A domesticação de animais teve início há cerca de 20 mil anos, durante o período Neolítico, quando os seres humanos deixaram de ser nômades e passaram a viver em locais fixos. O primeiro animal a ser domesticado foi o cão, marcando o início da transição para uma sociedade agrícola, na qual o homem começou a cultivar a terra para obter alimentos. No setor do agronegócio, existe o segmento pet, que engloba a criação, produção e comercialização de animais de estimação. Esses animais são criados para convívio com os seres humanos por razões afetivas, sendo utilizados para terapia, companhia, lazer, auxílio a pessoas com necessidades especiais, prática de esportes, ornamentação, participação em torneios e exposições, conservação e realização de trabalhos especiais. As principais espécies envolvidas são cães, gatos, aves ornamentais, peixes ornamentais, pequenos mamíferos e répteis.
A ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) informou que em 2022, a população de animais de estimação no Brasil é de 167,6 milhões, tornando o país o 3° maior do mundo em população total de animais de estimação. Sendo cães (67,8 milhões) e gatos (33,6 milhões) a grande maioria. Uma pesquisa realizada pela COMAC (Comissão de Animais de Companhia) em 2022 aponta que 56% dos domicílios têm pelo menos um cão ou gato. Entre os entrevistados, 63% possuem cães e 54% possuem gatos. Domicílios com cães e sem gatos 46%, domicílios com gatos e sem cães 37%, e domicílios com cães e gatos 17%.
O estudo revelou que 30% dos pets foram adquiridos durante a pandemia de 2020. Desta porcentagem, 31% adquiriram ao menos um cão durante a pandemia e 50% dos respondentes adquiriram ao menos um gato durante a pandemia. Dos gatos adquiridos na pandemia, 76% foram adotados e apenas 5% foram comprados. Ainda que entre os cães a porcentagem de adotados seja menor (42%), também supera a porcentagem de compra (24%). As pessoas que moram sozinhas foram as que mais adquiriram cães na pandemia, 50%. Já dentre os que adquiriram gatos, o destaque são os casais sem filhos, 60%.
A pesquisa tambem aponta que entre os lares com cachorros como únicos animais de estimação, 21% são de casais sem filhos, 9% de pessoas morando sozinhas e 65% de casas com filhos. Outros 5% apresentam outras configurações. Das residências com gatos como únicos animais de estimação, 25% são de casais sem filhos, 17% de casas com pessoas morando sozinhas e 55% de casas com filhos. Outros 3% apresentam outras configurações. O perfil dos lares dos tutores é majoritariamente em casas, domicílios com apenas cães, 74% casa e 26% apartamento. Domicílios apenas com gatos, 72% casa e 28% apartamento. Domicílios com cães e gatos, 94% casa e 6% em apartamento. O crescimento acumulado 2021/2022 é cães 3,5%, Gatos 6%, Peixes 4%, Aves 1,5%, Répteis e Pequenos Mamíferos 3,8%.
Abertura de Empresas
O segmento pet vet (produtos veterinários) cresceu 16% em faturamento ao longo de 2023. Este dado mostra que apesar do pet food ser a maior parte do faturamento (56%), as pessoas estão procurando por maiores cuidados de saúde, higiene e bem-estar para seus animais de estimação, que são cada vez mais considerados como "membros das famílias". O mercado mundial de produtos para pet cresceu 3,2% em 2022 em relação ao ano anterior. O Brasil é o terceiro país em faturamento, representando 4,95% do mercado global, e atrás somente de EUA (43,7%) e China (8,7), sendo que a China até 2016 não figurava no Top 10. No Brasil atualmente existem 217.498 empresas voltadas para os pets. No ano de 2023 o setor contabilizou 38.774 novos CNPJs habilitados para atividades veterinárias, comercio varejista de animais, medicamentos veterinários, pet food e acessórios, e serviços de hospedagem e embelezamento.
Fonte: Receita Federal
Durante a pandemia da COVID-19, as empresas de cuidados com animais domésticos experimentaram um crescimento significativo devido ao aumento da adoção e compra de pets por parte das pessoas em busca de companhia durante o período de isolamento. Esse aumento na valorização dos cuidados com os animais de estimação tem impulsionado uma evolução nos serviços e espaços dedicados a eles. O faturamento cresceu 30,3% entre 2020 e 2023.
Com esse aumento surgiram diversas novas oportunidades de negócios voltadas para um cuidado mais humanizado, como refeições naturais, creches, lavanderias especializadas, spas, festas para pets, serviços funerários, planos de saúde, passeadores e babás de pets, além de versões pet friendly de alimentos. Em 2023, o crescimento por segmento foi significativo, com destaque para PET VET, com 16%, PET CARE com 15%, e PET FOOD com 10,6%.
