Uma Nova Cultura Para região da Catuquiriguaçu
Em 2005, Vilson Antonio Buskevicz era Secretário Municipal de Agricultura em Virmond, no Paraná. Naquele ano, o prefeito da cidade buscava uma nova alternativa de atividade para os agricultores. Uma delegação de potenciais produtores foi convidada para se reunir numa espécie de expedição em direção às criações. Saíram pela região em busca de caprinos de corte, mais especificamente, cabritos da raça Boer. Como houve muitos interessados, a prefeitura firmou uma parceria com o Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Naquela primeira turma, 27 futuros criadores fizeram o curso de capacitação e manejo na atividade. Era o início de uma nova era para o município de Virmond.
Ao final do curso, dez produtores ingressaram, de fato, na atividade. Entre eles, o Secretário Vilson Buskevicz. Juntos, o grupo reuniu 150 matrizes de cabritos. O próprio Vilson relata: “Fomos trabalhando pastagem, alimentação, treinamos produtores, adquirimos animais reprodutores. Procuramos o Sicredi, Cresol e Banco do Brasil”. Através destas instituições, construíram os apriscos – que são os galpões ou silos onde os animais ficam – cercas e pastagens Conseguiram financiar outra parte dos investimentos e compraram animais reprodutores.
O que, em 2005, começou como um plantel de 150 cabritos, atualmente está em 2200 matrizes, entre não somente caprinos, mas também ovinos. O Vilson calcula em torno de 1300 matrizes caprinas, além de 1200 matrizes de ovelhas sob os cuidados e atenção dos criadores de Virmond. Fundaram a Cooperativa de Criadores de Caprinos e Ovinos - Caprivir que, hoje, representa 65 produtores cooperados.
Em 2007, foi realizada uma reportagem pelo Globo Rural que mostrou o trabalho da Caprivir. A matéria colocou o município em um patamar ainda mais alto, a nível de reconhecimento nacional. Foi neste mesmo ano o lançamento do cabrito como prato típico do município, com direito a Jantar à Base de Carne de Caprino. O evento entrou para o calendário do município e acontece anualmente, sempre em maio, que é quando se comemora o aniversário da cidade. No cardápio, tomate recheado, torta, bolinho, cabrito atolado, arroz cabriteiro, buchada de bode, tudo preparado, naturalmente, com carne de cabrito. Ainda tem pernil, paleta, carré e costela assados, além da famosa Costela Recheada. Segundo o Vilson Buskevicz, que assumiu, novamente, a Secretaria Municipal de Agricultura, “Vem gente de todo território da Cantuquiriguaçu”, que são os 21 municípios que ficam à margem do rio Iguaçu.
Em Casa Com a Família Buskevicz
Os Buskevicz – Vilson, Andreia e as filhas, Eduarda e Emanuelly – moram numa propriedade de seis hectares. Ali criam ovinos e plantam milho e aveia para a silagem dos bichos. Cuidam de um total de 220 animais, sendo 150 matrizes. Elas são cobertas pelos reprodutores a partir dos oito meses. A fase de gestação dura cinco meses. Depois de serem paridos, os cordeiros ficam de quarenta a sessenta dias sendo amamentados quando, então, vão para o confinamento e alimentação especial até o abate. As matrizes voltam a campo, por quarenta a sessenta dias, até entrarem no cio e serem cobertas novamente. Bem cuidadas, chegam a dar cria ao longo de oito a dez anos.
Quanto ao Thiago Buskevicz, filho mais velho do Vilson e da Andreia, aos 23 anos é formado em veterinária e trabalha numa indústria de laticínios, no município de Candói. A Eduarda, com treze, quer ser arquiteta. A caçula, Emanuelly, tem dez anos, já se mete a tratar dos bichos e, decidida, quer ser veterinária.
Ovinos e Caprinos da Cantuquiriguaçu
Dois fatores fundamentais que estão por levar os ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu a serem considerados produtos de Indicação Geográfica, no Paraná, são manejo e alimentação. Na região se produz uma variedade grande de culturas, o que garante muita diversidade na alimentação dos bichos. Os cabritos e ovelhas também se adaptaram bem ao clima e ao solo. As matrizes se alimentam de pasto, enquanto os filhotes nascem e crescem confinados no aprisco, até irem para o abate, contando entre quatro e seis meses de vida. Estes animais jovens recebem alimentação no cocho. Comem silagem de milho, sorgo e aveia. Tudo é complementado com ração de milho moído, farelo de soja e núcleo, que são vitaminas que fazem o balanceamento da ração do animal. Tudo junto, garante marmoreio e maciez à carne, tanto dos caprinos, da raça Boer, quanto dos ovinos, da raça Dorper. Por natureza, são animais dóceis - de fácil adaptação e manejo – e precoces, ou seja, em pouco tempo produzem a carne ideal para o abate.
Indicação Geográfica
O processo para transformar os ovinos e caprinos da Catuquiriguaçu em uma indicação de procedência já finalizou e foi depositado no INPI.
Estão envolvidos: Sebrae, Caprivir, Prefeitura Municipal de Virmond e IDR