Vivo em uma cidade do interior do Mato Grosso do Sul, próximo às fronteiras com estado do Paraná e com o Paraguai. Me mudei para cá há mais de um ano por finalidades acadêmicas, estava concluindo o curso de medicina - coisa que ainda não cheguei a fazer -, na cidade paraguaia vizinha e devido à crise provocada pela pandemia do Covid-19, me vi obrigado a dar prioridade às atividades profissionais em lugar das acadêmicas.
Tenho uma família de 5 membros - 3 deles com menos de 9 anos - para conduzir e graças a Deus a minha esposa é uma mulher espetacular que sempre me deu o apoio e suporte necessário.
Antes de eu me aventurar na carreira médica no Paraguai, morávamos em Confresa-MT (1100 Km de Cuiabá) e trabalhávamos na Rádio FM da Associção Cultural Municipal. Pode-se dizer que atuávamos na área de Publicidade/Marketing da empresa, haja visto que, também, vendíamos anúncios e programas a serem reproduzidos na grade de programação da emissora.
Planejávamos, organizávamos e executávamos os eventos sociais que a Associação levava a cabo, e isso nos aproximou bastante do comércio local naquela ocasião. Pudemos ver bem de perto o impacto positivo que a comunidade comercial pode causar em certos problemas crônicos - como educação, lazer e cultura - que um município pode ter em relação a algumas garantias que ele 'supostamente' tem para com a sua população. Como eu disse, já se passaram 7 anos desde então.
Então, quando percebemos que a prioridade não seria mais, pelo menos, momentaneamente, os estudos mas sim, uma forma de garantir a nossa renda familiar. Decidimos tentar fazer o que já tínhamos feito antes, vender publicidade ao comércio local e tentar fazer algo de bom para nossa sociedade durante o processo.
Nossa primeira ideia que pareceu brilhante, diga-se de passagem, foi a de produzir um informativo semanal em tamanho A4 e em formato de folder de 2 dobras, o interior seria preenchido com notícias e informações pertinentes à realidade majoritariamente agrícola e comercial varejista da cidade. Não que tivesse sido uma ideia ruim, mas os custos com a impressão não permitiram que insistíssemos nela.
Foi um estalo que senti quando assisti um vídeo no YouTube sobre Marketing Digital, dizendo das oportunidades com a gestão de tráfego, estratégias de e-mail marketing, criação de sites, páginas e aplicativos. Por ter tido contato com computador desde a segunda metade da década de 90, sempre tive muita desenvoltura com este equipamento e boa parte do universo que paira ao redor dele. Lógico que não estou dizendo que sei de tudo - que idiota diria isso né? -, apenas que tenho uma facilidade muito grande em aprender certas coisas.
De Agosto 2020 até hoje - estamos no início de maio quando escrevo este depoimento-, eu já realizei o modesto número de 18 cursos de desenvolvimento pessoal para a área de Marketing Digital. Então decidi que já possuía uma quantidade de conhecimento que justificaria a tentativa de vender os meus serviços nesta área.
Fazem uns 35 dias, desde quando registramos nossa pessoa jurídica e começamos a andar pelas ruas da cidade que moramos oferecendo desde a criação e manutenção de páginas comerciais nas mídias sociais, ao desenvolvimento de APPs de controle de estoque, delivery, agendamento de atendimentos e consultas entre outros. E nosso número de vendas dentro da cidade ainda é zero.
Por sorte, através de mecanismos de impulsionamento consegui neste mesmo período 1 cliente de São Paulo e outro, acreditem se quiser, de Viana do castelo, uma cidadezinha no litoral de Portugal. Isso mesmo, fiz uma venda internacional antes de conseguir um cliente na cidade onde moro.
Hoje, 04/05/21 me encontrei com o proprietário da agência de turismo local e desabafei o quão difícil estava para mim, com 3 filhos pequenos e com uma perspectiva não muito agradável para o meu ramo de negócio. Ainda cheguei a associar o meu insucesso inicial com o fato de haverem outras duas empresas oferecendo serviços muito similares aos meus e de seus proprietários serem moradores locais, com uma visibilidade comercial muito maior do que a minha.
O empresário então me explicou que estas empresas não prestavam muitos serviços na cidade também, apenas de produção gráfica e arte final. Ele disse ter propriedade para me dizer aquilo pois era, até bem recentemente, o Presidente da Associação Comercial Municipal e que o motivo da recusa dos empreendedores locais em relação ao Marketing Digital residia principalmente nos preços praticados pelas agências.
Tivemos uma ótima conversa, mesmo que não tendo culminado em uma venda - como eu queria é claro-, eu sai com um belo orçamento para fazer e uma excelente ideia. Vou buscar a Associação, adquirir a membresia da minha empresa e prestar o serviço de gestão de tráfego e suporte técnico aos associados. Por um preço que podemos chamar de justo. Tanto terei a oportunidade de prestar os meus serviços, quanto os comerciantes terão condições de pagar por eles.
Alguns podem se opor e chamar isto de um ato que desvalorize a classe, eu respeito a opinião, mas acredito que se existe algo que jamais deve ser desrespeitado é a dignidade de um(a) chefe de família sustentar o seu lar.
Espero trazer um bom desfecho para esta história. Obrigado por sua atenção!