Temos uma série de desafios para enfrentar em tempos de Novo normal. Atuando há vários anos com artesãos, artistas e outros empreendedores criativos, e sendo também parte deste grupo, sempre me surpreendi com a criatividade com que estes profissionais se viravam no quesito recebimento.
Pois bem, a pesar de não ser nem de longe a minha especialidade a questão financeira, trago aqui alguns exemplos criativos (essa sim minha é área!) para compartilhar. Sem a pretensão de trazer respostas e soluções. Mesmo assim, me atrevo.
Bem, se estamos olhando do ponto de vista do empresário que quer vender/ser contratado, uma vez que não será fácil conseguir o cliente, precisamos facilitar o pagamento e retê-lo.
Se você é um empreendedor da área criativa com certeza já deve ter recebido uma oferta para realizar algum trabalho e ser pago por outro serviço ou produto, ou seja, por permuta. Eu, por exemplo, já fiz a marca de uma adestradora de cães em troca do adestramento do meu cão. Este tipo de pagamento nunca foi muito bem visto, já que como todos falam: não pagam os boletos, o banco não aceita permuta. Mas em tempos de crise, se permita cogitar esta hipótese.
É claro que temos que ter dinheiro circulando e não dá para sobreviver apenas com permuta. Mas esta pode ser uma maneira de criar um vínculo com este cliente e formar uma parceria. Se for uma troca justa, pode ser um alívio nas contas a pagar, o que por si só já é algo positivo. Um Chef troca as suas massas caseiras com o dono do PetShop, por ração para seus cachorros, ambos ganham.
Você lembra do cheque pré-datado? (Se não lembra era assim: a gente pagava em datas e intervalhos escolhidos, diretamente ao vendedor e podendo incluise pegar o cheque devolta e adiantar o pagamento). Pois veja só, recebi o um e-mail marketing de uma loja norte americana anunciando: compre agora, receba já e pague depois! Não há novidade no parcelamento no cartão de crédito, mas neste caso a loja oferece o AfterPay, que é a facilidade de você escolher não só o número de parcelas, mas também os intervalos do débito (não só mensal, mas a qualquer momento...), o valor dos débitos e incluso adiantar o pagamento com facilidade.
O que me chama atenção neste modelo é que certamente esta loja está prevendo a incerteza ou a inconstância de receitas pela qual o cliente também está passando. E olhar a realidade do cliente sempre foi uma boa estratégia, não é?
Muitos de vocês devem conhecer o modelo de negócio da Tuppeware e sabem que a venda é feita por consultores. Como a mercadoria é um objeto de desejo fora do alcance para muitas donas de casa, devido ao preço dos produtos, é muito comum nas periferias o Consórcio Tupperware.
Lhes explico como funciona: o consultor fecha um grupo de interessados, estipula o kit de produtos a ser consorciado e o valor mensal a ser pago, que será calculado a partir do número de participantes, do valor do objeto e do período do parcelamento. Todo mês uma pessoa é contemplada. Ou seja, a consultora garante a venda de produtos, pagos de forma parcelada, sem envolver operadoras de crédito e sem ter que dispor de todos os produtos para entrega imediata.
Esse modelo de consórcio também é amplamente utilizado por artesãos, visto que permite a circulação de dinheiro, sendo uma alternativa para a permuta. Neste caso o grupo em geral são vizinhas, amigas ou familiares o que aumenta noção de cooperação no grupo. Este exemplo reforça a importância das micro-comunidades, na nossa rede de relacionamento mais próxima estão os nossos clientes mais fieis.
Desejo que essas reflexões e exemplos sejam úteis para você começar a visualizar um cenário mais positivo para seu pequeno negócio. Se você souber de outros exemplos criativos, nesta ou em outras áreas, compartilha comigo!