Ela está em toda parte: nas empresas de todos os portes, nas universidades, na vizinhança, entre as famílias, os amigos e os inimigos, nos canteiros de obra, no chão de fábrica (daí o nome) - e, principalmente, no ambiente governamental.
Também corre solta entre os políticos que a alimentam e usam como arma torpe contra os seus adversários e desafetos.
Boatos e maledicências andam céleres, e a tal velha brincadeira infantil do telefone sem fio, começam de um modo para logo serem desvirtuadas e chegarem diferente das suas versões originais ao final da linha.
O falatório, o disse-me-disse, o diz à boca-pequena, ouvi dizer não sei de quem, mas, a pura verdade é que Aí é que está o perigo, já saem deformados de nascença e viram monstros ao passar de um ouvido para o outro. As novas redes sociais, principalmente, o Facebook e o WhatsApp, são terrenos férteis para se desenvolverem com velocidade.
É muito difícil saber quem começa a espalhar um boato, pois fofoqueiros existem em todos os ambientes. A característica do seu comportamento é previsível. Eles sempre sabem das coisas, juram que a fonte é fidedigna, não se dão ao trabalho de checar a origem e a veracidade do fato - simplesmente repassam - o que ouviram de forma deturpada sem perceber o estrago que causam à imagem da empresa ou daquele que foi atingido.
As pessoas adoram a rádio peão, principalmente, as do escalão mais baixo das hierarquias. Os motivos da sua existência são vários, quase todos calcados nas nossas inseguranças e fraquezas: medo da perda do emprego, o ressentimento por não receber a promoção almejada, uma vingancinha ao chefe autoritário e a perda de privilégios.
Ela retrata a fragilidade dos relacionamentos humanos mal administrados, alimenta-se da inveja, da maldade, expõe vilania, covardia. Ou, muitas vezes, é simplesmente resultado da ingenuidade.
Nas empresas uma das formas mais práticas de atenuar fofocas é promover o contato pessoal do chefão com o resto da turma, para os devidos esclarecimentos. Prepare um café da manhã ou um happy-hour para expor os assuntos da maneira mais transparente possível.
Criado o ambiente, procure fazer com que aflorem perguntas a respeito dos comentários que estão circulando. Jamais devemos subestimar o poder da fofoca e da maledicência em promover estragos, precisamos estar atentos para que não cresçam.
Questões maldosas, maliciosas e delicadas precisam ser direcionadas para vir à tona, as pessoas podem estar receosas em expô-las. Combine algumas perguntas previamente com alguém de confiança para fazê-las. É sadio manter, de tempos em tempos, encontros entre funcionários escolhidos por suas importâncias na comunicação e a alta direção para esclarecer o que está acontecendo na empresa. Isto ajuda a diminuir a força dos boatos.
A forma mais brilhante que já vi sobre como acabar com a rádio peão foi a música Disseram que voltei americanizada, interpretada por Carmem Miranda, respondendo, na própria rádio, ao povo que começou a falar mal dela quando voltou dos Estados Unidos. Sua resposta é um primor de comunicação bem feita.
Mostrarei algumas partes do texto, que virou música de sucesso. Disseram que eu voltei americanizada... Com o burro do dinheiro, que estou muito rica. Que não suporto mais o breque de um pandeiro (...) E corre por aí que ouvi um certo zum-zum.... Que já não tenho molho, ritmo, nem nada () Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno?' E vai terminando a música com uma fina ironia, a arma dos inteligentes.
Ao perceber notícias ruins e mal intencionadas correndo dentro da empresa, cabe, na maioria das vezes, ao comunicador, atenuá-las. Empresas que trabalham de forma profissional e competente, os assuntos de comunicação interna sofrem menos deste mal.
A transparência da comunicação e a agilidade em expor fatos e esclarecer situações inibem o surgimento de boatos, não deixando campo propício para falação descabida.
Eloi Zanetti Especialista em Marketing e Comunicação Corporativa, Escritor, Palestrante eloizanetti@gmail.com