Quase dois anos após o primeiro lockdown no Brasil, ao que tudo indica, aqui estamos lidando com uma nova fase, talvez uma reta final ou talvez uma etapa de adaptação para um novo cenário. Sem dúvidas este é o momento para fazermos um balanço geral: O que mudou de lá para cá? Como está o cenário atual? O que já ficou ultrapassado? E afinal, quais as tendências: o que esperar do mercado e dos consumidores nesse próximo ano? A pandemia trouxe como um de seus mais marcantes sintomas sociais a inviabilidade do contato direto entre pessoas. Abraçar seu pai ou sua mãe em seu aniversário se tornou um comportamento de risco, e as palavras trocadas entre amigos se tornaram cada vez mais digitalizadas. Por isso, faz sentido pensar que todo o setor da comunicação digital seria alçado a patamares nunca antes imaginados. Se agora quase todas as movimentações de compra e venda também passaram a integrar o mundo das telas, é certo que o marketing se tornaria uma ferramenta fundamental para que um infoprodutor (alguém que cria um produto digital) pudesse se comunicar diretamente com seu potencial consumidor. Com esse fenômeno, o mercado aqueceu como nunca antes, criando oportunidades a milhares de novos empreendedores. Porém, a inserção de tantos profissionais também passou a exigir maior especialização para se destacar perante os consumidores. Por isso, para ilustrar esse fato, nós separamos alguns casos de negócios nacionais e internacionais que deram a volta por cima ou souberam se posicionar muito bem frente aos desafios trazidos durante o período de pandemia, prometendo suas retomadas ao "novo normal" em um lugar muito mais consolidado no mercado. É sabido que uma empresa deve conhecer seu público consumidor, desde dados demográficos a hábitos, gostos, desejos e dores, já que sem isso ela não saberia onde se posicionar. Em vista disso, em outubro de 2020, a gigante canadense Shopify se uniu à chinesa TikTok para que fosse possível fazer compras diretas dentro dessa rede social. Com essa iniciativa, ambas as empresas saíram ganhando, visto que agora a Shopify estaria anunciando seus produtos dentro de uma plataforma que abarca mais de 16 milhões de usuários. Já o TikTok, por outro lado, além do dinheiro recebido pelos anúncios, ainda teria acesso a um bem valiosíssimo desta década: a retenção do usuário na plataforma. Cabe também analisar como o comportamento do usuário típico do TikTok vem extremamente a calhar com as demandas da Shopify, e como essa parceria beneficia as duas partes, além de tornar mais conveniente a navegação do próprio usuário pela rede. O app chinês foi desenvolvido de forma a tornar atrativo que o usuário permaneça engajado em conteúdos, tanto pela curta duração dos vídeos quanto pela facilidade de sair de um desses vídeos e entrar em outro (bastando um leve arrastar de dedo para cima). Logo, com tantos olhos atentos à rede, sem a necessidade de interromper seu momento de entretenimento para visitar um outro aplicativo para fazer umas comprinhas, é claro que o resultado dessa união só poderia ser explosivo. Todavia, não precisamos viajar para tão longe para encontrarmos um exemplo de inovação em tempos de crise: o nosso latino-americano Mercado Livre já supre muito bem essa demanda. A plataforma de vendas anunciou no final de 2021 que criaria o Mercado Livre Live, sua versão da modalidade já conhecida mundialmente de Live Commerce. O conceito de Live Commerce não é novo. Desde as famosas propagandas da Polishop no início dos anos 2000, a ideia de vender um produto em uma transmissão ao vivo já foi internalizada na mente dos brasileiros. E não é à toa! Não são poucos os estudos que mostram que o impacto de um vídeo, aos olhos de um consumidor, é significativamente maior do que o de uma foto ou imagem estática. Quando se soma ainda o fato de ser ao vivo, a credibilidade do anunciante salta exponencialmente, já que mostra real segurança da funcionalidade do produto anunciado. E que melhor momento para entrar no fluxo do Live Commerce do que agora, com as lives nas redes sociais tão presentes no cotidiano brasileiro. Além disso, dados do Research and Markets apontam que até 2027 o Live Commerce terá movimentado 600 bilhões de dólares em escala mundial, o que mostra mais uma vez que o caminho tem sido a digitalização em massa dos negócios. E quando um gigante desses não se acomoda e toma uma iniciativa tão poderosa, que remodela seu próprio negócio, é um claro sinal de que não é hora de ficar parado. Agora, enquanto nas lives a empolgação e a energia alta são as apostas para reter a atenção do público, há também aqueles que apostam no contrário: o