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A suspensão de aulas presenciais no sistema educacional, em decorrência de ações como a quarentena e o distanciamento social, visando limitar o convívio social de modo a parar ou controlar a propagação de contágio do corona vírus (Covid-19), trouxe a tona uma questão relevante que estava sendo adiada já há bastante tempo: a modernização do sistema de ensino.
Isso fará com que hoje mais do que nunca, a educação tenha que encontrar alternativas ao modelo tradicional de ensino, devendo acelerar de vez o processo de inovação nas escolas.
Um dos mais aclamados nomes da educação no Brasil, Paulo Freire defendia como principal objetivo da escola ensinar o aluno a 'ler o mundo' para poder transformá-lo. Passados quase 23 anos de sua morte, o ensino regular pouco se modernizou: o sistema tradicional de educação segue tendo o professor como a figura responsável por ensinar e passar o conteúdo aos alunos, que serão avaliados por meio de provas e trabalhos.
Os alunos da geração Z não se identificam mais com esse modelo tradicional de ensino, pois estão envolvidos cada vez mais e mais com recursos tecnológicos no seu dia a dia, deixando esse modelo ultrapassado desinteressante e desestimulante.
Atualmente as competências e habilidades mais procuradas nos profissionais, e porque não dizer nas pessoas de modo geral, inclusive nas crianças, são as soft skills - termo em inglês usado por profissionais de recursos humanos para definir habilidades comportamentais e competências subjetivas difíceis de avaliar, as quais raramente são exploradas no ensino convencional.
O projeto JEPP (Jovens Empreendedores Primeiros Passos) do SEBRAE é uma exceção a regra, possibilitando que a criança aprenda de forma lúdica e desenvolva habilidades e comportamentos empreendedores. A educação empreendedora proposta pelo SEBRAE para o Ensino Fundamental incentiva os alunos a buscar o autoconhecimento, novas aprendizagens, além do espírito de coletividade.
Mas no geral o ensino deve ser reinventado como um todo. O aluno precisa ser preparado para aprender a aprender, uma vez que o conhecimento está todo disponível e o estudante precisa ser estimulado a acessá-lo, através de pesquisas, análises e discussões, chegando a conclusões não definitivas, pois podem ser modificadas a qualquer tempo.
O ensino a distância, utilizando plataformas digitais na internet, apresenta-se como a alternativa mais plausível no atual contexto. O Conselho Nacional de Educação e os conselhos estaduais têm emitido notas nas quais regulamentam o ensino a distância nessa situação emergencial e adotar providências que minimizem as perdas dos alunos com a suspensão de atividades.
As instituições de ensino são orientadas a aproveitarem em ampla escala as ferramentas de tecnologia educacional, como por exemplo as plataformas e ambientes virtuais de ensino, para garantir os processos pedagógicos de aprendizagem. Os sistemas de ensino já estão produzindo videoaulas, transmissões ao vivo, exercícios online, entre outros mecanismos. Todo esse esforço se faz necessário para manter os estudantes em um ritmo de estudo, mesmo estando distantes do espaço físico da escola.
Além dessas, outras novas formas de pensar a educação têm tido destaque em escolas de rede pública e particular de ensino. O modelo tradicional está ganhando roupagem tecnológica dentro de algumas delas, sob a forma de lousas digitais, tablets, salas de informáticas com acesso à internet e aulas de robótica. Contudo, esses bravos esforços ainda são utilizados em pouquíssimas escolas, sobretudo na rede pública.
Porém, surge uma questão fundamental dessas novas experiências de aprendizagem: todos esses esforços de inovação tecnológica são realmente efetivos? Apesar de serem necessários mais estudos sobre o assunto, tudo indica que sim, que sem dúvida essa forma mais dinâmica e diversificada de ensinar traz melhores retornos no ciclo educacional. As mudanças na grade curricular das escolas que já estão se adaptando a essas novas experiências educacionais parecem estar fazendo a diferença. A média dessas escolas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que é o principal indicador para medir a qualidade do ciclo básico do ensino brasileiro, superou a média nacional.
Existem inúmeros desafios para implantar, ainda que de forma temporária, recursos inovadores nas escolas, sobretudo a educação à distância na educação básica no país. A realidade apresenta alunos e famílias que não conseguem utilizar plataformas online de ensino, além de professores sem preparo que carecem de formação técnica para direcionar processos de aprendizagem em ambientes virtuais. Esses desafios são ampliados quando levamos em conta a rede pública, em que estudam mais de 80% dos brasileiros em idade escolar.
Outro ponto central é o acesso a computadores. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 58% dos domicílios no país não têm acesso a computadores e 33% não dispõem de internet. Dessa forma, levar à frente as soluções de educação à distância se tornam complicadas principalmente para os grupos sociais mais carentes.
Enormes são os desafios, porém uma coisa é certa: os profissionais da educação não sairão desse conturbado período da mesma forma que entraram.
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