A inovação nas organizações, assim como no desenvolvimento associada aos territórios, possui uma multidimensionalidade que deve ser observada. Pode ser entendida como uma rota em busca da diferenciação e da competitividade das organizações.
Pode ser fechada, feita internamente ou aberta, buscando o aumento de competências e conhecimento necessários para ampliar a competitividade, não necessariamente em pesquisa e desenvolvimento (P&D), mas que tendem a prevalecer sobre o modelo fechado. Mas raramente tem-se a inovação linear quando a as atividade de P&D e Inovação (P,D&I) seguem em sequencia, entre outras possibilidades.
Independente disso, a inovação pode ser entendida como um processo e, de acordo com Peter Drucker, constitui-se como uma disciplina da Administração. Precisa ser gerenciada, medida, controlada a fim de se obter os melhores resultados, ou seja, que permitam a competitividade, considerando investimentos, processos, alocações de recursos e a conquista de mercado, cujo retorno operacional rentabilize os investimentos e permita resultados líquidos apropriados (em respeito a estratégias, objetivos e visão dos negócios).
Tanto que disciplinar o conceitual e operacionalmente a inovação, inclusive em termos de mensuração de resultados, onde houve a necessidade de homogeneização, que deu-se internacionalmente com destaque à contribuição da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE com a edição do Manual de Oslo (Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica, de 1990), o Manual de Frascati (Diretrizes para coletar e relatar dados na pesquisa e no desenvolvimento experimental, de 1963) e o Manual de Canberra (Mensuração de recursos humanos dedicados em ciência e tecnologia. 1995), que estabelece o tripé de referências clássicas universais para medir os insumos e os resultados econômicos, bem como os resultados tecnológicos de P,D&I.
Junto desses, existem normas técnicas, que apoiam o estabelecimento de padrões, como é o caso da ABNT NBR 16501 (Brasil), AENOR UNE 166001-166002 (Espanha) e ISO/IEC 33000.
Individualmente esses manuais e normas tratam de recortes específicos de todo o processo considerando, em especial, as atividades de P&D. Gerenciar as atividades de P,D&I nas organizações não era uma atividade trivial.
Havia um grande desafio técnico e multidisciplinar em integrar diferentes manuais e normas em duas vertentes: conquistar mercados cheios de incertezas e governar o processo, observando os riscos.
Nesse sentido surgiu o Modelo de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação - MGPDI*, observando as melhores referências e práticas internacionais.
Ele busca contribuir efetivamente para a promoção da inovação e melhorar continuamente os processos de gestão da P,D&I nas organizações. O Modelo foi proposto pela Associação Sul-riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software SOFTSUL, em 2008, com apoio de recursos da FINEP, incluindo aprendizado do Modelo de melhoria do processo de software (MPS.BR) e em consonância com a Lei de Inovação.
O MGPDI* contempla:
- Um modelo de referência baseada em manuais, autores e práticas internacionais (Manual de Oslo, Frascati, Inovação Aberta (Chesbrough), GoInnovate e TRIZ, entre outros). E em diretrizes de normas como ABNT NBR 16501, AENOR UNE 166001 e AENOR UNE 166002 para gestão da inovação;
- Um modelo de avaliação baseado na família de normas internacionais ISO/IEC 33000, ISO/IEC 15504, etc.;
- Um modelo de negócio, expressas em documento próprio.
Também considera a ISO 56002, Sistema de Gestão da Inovação, a mais nova norma contemplada na concepção do modelo.
No modelo existem três perfis de processo, equivalentes aos níveis de maturidade desses, em ordem crescente. Que são:
1) Processos executados;
2) Processos Gerenciados e ;
3) Processos definidos e institucionalizados.
Estão ao todo, são onze processos distribuídos nos três níveis, com um conjunto de três perfis com atributos de processos e todos eles estão organizados, cobrindo toda a amplitude da P,D&I nas organizações.
O Modelo também compõe-se de profissionais, implementadores, avaliadores, instrutores e habilitado. Existe uma Equipe Técnica responsável pela criação e melhoria contínua do Modelo de Referência, Modelo de Avaliação e guias específicas do MGPDI*, composta por profissionais experientes, além de um corpo voluntário de Senior Advisors para orientar e aconselhar a Equipe Técnica do Modelo e a Unidade Executora do Projeto.
O MGPDI* contribui para a gestão e, consequentemente, dos resultados de P,D&I das organizações, de forma integrada e observando as melhores práticas internacionais, observando os diferentes níveis de maturidade organizacional. O modelo prevê a implementação, a avaliação e acompanhamento, além da formação e certificação de consultores e implementadores oficiais.
Constitui-se em uma ferramenta relevante para definição, avaliação produtos e serviços inovadores cunhada no Brasil, adequada ao contexto das empresas nacionais, de forma pioneira a inovadora no mundo, contemplado tanto a entrega de profissionais especializados capazes de implantar o modelo e certificar empresas, quanto ao fato de ter as próprias empresas habilitadas e certificadas em melhores práticas.
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Texto referenciado:
WEBER, Kival; ANTONIONI, José Antonio; MELCHIONNA, Rosane; VILLALOBOS, María Teresa; DUARTE, Ana Marcia; HERBERT, Juliana; MACHADO, Cristina; PEREIRA, Radamés; SCHWENING, Cristiano. MGPDI*: modelo de gestión de la i+d+i en las organizaciones. 360: Revista de Ciencias de la Gestión, [s.l.], n. 2, p. 16-29, 2017. Sistema de Bibliotecas PUCP. http://dx.doi.org/10.18800/360gestion.201702.001.
* MGPDI é marca registrada no INPI pela SOFTSUL.