Do Aviário ao Apiário
O casal Cladir Ines Debald e Irio Rodrigues da Silva abriu um aviário em 2002, no sítio deles, na localidade de Diplomata. Os frangos criados por eles iam para o abate por um grande abatedouro da região. “Tínhamos, também, uma roça com umas vaquinhas de leite”, relembra ela. Dez anos se passaram e, em 2012, foram obrigados a fechar o aviário por falta de retorno financeiro. “O abatedouro não nos pagava”, contou a Cladir.
Os dois filhos mais velhos, Djuliana e Luis Eduardo, à época com vinte e dezessete anos, respectivamente, estudavam em Capanema. Quando abandonaram o trabalho pesado do aviário, o Irio estava com problema no braço, a Cladir com as costas comprometidas. Era hora de abandonar o peso da lida no sítio. Para encurtar as idas e vindas dos meninos para a escola, mudaram-se para Capanema, mantendo alguma cultura no sítio, para onde iam de moto. Quando Djuliana reclamou, para a mãe, que a família ficava muito dentro de casa, resolveram migrar de cultura. A Cladir, o Irio e Djuliana, juntos, fabricaram 54 caixas de abelhas que foram colocando em dois lugares diferentes: no sítio e à beira do Parque Iguaçu. Começaram a criar as abelhas africanizadas.
A Vida Entre as Abelhas
Passaram a intensificar a atividade e a Cladir se anima ao falar, com amor, sobre a rotina desde então: “Tem dias que tem que colocar as melgueiras e retirar os favos. A gente tira os caixilhos de cera pelo menos uma vez por ano porque, quando está muito velho, as abelhas ficam pequenas e agressivas. É lindo de ver quando elas colocam cria nova.” Como atividade complementar, o casal cultiva flores e plantas para as abelhas.
Recentemente, perderam quinze caixas perto do rio Santo Antonio, por conta de um alagamento. Mesmo assim, cresceram consideravelmente. Eles cuidam de, aproximadamente, 120 caixas. O uso de agrotóxicos nos arredores causa problemas com envenenamento “porque as abelhas vão até as lavouras colher o pólen. Chegamos a perder colmeias inteiras”, lamenta a Cladir.
A maior parte das vendas é feita durante o inverno e eles chegam a colher cerca de 2000 kg de mel por ano. Em 2020, conseguiram o SIM e, desde então, vendem para mercados, padarias, entre outros negócios.
O Espaço Mel e a APIC
Quando sentiram que precisavam, procuraram o prefeito e pediram um espaço para melar as abelhas. A solução surgiu em forma de uma escola municipal desativada. Eles reformaram toda a casa e, de contrapartida, ganharam equipamentos como a centrífuga, percoladora, entre outros. A antiga escola, reformada, foi transformada no Espaço do Mel, inaugurado em 2018. Surgiu a APIC – Associação dos Apicultores de Capanema. É ali que um grupo de 34 apicultores se reúne e mobiliza. Atualmente, estão tentando obter o CIF e um espaço para fazer o envase que é realizado na Coofamel, em Santa Helena, a mais de duzentos km de Capanema. Além disso, estão sempre captando recursos e meios para uma melhor formação e produção. “O técnico do Sebrae vem dar as orientações”, conta Cladir. “Ele dá acompanhamento para os apiários”. Atualmente, estão produzindo rainhas novas na estufa da faculdade de Dois Vizinhos. Também arrecadam doações que são direcionadas para pesquisas de melhoramento genético. Para isso, contam com o apoio da Cresol Cooperativa de Crédito.
Mel de Capanema
Mais claro e viscoso, o Mel de Capanema tem um sabor diferente dos outros meles. Ele é mais natural e suave. A abelha precisa de muita água boa e abundância de mata nativa, tudo muito presente na região do rio e do Parque Iguaçu. O calor excessivo é prejudicial para as abelhas africanizadas, podendo matá-las. Sem abelhas, não há polinização. Sem polinização, a natureza deixa de existir.
Indicação Geográfica
O processo para que o Mel de Capanema se torne indicação geográfica foi dado entrada no INPI.
Participam o Sebrae, Prefeitura Municipal e Cresol.