lar, deixou de escoar o principal volume de produtos do setor.
De outro lado, problemas de logística, decorrentes da quarentena, fizeram os produtores ter altas perdas na produção e com isso reduzir o ciclo de produção.
Com o fechamento das escolas, a compra para a merenda escolar também parou.
Ainda que tenhamos observado iniciativas inovadoras, nas feiras, com sistema de delivery, elas não representaram a compensação para a queda nos demais canais.
Todavia houve ganhos:
- Mudança de comportamento, com o despertar para a importância da saúde alimentar. As pessoas foram surpreendidas pela fragilidade da vida e pela importância de cuidar melhor de todos os aspectos da sua qualidade de vida agora. A frequência de compras de hortaliças cresceu 20% durante a pandemia;
- O crescimento do Home Office aumentou a preparação de refeições em casa e com isso a compra direta pelo consumidor cresceu
- As hortaliças têm a perspectiva de ganho de mercado sobre os ultra processados
- O consumo do Brasil representa 1/3 do que é verificado na Europa e o que é recomendado pela OMS, assim, vivemos um problema maior de oferta do que de demanda. A questão da segurança de oferta (volume, padrão, frequência e variedade) é um desafio individual do produtor, e a questão da organização coletiva, para construção de canais de venda, canais de comunicação e liberação de tempo do produtor para a produção são desafios prioritários para o setor.
Onde um ecossistema de negócios pode ajudar o setor?
Quando olhamos um setor sob a ótica de um ECOSSISTEMA estamos preocupados em criar um objetivos comum para os elos da cadeia, assim como, conseguir gerar inovação e também cooperação. Isso faz o setor crescer localmente e criar sinergia entre as partes.
Em primeiro lugar é preciso mudar o olhar sobre o que significa inovação. Ela pode ser disruptiva (cria algo totalmente novo) ou incremental (altera para melhor uma prática ou um relacionamento). O planejamento de um ECOSSISTEMA atua no fomento das 2 entregas, porém, é preciso que reforcemos que as melhorias INCREMENTAIS, ou seja, aquelas que são fruto da auto avaliação crítica ou da melhor contribuição das empresas, é aquela que apresenta resultados mais rápidos e que tem impacto mais imediato. Em geral elas representam 90% das inovações.
Ao atuar no diagnostico, no fomento dos encadeamentos e na maior interação entre os elos locais da cadeia podemos gerar ganhos imediatos, que por sua vez iniciam um ciclo virtuoso (de investimentos e crescimento) que leva o grupo a sustentabilidade econômica (e assim fortalecido contra futuras crises e dissabores do mercado). Isso se contrapõe a realidade daqueles que continuam com estratégias individualizadas e não integradas, que acabam por ficar mais suscetíveis aos humores e surpresas do mercado.
No Japão esse modelo é conhecido como KEIRETUSU e foi o grande responsável pelo crescimento do país, no pós guerra.
Em segundo lugar temos que ajudar o produtor a vencer seus desafios individuais:
- Volume é preciso ter indicadores adequados de produtividade
- Padrão exceto para os orgânicos, nas hortaliças e frutas tradicionais esse é um requisito comercial fundamental e está associado a estrutura produtiva e a boas práticas. O fomento da adoção de estufas, no caso das hortaliças, essencial (e o financiamento desse investimento, mais, ainda...)
- Frequência sem regularidade de oferta não há comercialização. È isso que faz o Ceagesp ser tão forte comercialmente. Com a adoção de estufas e boas práticas isso pode ser resolvido. Com o maior uso do tempo do produtor, na produção, também, para esse último é fundamental a organização coletiva na comercialização
- Variedade as pessoas querem goumetrizar seus pratos e associar o saudável ao saboroso. A introdução de novas espécies e novas variedades cria proteção ao faturamento do produtor. A Aproximação com a ABCSEM (Associação Brasileira de Empresas Produtoras de Sementes) pode ajudar nesse crescimento.
Em terceiro lugar vem a organização coletiva. O tempo do produtor é limitado e a produção de perecíveis é um histórico de imprevistos (quase todos para o prejuízo da produção). Dedicar-se a comercialização lhe tira um tempo importante. O problema aqui é a falta de lideranças e a falta de suporte para a organização administrativa e estrutural dessas iniciativas.
Não precisamos olhar grandes grupos, nem o setor como um todo e nem uma região como um todo. Precisamos de um grupo piloto e com ele obter resultados. Esse é o modelo usado com sucesso pelo projeto BALDE CHEIO da Embrapa e mostra como conseguir a mudança de comportamento e a adesão dos produtores a novas tecnologias e novos comportamentos.
Uma vez que essa frente seja constituída, podemos visualizar diversas possibilidades:
- Produtos Semi processados
- Assinatura de orgânicos
- Logística e redução de perdas
- Canal de comunicação e conteúdo para consumidor final
- Canal de relacionamento com clientes finais
- Agregar valor a produção (compotas, doces, sucos, conservas)
- Marca, etiquetagem e rastreamento de produtos
- Mercado Ugly fruits
- Turismo rural
- Dark Kitchens
- Almejar o fornecimento para o MS
Conclusões:
No mercado de hortaliças temos um caso de demanda maior que a oferta. Para isso precisamos de organização coletiva e segurança de oferta.
A Agricultura familiar é um dos pilares do desenvolvimento regional, pois seu crescimento se reverte em consumo local, pelas compras dos produtores no comercio local.
Assim, é estratégico e necessário apoiar e fomentar modelos como dos ECOSSITEMAS DE NEGOCIOS.
Os interessados em se conectar nesse projeto podem contatar o Sebrae Maringá, inscrevendo-se através de 44 999700644
Augusto Aki Consultor Sebrae
19 991279660 akiaugusto@gmail.com