silêncio. É o caso da empresa Headspace, criadora do aplicativo de mesmo nome, cujo intuito é fornecer meditação guiada para que seus usuários aprendam a estarem confortáveis com "não fazer nada" por alguns minutos, como diz o próprio criador do app, o britânico Andy Puddicombe. Assim como a Shopify percebeu o potencial dos olhos vidrados no TikTok, a Headspace apostou na parceria com a Netflix, outra favorita na pandemia. Juntas, as duas já criaram três séries: "Headspace - Meditação Guiada", seguida por "Headspace - Guia Para Dormir Melhor", e "Headspace - Guia Para Relaxar", a primeira experiência interativa sem história da Netflix. Com a empreitada, a Headspace ataca um nicho que tem tomado proporções enormes, em especial com as novas gerações, Millennials e Z (que ocupam em maior número a Netflix): os rituais de autocuidado, que vão desde o consumo de alimentos orgânicos, até a prática de exercícios físicos e mentais. E é neste último que a Headspace aposta. Em um momento de crise como o nosso, esse tem se tornado um caminho cada vez mais frequente para superar o caos. Voltando agora a terras tupiniquins, vamos falar sobre a estratégia de marketing bastante inusitada da Amaro, marca de moda renomada no Brasil. O que eles fizeram mostra como investir muito em um local para posicionar sua marca pode ser mais atrativo (e consequentemente lucrativo) do que necessariamente ocupar todos os canais de comunicação que a internet provê. Contudo, a marca se superou na criatividade desse posicionamento. Talvez você esteja pensando que, por ser uma empresa de moda, ela tenha marcado presença forte no Instagram, mas não foi bem assim. Em 2020, foi nos videogames que a Amaro encontrou sua oportunidade de ouro. Não está entendendo nada? Então acompanhe a história. Muito se ouviu falar em um game que foi febre em 2020 chamado Animal Crossing: New Horizons. É um jogo online em que os jogadores simulam uma vida, relativamente, cotidiana, ou seja, fazem interações sociais, têm encontros, praticam atividades como pesca e, claro, escolhem suas próprias roupas. E foi nesse jogo que Mara criou seu personagem. Mara é a influenciadora digital virtual criada pela Amaro para suprir a demanda de ensaios fotográficos, já que os pessoais estavam inviabilizados por conta do estado de quarentena. E para que ela ganhou um perfil nesse jogo? Para que os jogadores fossem até o local onde ela mora (no jogo) vestindo seus looks exclusivos, e ela, então, os julgaria. Obviamente, quem de fato estaria julgando as roupas dos players não seria a própria Mara, mas seus designers. E as roupas vencedoras receberiam suas versões na vida real, para serem lançadas em uma coleção exclusiva, que recebeu o nome de The Cross Collection. É ou não é uma ideia fora da curva? Assim como nos dois primeiros casos, a Amaro se juntou a uma outra empresa para tornar essa iniciativa possível; a diferença, porém, aconteceu no elemento surpresa da união entre moda e videogames, o que gerou instantâneo engajamento entre seus fãs, em especial do seu público jovem. Foi a simples criatividade e ousadia que forneceu essa oportunidade para a Amaro, mas, de forma bem crua, o que ela fez foi o mesmíssimo que as grandes: posicionou sua marca onde havia muitos olhos. E, além disso, ainda gerou uma interação única com os potenciais consumidores, criando um "universo expandido" da marca dentro de um jogo. Agora, portanto, já não restam dúvidas da possibilidade (pode-se dizer até da necessidade) de observar o que está acontecendo a sua volta e perceber de que forma os grandes podem te ensinar e os pequenos te inspirar. Observe o cotidiano das pessoas e perceba suas principais aspirações e necessidades a cada ano, para adaptar o seu negócio de forma realmente conectada a elas! As grandes ideias aparecem para aqueles que não param de andar para frente e buscam sempre se reinventar diante das dificuldades. Mas, se você ainda quiser saber mais sobre as tendências de 2022-23 para os pequenos negócios, não deixe de acessar o novo site do Guia de Tendências do Sebrae! _ Neste artigo, você visualizou exemplos relacionados às seguintes tendências: A coleção completa de tendências 2022-23 está disponível no site de Tendências do Sebrae.
A estratégia, já adotada anteriormente por empresas como a Amazon (que lidera a corrida nos EUA), pode se tornar uma verdadeira mina de ouro para o Mercado Livre. Estima-se que, com a jogada, o negócio tenha claras oportunidades de crescimento, já que capital para investir não falta: volume de vendas de 7,3 bilhões de dólares de julho a setembro de 2021, semestre fechado com 1,9 bilhão de dólares de receita.