Cada destino possui características diferentes, carregando consigo heranças históricas da sua fundação, além dos elementos naturais e construídos que compõem o território. Esse elementos influenciam muito nos segmentos do turismo que os destinos tem condições de atuar. A segmentação no turismo se trata efetivamente de dividir os atrativos e equipamentos em pequenos grupos utilizando algum critério, como o principal público alvo, ou as características naturais, arquitetônicas, culturais, ou pelas principais atividades disponíveis. Existem diferentes perspectivas de segmentação de mercado, que levam em consideração a oferta (tipos de empreendimentos) ou a demanda (tipos de públicos) dos destinos. Sob a perspectiva da demanda, a segmentação leva em consideração as características da demanda: Elasticidade: variação de consumo de acordo com as flutuabilidade econômica Sensibilidade: impacto gerado pelas variações políticas Sazonalidade: influências causadas pelas temporadas, estações e condições climáticas Fatores demográficos: idade, gênero Fatores sociológicos: religião, profissão, estado civil, formação, nível cultural Fatores econômicos: renda Fatores turísticos: transporte, alojamento, destinos preferidos entre outros aspectos Além disso, esse tipo de segmentação ainda pode considerar os grupos de consumidores, como famílias, idosos, adolescentes, crianças, dentre outros. Para a gestão e planejamento dos destinos, o mais usual é segmentar sob a perspectiva da oferta, uma vez que é o que há de mais concreto para ser analisado e desenvolvido, visto que boa parte dos equipamentos e atrativos já estão nos destinos. Segmentar sob a perspectiva da oferta significa criar grupos considerando suas principais características, como as atividades desenvolvidas (pesca, agropecuária, indústria), os aspectos geográficos, históricos, arquitetônicos, urbanísticos, e ainda, determinados tipos de equipamentos. Com base nisso, é possível criar segmentos que reúnem elementos similares. Alguns exemplos de segmentos são: Turismo de aventura: é aquele onde o deslocamento é realizado com a pretensão de praticar atividades de aventura recreativas e não competitivas. Turismo cultural: engloba as atividades turísticas que valorizam a vivência do conjunto patrimonial, seja histórico ou cultural, além das experiências culturais locais, valorizando com isso os bens materiais e imateriais. Turismo gastronômico: motivação principal da viagem é experimentar a gastronomia do destino final, conhecer seus sabores e a cultura que influencia os fazeres locais. Turismo Ferroviário: envolve todas as viagens que tem como motivação algum elemento vinculado à ferrovia. Turismo Rural: reúne as atividades desenvolvidas no meio rural, mas que estejam comprometidas com a atividade agropecuária, ou seja, o turismo e a produção trabalhando em conjunto. Ecoturismo: a motivação de viagem é realizar atividades junto à natureza. Importante mencionar que a identificação de segmentos em um destino não pode ser escrita sob pedras. Dada a flutuabilidade que o mercado apresenta, novos segmentos podem surgir, de maneira orgânica por algum acontecimento ou novo fato relevante no destino, ou de maneira criada, com novos investimentos em equipamentos que atuam em segmentos ainda não explorados. Além disso, um empreendimento ou um grupo de empreendimentos pode ter seu segmento alterado pela transformação da principal característica do negócio. Isso pode ser percebido, por exemplo, quando um empreendimento rural, que atua na produção agropecuária, e aos finais de semana abre as porteiras para servir refeições tradicionais da região, tem um aumento tão grande na procura pela parte gastronômica que acaba deixando de lado a produção agropecuária. Assim, o turismo gastronômico se torna o foco, mas sem desconsiderar a atratividade que o meio rural tem. O exemplo acima ainda apresenta o que é considerado Turismo no Meio Rural, ou seja, quando outros segmentos se apropriam das paisagens e características do meio rural como forma de motivar seus clientes. O Turismo no MEIO RURAL não pode ser confundido com a essência do Turismo Rural, uma vez que é muito mais abrangente, reunindo empreendimentos de diversos segmentos dentro do território rural. Compreender quais os segmentos que os destinos estão atuando contribuiu para o planejamento e gestão do turismo local, uma vez que as políticas públicas podem ser direcionadas para os segmentos considerados prioritários. Além disso, o conhecimento dos principais segmentos de destino auxilia na tomada de decisão de novos empreendedores sobre quais investimentos podem ter o melhor retorno no destino. O projeto dos Agentes de Roteiros Turísticos, que iniciou em 2022, contribuiu para o levantamento de segmentos reais e potenciais nos destinos em que está atuando. O levantamento destes dados considerou os principais atrativos de cada destino, assim como as percepções dos visitantes e de liderança locais. Em São José dos Pinhais, Mandirituba e Tijucas do Sul, foram identificados 10 segmentos reais, e outros 05 segmentos com potencial de desenvolvimento. Esses dados estarão disponíveis em breve, após a finalização e publicação do Estudo de Mercado Turístico dos municípios.