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Queijo Colonial do Sudoeste

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Queijo Colonial do Sudoeste
Criado em 19 NOV. 2024
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Vaca Estrela


Em 2010, a renda da família do Leocledes e da Giovana se apoiava no emprego dele, em um posto de combustível, e no cultivo de melões. Havia também a vaca Estrela, que eles criavam na propriedade deles, na Linha Tesoura, interior de Chopinzinho. O leite da vaquinha era utilizado para consumo próprio, mas acabou sendo utilizado como mais uma opção de renda. A Giovana, grávida do primogênito, John, amarrava a vaca Estrela num palanque e fazia a ordenha manualmente. Leocledes seguia, todos os dias, para o posto onde trabalhava em Cel. Vivida, trinta quilômetros distante da propriedade. 


Nesta época, começaram a produzir queijo com o leite da vaca Estrela. Rendia duas unidades por dia. Para aumentar um pouco a produção, compraram mais duas novilhas. Em 2012, o Leocledes deixou o emprego no Posto e foi fazer ordenha e produzir queijo. Concursada, a Giovana passou a dar aulas de matemática, como professora substituta, no município de São João. Às vezes tinha três turmas, às vezes tinha dez”, contou a Giovana. Como mais um reforço na renda, ela também fazia bolachas que vendia - junto com os queijos - na escola, para os colegas professores e para os alunos.


Com o dinheiro reunido, compraram uma ordenha. “Parcelamos em não sei quantas vezes”, recordou a Giovana. Passaram a produzir mais, ela seguia na fabricação das bolachas artesanais para ajudar na renda. O Leocledes ficava na ordenha, produção, cuidava do pequeno John. Lembram que passavam a tarde e, às vezes, a madrugada produzindo queijo e bolacha. Com o segundo filho, Giovana precisou renunciar às aulas. Tentaram plantar melão por mais dois anos, mas perderam um ano “pra chuvarada”, que acabou trazendo muitas doenças. No segundo ano, perderam a plantação para as pragas. 


A Visita do IDR e a Formação Técnica


Por esta época, a família recebeu a Márcia, do IDR – Instituto de Desenvolvimento Rural. Em visita à propriedade, ela sugeriu que eles focassem esforços só na produção do queijo e na fabricação de bolacha artesanal, que esquecessem a lavoura. Seguindo os conselhos dela, o casal investiu nas vacas e na alimentação delas.


Sentindo que carecia de uma formação mais adequada, o Leocledes fez um curso de quatro meses em Francisco Beltrão. Aprendeu sobre ordenha, boas práticas, higiene, produção, controles leiteiros, entre outros temas importantes. O curso, de vários módulos, representou uma primeira formação completa para produção queijeira. Ela garantiu mais qualidade ao produto. Nas palavras da Giovana, “antes não tínhamos o conhecimento científico, havia riscos de contaminação cruzada porque o espaço de produção não era ideal”. E ela conclui: “A partir do curso, abrimos nossa mente, tivemos consciência de que precisávamos ter um espaço especial, adequado para a produção de queijo”. 


A Márcia, junto com o IDR, desenhou uma planta para que a família produzisse queijo. Também desenharam uma segunda, para panificação. O projeto foi apresentado e aprovado na prefeitura. 


A Agroindústria e a Irmão Queijeiro


O próximo passo era construir. A saída foi buscar crédito no banco. A Giovana resgata as memórias da época com orgulho: “Quem construiu a agroindústria foi a nossa família. O Leocledes tomou peito na construção. Ele terminava a produção dos queijos e se dedicava à obra, que levou um ano”. Eles foram atrás de legalizar a obra e evitarem problemas. Passaram a produzir e enviaram os queijos à base de leite cru para análise. “Não basta saber que o queijo é bom, tem que ser comprovadamente de qualidade”, ressalta a Giovana. Com vinte dias de produção, o queijo foi aprovado através de análise, estava dentro dos padrões físico, químico e microbiológico. A Giovana engrossa o mérito da produção com mais um dado técnico: “A lei do queijo à base de leite cru exige que o produto esteja dentro dos padrões com sessenta dias de maturação. O nosso queijo levou vinte dias para enquadrar. Isto foi uma grande alegria”. A partir de 2020, o queijo Irmão Queijeiro passou a ser produzido na queijaria familiar. 


Um Queijo, Muitos Prêmios


Atualmente, a família tem dez vacas em lactação na propriedade deles. O leite das ordenhas diárias, matutina e vespertina, culminam na produção de dezoito queijos por dia. 


O queijo produzido no sudoeste do Paraná é reconhecido como Marca Coletiva. O queijo Irmão Queijeiro, produzido pela família do Leocledes Gossler e da Giovana Gregolon, recebeu diversos prêmios:


2022 - Prata no 2º Concurso de Queijos e Produtos Lácteos, categoria Amanteigado, em São Paulo


2023 - VI Prêmio Queijo Brasil – Blumenau-SC


Ouro nas categorias:


- Amanteigado

- Colonial Tradicional

- Maturado


Prata para os queijos:


- Irmão Queijeiro colonial com fermento de parmesão


Bronze para o queijo:


- Irmão Queijeiro cremoso


Expoqueijo Brasil – Araxá-MG


Prata

- Irmão Queijeiro amanteigado

- Irmão Queijeiro maturado


Quem é o Irmão Queijeiro


A gama de atividades da Irmão Queijeiro cresceu de 2010 para cá. Isso aconteceu tanto no segmento do comércio, quanto do turismo. Hoje, além dos queijos e da bolacha artesanal, a indústria familiar produz doce de leite. Como as pessoas vão até Chopinzinho em busca dos produtos premiados, Leocledes, Giovana e filhos recebem os visitantes com uma pizza gigante, feita com a massa de fermentação natural da panificação artesanal. 


A Giovana disse que a pizza pode servir até 50 pessoas, desde que seja feita encomenda. Eles servem na propriedade, como numa espécie de café colonial. Perguntada a respeito do que vai sobre a pizza, ela respondeu: “De tudo”. Pois a dica é: quando for à propriedade Irmão Queijeiro, em Chopinzinho, não perca a Pizza de Tudo. E torça para os quartos da Pousada já estarem prontos. Hospedagem é a novidade para a família receber os turistas.


Mas, e o nome Irmão Queijeiro, de onde vem? Com sete e treze anos, respectivamente, os irmãos Johnny e John, filhos do Leocledes e da Giovana, têm a imagem deles estampada sobre a logomarca da empresa familiar. Ao fundo, um belo pôr-do-sol. Dourado como ouro, parece ser um prenúncio que desce sobre a propriedade onde os meninos crescem e já começaram a dar os primeiros passos na atividade queijeira, seguindo o legado de pai e mãe. Na imagem, os jovens irmãos abraçam uma vaca. É a vaca Estrela, aquela que começou toda esta história de família, de luta e conquistas dos irmãos queijeiros. 


@irmao_queijeiro

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