Ter orgulho de ser quem somos é uma conquista.
Quando comecei a trabalhar, em 1985, não havia muitas opções para um profissional com deficiência no mercado. O mais seguro, embora desconfortável, era ficar 'presa' em casa. Qual a realidade de uma Pessoa com Deficiência?! Em minha concepção isso se chama: isolamento social!
Falar sobre suas características era sinônimo de se expor a fofocas, chacotas e com muita frequência, sofrer prejuízos concretos na carreira.
Naquela época, e nem faz tanto tempo assim, era grande a crença de que vida pessoal e profissional não se misturavam.
'Trabalho não é lugar de falar dessas coisas', diziam alguns, sem pensar na incoerência da recomendação, uma vez que pessoas diversas nunca precisaram pensar duas vezes em falar sobre emoções, sensações e sentimentos.
Há vinte anos, apesar de ser jovem e cheia de sonhos e ideais, minha capacidade de construir e seguir carreira, ter relacionamentos, era motivo de medo. Antes disso, na adolescência, foi justificativa por cuidados e instalação de crenças de que eu não seria capaz etc., hoje tem sido trabalhada em terapia e na jornada transformadora.
Com o tempo, consegui fazer da dor o combustível para o meu trabalho.
A menina acuada, que chorava escondido sem saber o que seria da própria vida, hoje aconselha gestores, diretores, profissionais de RH em diversas empresas e instituições do país.
Minha motivação? Fazer com que ninguém mais precise se esconder.
Tenho consciência de que conto com uma dezena de privilégios; sou cis gênero e, embora não me identifique como uma pessoa branca, tampouco sou vítima de racismo.
Além disso, hoje tenho uma situação financeira estável, que em nada lembra o histórico de perrengues e privações da minha infância e juventude.
Privilégio não é sobre culpa. É sobre responsabilidade. Eu assumo as minhas. Do lugar que ocupo, farei sempre o meu melhor para a inclusão de todas as pessoas.
Isso, passa por ser, cada vez mais visível, com o objetivo de mostrar para as pessoas de todos os grupos de diversidade cultural e diversidade cognitiva, que as dificuldades são imensas, mas é possível sonhar e ampliar horizontes.