A reforma tributária, aprovada em 2023, é um dos maiores marcos na história fiscal do Brasil. Ela promete simplificar um sistema cheio de regras complexas e burocráticas, trazendo um novo modelo de tributação sobre o consumo: o IVA Dual, formado pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).
Mas, apesar da importância e do impacto direto que essas mudanças terão na rotina das empresas, muitas ainda não começaram a se preparar — algumas estão nos primeiros passos e outras, simplesmente, seguem sem nenhum plano de adaptação.
Confira qual é o cenário atual, os riscos de adiar a adaptação e a importância de um planejamento estratégico para manter sua empresa em conformidade fiscal e conseguir transformar esse desafio em uma oportunidade.
Uma pesquisa recente da NTT Data, com a participação de mais de 1.600 gestores, mostra um cenário preocupante: grande parte das empresas brasileiras ainda não está preparada para as mudanças que a reforma tributária vai trazer.
O levantamento serve como um alerta claro para o mercado: é hora de agir e se planejar.
De acordo com o estudo, os números são os seguintes:
38% das empresas ainda estão tentando entender os impactos da reforma e quais setores devem ser analisados antes de iniciar mudanças.
20% já conhecem as alterações, mas ainda não tomaram nenhuma providência — estão apenas “pensando como implantar”.
24% já começaram a implementar ajustes para se adequar ao novo modelo.
18% estão nos primeiros passos de planejamento.
Somando os dois primeiros grupos, chegamos a 58% das empresas que ainda não deram passos concretos para a adaptação. Esse atraso pode sair caro no futuro — seja em custos adicionais, perda de competitividade ou até em problemas fiscais.
Um dos motivos que explicam a falta de ação de muitas empresas é a crença de que “ainda dá tempo”, já que os sistemas antigos continuarão funcionando por alguns anos. E é verdade: os dois modelos vão coexistir até 2033, em uma transição gradual.
Mas essa coexistência não deve ser encarada como uma folga. Pelo contrário: significa que, por um período, as empresas terão de lidar com dois sistemas ao mesmo tempo — o antigo e o novo. Isso aumenta a complexidade, eleva os custos e exige uma reorganização profunda na forma de lidar com a parte fiscal.
Embora a cobrança integral dos novos tributos só comece em 2027 e se intensifique a partir de 2029, a fase de testes já começa em 2026. Esse período de transição da reforma é essencial para ajustes em sistemas, revisão de processos e treinamento das equipes. Ignorar essa etapa é perder a chance de se preparar com calma — e acabar enfrentando riscos maiores e custos inesperados no futuro.
Ignorar ou adiar os ajustes para a reforma tributária pode custar caro. A falta de preparo não afeta apenas a conformidade legal, mas também a saúde financeira e a competitividade da empresa.
Como as empresas terão de lidar com dois sistemas ao mesmo tempo por alguns anos, durante a transição, isso significa mais processos internos, mais controles e, inevitavelmente, mais custos operacionais.
Sem planejamento, aumentam os riscos de erros na apuração e no recolhimento de impostos — o que pode resultar em multas, juros e retrabalhos desnecessários.
Tudo isso consome tempo e recursos que poderiam estar sendo usados para fazer o negócio crescer.
Quem se adaptar rápido à nova realidade terá vantagem: processos mais simples, redução de custos e até a possibilidade de oferecer preços mais competitivos.
Já quem atrasar a adaptação pode ficar para trás. A reforma prevê a não cumulatividade plena, permitindo que as empresas aproveitem créditos ao longo da cadeia produtiva. Sem preparo, sua empresa pode deixar esses créditos na mesa e perder a chance de reduzir a carga tributária ou otimizar operações.
Entre todos os perigos de não se preparar para a reforma tributária, o maior é ficar em desacordo com o Fisco. A legislação brasileira é rígida, e os erros custam caro.
Autuações e multas: falhas na apuração, na declaração ou no recolhimento dos novos tributos podem gerar multas pesadas e comprometer o caixa da empresa.
Insegurança jurídica: sem clareza sobre as novas regras, cresce o risco de interpretações equivocadas e de passivos tributários inesperados.
Fiscalizações mais severas: empresas que não se adaptarem tendem a ser mais visadas, gastando tempo e recursos em auditorias e defesas que poderiam ser evitadas.
Em outras palavras: não é só burocracia, ignorar a reforma tributária pode comprometer a sustentabilidade e o crescimento do seu negócio. Antecipar-se e planejar são os primeiros passos para transformar esse desafio em vantagem competitiva.
Diante dos riscos da inércia, antecipar-se não é apenas uma boa prática, é uma estratégia de sobrevivência e crescimento. Quem começa a se preparar agora para a reforma tributária garante uma transição mais tranquila, evita surpresas desagradáveis e pode transformar um desafio em vantagem competitiva.
O período de transição da reforma, que vai até 2033, não deve ser encarado como um convite para deixar tudo para depois. Pelo contrário: é uma janela de oportunidade para organizar a casa com calma, testar cenários e fortalecer a operação antes da obrigatoriedade.
Aproveitar esse tempo significa:
Testar novos modelos: simular os efeitos do IVA Dual nos custos, preços e margens da empresa.
Ajustar sistemas: atualizar os emissores de notas fiscais para que já estejam preparados quando as mudanças começarem a valer.
Capacitar equipes: treinar times contábeis, fiscais e financeiros para aplicar corretamente as novas regras no dia a dia.
Revisar contratos: ajustar cláusulas com fornecedores e clientes, levando em conta a nova dinâmica de créditos e débitos tributários.
As empresas que usarem esse período como laboratório estarão um passo à frente da concorrência, mais seguras diante das exigências do novo sistema e prontas para se adaptar a eventuais ajustes da regulamentação.
A reforma tributária não é apenas uma mudança de lei — é uma transformação que vai impactar todos os negócios no Brasil. Por isso, se preparar desde já é essencial para garantir competitividade e evitar riscos desnecessários. Nesse cenário, é fundamental entender os impactos da reforma e traçar um plano de adaptação.
Entre os pontos, estão:
Diagnóstico tributário: análise da situação fiscal da sua empresa e identificação dos pontos mais sensíveis às novas regras.
Simulação de cenários: projeção de custos, preços e margens considerando o IVA Dual (CBS e IBS).
Planejamento estratégico: revisão de processos internos, contratos e identificação de oportunidades de otimização.
Orientação sobre o Simples Nacional Híbrido: avaliação prática se a sua empresa deve adotar essa opção, considerando seu faturamento e perfil de clientes (B2B ou B2C).
A reforma tributária é uma realidade que exige atenção e preparação. Não se preparar significa correr riscos desnecessários e perder oportunidades valiosas.
Empresários, gestores e profissionais da área contábil e fiscal que desejam entender a reforma tributária devem agir o quanto antes para tomar as melhores decisões para o futuro dos seus negócios. Aproveite a oportunidade e prepare-se agora!