A crise econômica e social que atingiu o Brasil e se agravou durante a pandemia gerou mudanças expressivas no mercado de trabalho e nos recursos a que os trabalhadores brasileiros poderiam recorrer.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (PNAD), que abarcam os últimos dez anos, há um cenário a ser compreendido no mercado de trabalho no país.
Apontando uma mudança radical na estrutura das vagas e da maneira de trabalhar, a PNAD revelou que cerca de 5,8 milhões de trabalhadores, entre os 24 milhões de ocupados, seguem com um regime de trabalho formal, com CNPJ.
Para alguns analistas, isso é um sintoma do cenário de contratação mais flexível, oferecendo menos garantias e direitos aos trabalhadores, ao mesmo tempo que diminui os impostos recolhidos para a contabilidade pública. Com isso, enquanto diversos trabalhadores encontram uma maneira de voltar ao mercado de trabalho sob essas condições, nem sempre o retorno se assemelha aos cenários da pré-pandemia.
Entre os 24 milhões de trabalhadores autônomos, há ainda algumas subdivisões. Entre os mais qualificados, os salários e as condições de trabalho costumam ser maiores, já que esses profissionais costumam ter condições de inserção mais privilegiadas. Por outro lado, há uma grande massa de trabalhadores que se apresenta por conta própria, atuando na informalidade e com condições menos atraentes, geralmente abarcando profissionais com menor qualificação.
Para esse segundo grupo, especialistas apontam que a falta de direitos trabalhistas, por conta da ausência da carteira assinada, leva a uma vida laboral mais precária. Eles não têm direito ao seguro-desemprego, além de outros benefícios que deixam de ser concedidos a esses trabalhadores, considerados menos qualificados.
Principalmente entre os trabalhadores com menos qualificação, é comum ver ocupações em diferentes áreas, que vão desde o comércio até a indústria. Quem possui mais recursos pode investir em um negócio próprio, tornando-se autônomo e aprendendo sobre variados setores.
A dica de especialistas, nesse caso, é que os trabalhadores busquem a formalização, mesmo quando a ideia for desempenhar uma atividade temporariamente. Isso porque ter um CNPJ oferece mais segurança jurídica e está ligado a maiores ganhos, pois os salários chegam a ser maiores para quem possui o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica.