Questões ambientais têm cada vez mais ganhado importância no mundo dos negócios. É notório que esse é um assunto bastante presente na mídia e também nas conversas nos mais variados ambientes. O que antigamente era somente coisa de verdinhos hoje também, chama a atenção daqueles que se interessam pelas verdinhas e assim a sustentabilidade ambiental faz parte da agenda do mundo dos negócios.
Para um empreendimento do setor de alimentação, qualquer que seja ele, as questões ambientais têm várias faces e queremos nesse texto demonstrar a sua importância e também as suas oportunidades.
Em primeiro lugar temos que nos convencer que o planeta é este, que todos moramos aqui e daqui não tem escapatória. Por centenas de anos, o homem vem causando impactos na natureza - impacto zero não seria possível -, mas a partir do último século, alguns desses impactos começaram a dar indicação que o caminho não é bem por aí e que a humanidade precisa rever suas ações para não atingir uma situação irreversível.
Aquecimento global, descontrole do ritmo das chuvas, escassez de água são realidades já presentes e que são inegáveis. Todas elas impactam diretamente a cadeia de alimentos que tem forte dependência dos fenômenos climáticos.
No setor de alimentação, o primeiro aspecto que pode ser abordado é a geração de resíduo. Para a produção e o preparo dos alimentos que consumimos há uma série de insumos, dentre eles as matérias-primas que utilizamos. Mas também tem energia, água, embalagem etc.
Nesse sentido, a redução do desperdício é algo que tem importante impacto econômico nos negócios, já que o seu dinheiro está literalmente indo para o lixo. Nessa estratégia vale a pena pensar em melhor aproveitamento dos ingredientes, controle de refrigeradores para evitar perdas, higiene na manipulação evitando deterioração rápida e até mesmo, um eficiente sistema de pedido que evita que chegue até a mesa do consumidor um pedido errado - que vai pro lixo - ou que uma carga viaje dias e dias levando a mercadoria errada.
Além de todos os componentes que compõe o produto alimentício, falhas como essas consomem muita energia - elétrica, combustível etc. - que se perde e não é recuperada.
Um segundo tópico, considerando que no seu negócio são gerados resíduos mesmo que os minimizemos é o seu destino, correto!? Em algumas cidades já está formalizada a coleta seletiva, que separa os diferentes tipos de resíduos de acordo com a sua natureza. Dessa forma é possível fazer o encaminhamento de materiais que podem ser reciclados e por outro lado, dar um destino correto a rejeitos que podem oferecer risco a natureza e a saúde humana.
Adotar práticas dentro do seu negócio que colaboram para a coleta seletiva e reciclagem de materiais é a oportunidade de contribuir com o planeta mas, também pode ser fonte de renda e contribuir com ações de impacto social.
Grandes geradores de materiais orgânicos podem através de técnicas de compostagem produzir adubo orgânico de valor comercial ou então contribuir para que parcelas, menos favorecidas da sociedade, se dediquem a tais atividades. O mesmo com relação a materiais que podem reciclados. Em diferentes cidades existem cooperativas de catadores, com as quais as empresas podem fazer parceria, num exercício de cidadania e geração de renda.
Lixo virando negócio é mais dinheiro circulando e isso faz a roda girar.
Um terceiro aspecto a ser abordado se refere a questões legais. Existem legislações no Brasil que exigem que os empreendimentos do setor de alimentação adotem práticas, controles e medidas que visem a redução da produção de poluentes. E aqui é muito importante que o empreendedor esteja atento, pois como se tratam de legislações, temos também as sanções e multas.
No caso de quem está iniciando um novo negócio, é importante buscar ajuda profissional para que verifique quais adequações são necessárias. É muito comum, o empreendedor procurar o contador e a Vigilância Sanitária, mas as questões ambientais também devem ser tratadas, pra evitar muita dor de cabeça posteriormente.
Pra se ter uma ideia, o uso da água é regulamentado e no caso da necessidade de se furar um poço artesiano ou fazer a captação de um curso de água, tudo deve estar planejado e atendendo normas ambientais. Uso de recursos florestais como a lenha, seja em uma indústria para a secagem ou em uma pizzaria para aquecer o forno, precisa atender a questões de origem, pois não é permitido o uso de fontes não legalizadas.
Ao planejar o seu negócio, evite prejuízo pelo não atendimento a legislação ambiental, há casos, em que ruídos ou poluentes gerados acabam tendo severos impactos na vizinhança que ao invés de serem seus parceiros, estarão fazendo de tudo para ver o seu empreendimento bem longe dali.
O podcast Alimento é o meu negócio é um projeto gratuito promovido pelo Núcleo de Extensão Tecnológica em Alimentos (NExTAL) da UTFPR.
Recentemente trouxe essas e outas questões ambientais que devem ser de conhecimento do empreendedor do setor de alimentação. Acesse o podcast nas plataformas Radio Public, Google Podcast ou Spotify. Ou então entre em contato com o NExTAL através do e-mail nextal-ld@utfpr.edu.br.