Foi durante uma despretensiosa conversa de corredor que as acadêmicas do curso de Engenharia Química, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, Isadora Saraiva Zamataro, Mariana Siqueira e Gabriele Bueno decidiram que o ambiente universitário seria ideal para testar ideias e inovar. Dispostas a criar algo diferenciado, as acadêmicas perceberam que poderiam unir química com meio ambiente, solucionando um dos maiores desafios do mundo atual: o uso excessivo de plástico e a dificuldade de degradação do material.
Queríamos um projeto para iniciação científica e estávamos nos aprofundando na questão do plástico. Submetemos essa ideia de aproveitamento do material para impressoras 3D, inicialmente. Nossos professores nos motivaram, dizendo que podíamos pensar em algo a longo prazo. Pensamos, então, em criar um material polimérico que fosse mais sustentável e assim nasceu a startup Fiber Bio, relata Mariana.
As universitárias pesquisaram, fizeram testes, validaram a ideia e se inscreveram no Sinapse de Inovação, um programa de incentivo ao empreendedorismo inovador, promovido pelo Governo do Estado do Paraná por meio da Fundação Araucária, com operação da Fundação Certi e apoio do Sebrae/PR e Sistema Fiep. Selecionadas, receberam aporte financeiro e direcionaram quase que a totalidade do valor para a pesquisa.
No Sinapse, também recebemos consultorias do Sebrae/PR e vimos que tínhamos um potencial de grande alcance que não era aproveitado. Na formatação do nosso modelo de negócio, descobrimos que a nossa startup não terá apenas um produto, mas uma solução que carrega propósito e uma causa importante para o planeta, detalha a empreendedora.
Para impulsionar o projeto as acadêmicas decidiram mudar a estratégia dos pitches, as apresentações do negócio para potenciais investidores ou apoiadores. Não por acaso se inscreveram no Programa Startups Connected, da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e também foram selecionadas, o que viabilizou a aceleração durante três meses para cocriação de uma solução com a Voith Paper e Klabin.
Agora, a aceleração de duas multinacionais diretamente ligadas ao que elas estão se propondo fazer permite que as empresas invistam seus capitais tecnológicos e humanos para aprimorar o que já foi feito até aqui, podendo tornar o produto realidade, indica o consultor do Sebrae/PR, Osvaldo Brotto.
De Foz do Iguaçu para o mundo
Com a bandeira da sustentabilidade fortalecida em cada etapa de desenvolvimento da Fiber Bio, Mariana, Gabriele e Isadora ganharam visibilidade mundial. Por isso, ainda em 2020, a startup foi uma das sete selecionadas para representar o Brasil no Innovation Leaders Summit 2021, evento que será realizado em Tóquio, no Japão e reunirá startups de vários países para um processo intenso de aceleração, mentorias e networking.
A história da Fiber Bio começa ainda em 2018, com três meninas que queriam criar um projeto para iniciação científica. Em 2019, abrimos a empresa e em 2020 começamos a ganhar visibilidade e recursos para crescer. Tínhamos uma série de planos que foram apagados pela pandemia. Nos sentimos perdidas, mas o Sebrae/PR nos instigou a pensar fora da caixa e aproveitar o tempo para formatar o nosso negócio não mais como um trabalho acadêmico, mas como uma solução de mercado. Estamos animadas com o que está por vir, finaliza Mariana Siqueira.
Por conta da pandemia, os prazos de aceleração com Voith Paper e Klabin foram prorrogados e o evento programado para ocorrer no Japão será realizado em ambiente totalmente online. Até o momento, o polímero sustentável e alternativo da Fiber Bio continua em etapa de pesquisas, validações e testes. A previsão é que, com o apoio das multinacionais envolvidas, a inovação passe a ser testada ainda em 2021.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias (ASN)