Entre tantas mudanças que aconteceram devido ao COVID, a maior delas foi com certeza a preocupação com a saúde. Isso abrange muita coisa, desde comportamentos de higiene no dia a dia, atitudes de prevenção fora de casa e certamente mais cuidados com a alimentação. Afinal, você é o que você come!
Os produtos orgânicos sempre enfrentaram 2 grandes problemas:
- Falta de padronização o que afetava sua aceitação nos canais de distribuição
- Dificuldade de certificação de produto orgânico (muita longa...)
Por causa disso seu principal canal de vendas eram as feiras de orgânicos e o alcance se restringia a uma pequenina parcela da população.
Subitamente houve uma explosão de demanda e o primeiro dos problemas foi minimizado. Há notícias de vários casos exitosos, onde grupos de produtores ou empresas de varejo montaram operações de assinatura semanal de produtos, para um consumidor preocupado tanto com sua segurança alimentar quanto ao impacto dos alimentos que consome na saúde da sua família.
Isso ajudou também a atenuar o segundo problema, pois essas assinaturas são configuradas por peso e não por produto, o que permite a flexibilização da oferta. Ademais, como nesse caso a saúde está acima de tudo mais, eventuais de padronizações não afetam o mercado.
Ademais, vivemos uma situação oposta de mercado, em muitos casos, há falta de oferta nas principais regiões consumidoras.
Os produtores orgânicos são produtores familiares
Via de regra, reforçar o segmento de orgânicos na região favorece a produção familiar, de pequenas propriedades. Por ser local, ela também sofre menos problemas com transporte e assegura um menor tempo entre a colheita e o consumo.
Eles também permitem o aproveitamento de cascas e bagaços (outro tabu no Brasil). O Senac tem material que nos ensina a aproveitar esses materiais. Essa visão de menos lixo e de maior aproveitamento dos produtos, para gerar menos consumo, também será uma forte tendência para o futuro.
Quando se cria essa micro cadeia se permite a venda de outros produtos da propriedade (in natura) e também a venda de produtos processados (geleias, doces, sucos, conservas), o que aumenta a renda do pequeno produtor, sua qualidade de vida e o investimento em inovação na propriedade.
Ademais, favorece o desenvolvimento local, uma vez que o consumo feito no produto local acaba por gerar consumo no comercio local, pelo próprio produtor. No trabalho que realizo no projeto CIDADES EMPREENDEDORAS do Sebrae, levantamos que as estimativas de consumo várias de 30 a 50% nas cidades em geral. Ou seja, a maior fonte de geração de aumento do PIB local é a retenção da evasão de consumo!
Outros impactos
O fortalecimento da cadeia de produtos orgânicos também favorece o surgimento do turismo rural, outra demanda do novo normal. O turismo a céu aberto, que evita aglomerações e auto guiavel (feito de carro para distancias curtas), favorece o contato acolhedor e a experiência de lazer de uma forma que os ambientes fechados não podem proporcionar.
O que podemos fazer para que o segmento de orgânicos alcance todo seu potencial
A busca por uma alimentação melhor e a busca por outras formas de lazer podem ser a grade pista. As feiras de final de semana poderiam ser turbinadas com atividades de cultura para tornarem-se eventos do micro cosmo de cada cidade.
A assinatura de orgânicos poderia ser alavancada através de programas de certificação com investimentos mais viáveis.
O investimento em estruturas de produção (estufas) asseguraria a oferta regular.
A popularizar sobre a gastronomia com produtos orgânicos ajudaria a descriminar os produtos.
O uso recente de aplicativos de compra e de canais como o whats up poderia alcançar mais pessoas se conseguíssemos criar ferramentas coletivas de logística.
O processamento de produtos pode possibilitar mais renda ao produtor e melhor experiência ao consumidor, As embalagens e as receitas podem oferecer conquistas aqui.
É claro que os recursos são curtos, porém, com organização, lideranças e estratégia podemos fazer milagres!
É sobre isso que o Sebrae Maringá falará nos dias 19 e 20 de outubro. Mostrar possibilidades e convidar os envolvidos no setor a participar em uma jornada de descobrimento e crescimento. Afinal, quando sabemos onde queremos chegar, todo vento pode ser bom!
Augusto Aki consultor Sebrae - 019 99127 9660 akiaugusto@gmail.com