Com a aceleração digital que a pandemia da covid-19 nos impôs e o excesso de informação a que estamos expostos, temos a real sensação de que estamos perdendo algo importante e/ou que sempre nos falta tempo para acompanhar tudo.
Com a evidente pressa da rotina diária, a relação do ser humano com o tempo tem mudado muito, a tendência é aproveitar esse bem precioso, com atividades que agreguem valor à nossa existência, bem como das pessoas ao nosso redor. Qualificar o lazer tornou-se uma das prioridades contemporâneas.
O turismo tem uma relação próxima e direta com o tempo e, por sua vez, também sofreu grandes transformações. Nos anos 90 e início dos anos 2.000 as excursões express conhecidas como bate e volta eram um verdadeiro frisson, percorrendo longas distâncias com roteiros cheios de atividades, em um curto espaço de tempo. Hoje a preferência é ir mais devagar, optando por lugares mais próximos (se o tempo disponível for menor), fazendo menos atividades, porém mais envolventes e memoráveis.
Segundo Joana Dickinson (estudante de pós-graduação da EHL - École hôtelière de Lausanne, escola de gestão hoteleira na Suíça, considerada a melhor escola hoteleira do mundo) o Slow travel é uma tendência que veio para ficar, tornando-se mais popular e crescendo uma média de 10% ao ano em todo mundo.
O conceito de slow travel - viagem lenta, em inglês, remete ao turismo menos massivo e mais personalizado, onde conta mais a qualidade da experiência vivenciada no destino, do que o número de lugares e pontos turísticos visitados. Essa tendência não vem sozinha, no compasso de um mundo mais sustentável, o luxo materialista dá lugar ao pós-luxo que compreende um consumo consciente e focado no desejo de experiências que façam sentido, agreguem conhecimento e proporcionem momentos significativos de aprendizado e regeneração, em sintonia do homem com a natureza, seu primeiro lar.
Essa evolução requer uma postura empreendedora visionária e aberta, com propósitos claros, equilibrada, inspiradora, àquela que se importa com a história, a cultura e está engajada com o seu meio. Assim, será possível criar produtos turísticos consistentes onde o cliente possa gastar seu precioso tempo.