Fonte: Receita Federal
Porte das Empresas
As micro e pequenas empresas são 98% do setor, e são os microempreendedores individuais os que mais movimentam a economia setorial, liderando 111.922 desses negócios. Os pequenos e médios pet shops, inclusive, totalizam 49% da receita do setor, contra 9% das grandes redes. Clínicas e hospitais veterinários detêm 18%.
Fonte: Receita Federal
Abertura por Porte
Um dos fatores para a alta concentração de MEIs neste segmento é o investimento médio na abertura de um pet shop que é baixo, em relação as grandes redes.
Fonte: Receita Federal
Perfil dos Empresários
Nos últimos 4 anos, houve um aumento significativo no número de novas empresas abertas, com destaque para a diversificação no empreendedorismo. A maioria dos novos empreendimentos foi iniciada por mulheres, mostrando uma crescente participação feminina no mercado empresarial. A abertura de empresas por homens e mulheres em conjunto também indica uma tendência de colaboração e diversidade nos negócios. Essa diversificação traz uma variedade de ideias e perspectivas, enriquecendo o cenário empresarial e impulsionando a inovação.
Fonte: Receita Federal
No setor pet, 40% das empresas possuem sócios, com 50,2% sendo homens e 49,8% mulheres. A idade média dos sócios é de 43 anos, refletindo uma participação equilibrada entre gêneros e uma faixa etária que sugere experiência e maturidade na gestão dos negócios.
Fonte: Receita Federal
Taxa de Mortalidade de Empresas
O Brasil é o 2° maior em produção de alimentos pet do mundo, e 60% do faturamento do setor provém do seguimento de pet foods, que são muito sensíveis à alta carga tributária. O Brasil tem a maior carga tributária, sendo de 51,20%, seguido de 18,5 da Europa e 7% dos EUA (maior mercado do mundo). Em todo território nacional os produtos pets ainda têm carga de tributos equiparável aos itens supérfluos, como cigarros e bebidas alcoólicas. Este é o principal gargalo que inibe o desenvolvimento do setor pet de forma sustentável. A taxa de mortalidade do setor pet nos últimos três anos foi de 36,89%, com uma idade média das empresas encerradas de 1,7 anos. Esses números refletem a dinâmica competitiva e os desafios enfrentados pelas empresas do setor.
Fonte: Receita Federal
Diante da inflação, os consumidores estão adaptando seus hábitos de compra para animais de estimação, seguindo uma tendência similar à de outras categorias, com foco no essencial e adiamento de itens não prioritários. Enquanto a demanda por rações e petiscos permanece estável, observa-se uma redução nas vendas de coleiras, guias, produtos de higiene, caminhas e brinquedos, mesmo com o aumento médio de preço desses produtos sendo menor do que o dos alimentos para animais de estimação. No setor de comércio, a taxa de mortalidade das empresas foi de 40,15%, enquanto no setor de serviços foi de 32,04%.
Maturidade
Apenas 2% desse mercado está nas mãos de grandes empresas. Os outros 98% são pequenos e médios negócios espalhados pelo Brasil. A idade média das empresas no setor pet no Brasil é de 5,6 anos, o que demonstra a estabilidade e consolidação desse mercado. Entre essas empresas, 3,1% são consideradas nascentes (abertas há menos de 3 meses), 45,4% estão em fase inicial (abertas de 3 meses até 3 anos e meio), 33,1% são empresas estabelecidas (abertas de 3 anos e meio até 9 anos) e 18,3% são classificadas como superestabelecidas (abertas há 10 anos ou mais).
Fonte: Receita Federal
Habitantes por Empresa
Nos estados como Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Distrito Federal, onde menos de 50% das empresas no segmento pet são consideradas estabelecidas, há um mercado em desenvolvimento e com espaço para crescimento, oferecendo uma oportunidade para empreendedores ingressarem nesse setor. Além disso, os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Maranhão e Alagoas também possuem o maior número de habitantes por empresa no segmento pet. No país, a média de habitantes por empresa no setor pet é de 932, enquanto nos estados citados esse número é superior a 1.600. Esses dados indicam uma possível oportunidade de mercado para novos empreendimentos no setor pet, especialmente nas regiões citadas anteriormente onde o número de habitantes por empresa está bem acima da média.
Fonte: Receita Federal
Emprego
Além do aumento do lucro, o setor pet apresentou um aumento significativo na oferta de empregos em 2023, com 4.405 vagas disponíveis e um total de 164.983 pessoas atualmente empregadas. Do total de empregos, 122.919 estão no comércio e 42.064 no setor de serviços.
