A independência financeira é um importante instrumento de empoderamento da mulher, de diminuição das desigualdades sociais e, inclusive, de redução da violência doméstica. Dentre os principais pontos positivos, estão a liberdade de escolha e de como gastar o seu próprio dinheiro, a flexibilidade de horário e as melhores oportunidades de negócios. De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor, no Brasil, quase metade dos empreendimentos são liderados por mulheres, principalmente nas áreas de saúde, beleza e arte. Ainda, uma outra pesquisa, realizada pela Serasa Experian, analisou que, no primeiro semestre deste ano, 40% das mulheres afirmaram que a independência financeira foi o principal motivo para empreender; 29% buscavam flexibilidade de tempo; e 18% encontraram no empreendedorismo uma nova fonte de renda após a perda do emprego formal. Os principais motivos para empreender O empreendedorismo feminino, na maioria das vezes, mascara uma outra realidade do universo feminino: a desigualdade de oportunidades no mercado formal e a dupla ou tripla jornada de trabalho que acarreta muitas mulheres, onde, além do trabalho remunerado, há o trabalho não remunerado: o doméstico e o materno. Assim, a busca por trabalhos com maior flexibilidade de horário é de suma importância para mulheres chefes de família e mães. Segundo a pesquisa anual do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), de 2021, cerca de 80% das mulheres apontaram que os cuidados domésticos e familiares atrapalham mais as mulheres do que os homens empreendedores, apontando a desigualdade de trabalho inclusive dentro do lar. Além disso, quase metade das mulheres (48%) que sofriam algum tipo de relação abusiva (violência doméstica, psicológica e financeira) encontraram no empreendedorismo e na independência financeira uma forma de sair dessa situação. Das mulheres entrevistadas, 72% afirmaram, atualmente, serem totalmente independentes financeiramente com seus empreendimentos. Para Ana Pontes, presidente do IRME, as mulheres se sentem mais independentes, confiantes e seguras quando têm uma geração de renda própria, permitindo que ela mude sua condição dentro de relacionamentos abusivos. Mulheres inovam e se capacitam mais Mesmo encabeçando mais de 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil, segundo dados divulgados pelo Sebrae, no primeiro semestre de 2022, as mulheres ainda enfrentam muitas adversidades, além das que envolvem as questões associadas aos papéis de gênero. O preconceito de fornecedores, parceiros e clientes ainda é apontado pelas mulheres como os principais desafios ao empreender. Todavia, as mulheres são as que mais formalizam as suas empresas, as que mais buscam por capacitação e melhorias em seu empreendimento, recorrendo muitas vezes aos empréstimos para MEI. E também são as principais responsáveis pela utilização das ferramentas digitais para atendimento, venda ou negociação. De acordo com o IRME, 89% das empreendedoras utilizam os aplicativos de mensagem em suas negociações e para atendimento ao cliente; 83% utilizam-se das redes sociais para divulgação dos serviços; 67% possuem site ou blog próprios; e 55% já utilizam e-commerce ou marketplace. Além disso, são as que mais buscaram ajuda ou alguma forma de auxílio para montarem ou melhorarem os seus serviços, principalmente durante a pandemia. Sem dúvida, o empreendedorismo veio para auxiliar muitas mulheres a buscar uma nova forma de vida e de trabalho.