Fonte: Receita Federal
As micro e pequenas empresas dominam o cenário de empregabilidade, respondendo por 93,5% do total de empregos, enquanto as médias e grandes empresas empregam 6,4% dos trabalhadores do segmento. No que diz respeito às contratações, 40,78% foram de homens e 59,22% de mulheres, evidenciando uma tendência de maior participação feminina na força de trabalho no segmento pet. Quanto à escolaridade, 71,13% dos trabalhadores possuem ensino médio completo, 6,56% têm ensino médio incompleto, 5,06% possuem ensino fundamental completo, 4,53% têm ensino superior incompleto e 8,99% possuem ensino superior completo.
Tendências e Inovações voltadas para os Pets
- Hotéis e pousadas petfriendly: Alguns restaurantes oferecem pratos exclusivos para pets, e hotéis e pousadas têm se adaptado para receber tanto os tutores quanto os animais. Essa tendência crescente mostra a importância de oferecer essa opção aos clientes que desejam viajar com seus animais de estimação.
- Condomínios Pet Place: A procura por condomínios que possuam espaços para brincar com seus pets de forma segura vem aumentando. Esses espaços não apenas atendem aos padrões de conforto dos animais, mas também proporcionam tranquilidade aos tutores, permitindo-lhes a comodidade de cuidar do bicho dentro do próprio condomínio, sem precisar, assim, buscar os serviços fora de casa.
- Pet play: É um ambiente, geralmente externo, que atende funções de socialização, exercícios e necessidades fisiológica.
- Pet care: É um espaço destinado ao cuidado com a higiene dos pets, como banho e tosa.
- Coworking com creche para pets: O empreendimento oferece uma creche com recreador e adestrador para os animais. Em outro pavimento, os tutores têm acesso a um espaço de trabalho compartilhado convencional, com salas executivas e sala de reunião.
- Pets com sobrenome do tutor: Os cartórios agora permitem que os pets tenham o sobrenome do tutor reconhecido em uma certidão chamada PetLegal. Esta certidão inclui informações como nome, raça, quadro de vacinas, alergias, características, foto e, se houver, informações sobre o microchip do animal. Essa certidão facilita a identificação em caso de fuga ou roubo do pet, e inclui a descrição do tutor do animal, o que pode facilitar eventuais disputas em casos de guarda do animal em uma separação do casal. O serviço está disponível em cartórios de Registro de Títulos e Documentos de diversas cidades, sendo necessário verificar a disponibilidade na sua cidade. O processo de obtenção da certidão dura cerca de 15 minutos.
- Tinder animal: O App Hyppet, foi criado em 2019 e funciona de forma semelhante ao Tinder. No aplicativo, estão cadastrados cães e gatos de ONGs, bem como os que vivem em lares temporários. Seus perfis contam com dados como foto e idade. Além de encontrar um animal, também é possível colocar um pet para adoção.
- Garupa Pet: O garupa, um aplicativo de transporte originário de Santa Maria, Rio Grande do Sul, é uma opção especializada no transporte de animais domésticos. O serviço já atendeu mais de 30 mil animais, incluindo cães e gatos. Todos os veículos que oferecem o Garupa Pet estão equipados com capas impermeáveis nos bancos, permitindo o transporte seguro de animais de pequeno e grande porte, com peso de até 10kg.
- Tv para cachorros e gatos: Nos EUA, TV para cachorros e gatos, como a Dog TV e a Cat Relax, já são uma realidade.
- Marmita Pet ração natural: A empresa, vende comida natural para cães e gatos. Com o acompanhamento de uma veterinária especializada em nutrição animal, e alimentos específicos para pets doentes ou com restrições alimentares. Algumas empresas também contam com uma linha de kits para festas com bolo e brigadeiro de batata-doce.
- Panificadora pet: É uma padaria e uma petiscaria com guloseimas voltadas para os pets. São sorvetes, cervejas, sucos, cookies, tiras de carne, bolos, muffins, brigadeiros, bombons e outros produtos que promovem o bem-estar dos pets.
- SciPet: Crowdpet é um aplicativo gratuito para Android que permite fotografar o animal e criar um perfil digital dele com os contatos dos tutores. Caso ele fuja e alguém o encontre, basta tirar uma foto. O sistema então combina reconhecimento facial e geolocalização para tentar identificar o pet. Ele também notifica quando há um animal perdido na região.
- Pet Trucks: Eles oferecem serviços de banho e tosa em uma van que vai até o cliente, e o serviço pode ser agendado por app.
- Crematório Pet: O local oferece serviços de cremação para animais de estimação falecidos. O processo envolve a preparação do animal, a cremação em forno especializado, a pulverização das cinzas e a entrega ao dono em uma urna escolhida. Esses estabelecimentos também podem oferecer serviços adicionais, como cerimônias de despedida. O objetivo é proporcionar um processo de despedida digno e respeitoso para os donos de animais de estimação.
Obrigada e até logo!