Caros Empreendedores de todas as áreas e setores!
Dentre tantos temas sendo discutidos nas lives e congressos virtuais nas últimas semanas, o que me chamou atenção ainda mais, foi um dos assuntos mais abordados por mestres da gestão, escritores e CEOs inovadores, como uma necessidade premente da sociedade de modo geral, em dar foco para as inovações que demonstram a tecnologia diferenciada usando uma abordagem mais humanizada e aumentando os benefícios às pessoas.
Quero aprofundar um pouco mais essa abordagem. As criações precisam estar mais alinhadas à uma era em que vivemos de distanciamento, porém com uma demanda ainda maior de aproximação das pessoas com os produtos e serviços oferecidos, a experienciação humanizada desta relação produto/pessoa. Outro ponto é, quanto aumentou essa atenção especial as necessidades relacionais das pessoas dentro das organizações. A maneira como as empresas se relacionavam com seus colaboradores e stakeholders e hoje, a grande demanda é de que, seja ainda mais humanizada essa relação, mais acolhedora e com atenção ao bem estar de todos.
Mas, porque tudo isso?
O que mudou foi o sentir, o estado emocional e comportamental das pessoas. Mudou a maneira como as pessoas sentem as relações e como elas querem ser tratadas, depois deste período de isolamento (já somamos mais de 5 meses). Independentemente de que parte do planeta vivemos e qual nossa cultura, desejamos relações mais humanizadas, mais afetuosas, pois a natureza humana pede que voltemos as nossas necessidades mais básicas para nos saciar e nos reinventar na maneira de viver daqui pra frente.
Nossa que louca reflexão! É para provocar nosso leitor à um pensar disruptivamente e fora da caixa, como falamos; pois é assim que as empresas inovadoras estão caminhando para se reinventarem e inovarem em todas as suas áreas. É pensar antes nas pessoas e depois nos processos. Se as pessoas abraçam a causa, as mudanças dos processos ocorrem mais rapidamente.
Os movimentos do empreendedorismo consciente, da gestão sustentável e de empresas humanizadas, já defendem este propósito para a inovação há mais tempo, e hoje ainda mais força tomam esses conceitos para a gestão da inovação nas organizações.
Vejam este exemplo - Colocando o propósito na prática
Gilles Coccoli CEO da Endered América (Tick Restaurante) em uma live da Forbes (14/08/20) sobre o Futuro da Inovação e da Criatividade nas Organizações, traz além da sua defesa, a sua prática da inovação mais humanizada possível em todas as suas empresas, presente em vários países. Conforme Gilles, Criamos muitos programas nesse momento com o propósito de ajudar as pessoas e um deles foi, oferecer exames médicos gratuitos em postos de gasolina aos caminhoneiros no período da pandemia, cestas digitais aos colaboradores para ajudar no período de dificuldades do isolamento e muitas outras ações foram criadas, pois nossa cultura já queria isso - ajudar mais as pessoas. Vivemos um momento muito bacana no meio das dificuldades que se apresentam da pandemia, momento da aceleração do comportamento da sociedade, aumento da capacidade das pessoas e das organizações em pensar na inovação de forma diferente, mas humanizada. Quem não se engajou ainda na inovação, vai precisar se atentar rapidamente à isso, pois ficou mais urgente acionar o eco sistema de inovação em qualquer formato de organização, com um jeito diferente.
Com essa argumentação, percebemos claramente uma grande mudança na estratégia de muitas empresas globais desde o início da pandemia, pois houve um momento onde as emoções de toda a humanidade foram abaladas e, rapidamente algumas empresas perceberam isso, e já incluíram na sua estratégia de comunicação, marketing e serviços, um jeito mais amoroso de tratar o cliente, inclusive colocando à disposição de governos, hospitais, a sua estrutura para ajudar nas situações emergenciais. Já era um começo.
E na criatividade para inovar, o que podemos perceber de mudanças?
Segundo Gilles, Outro fator muito importante para nos atentarmos dentro de qualquer método de inovar, é a diversidade, pois ela traz a diferença na capacidade de criar, com pontos de vista diferente e isso deve ter uma atenção das empresas. Nas áreas de desenvolvimento de produto, eu gostaria de ter gente que não tem nada a ver com o nosso negócio. Por exemplo, músicos, cantores; pois a diversidade reforça e enfoca o papel do ser humano. Estamos falando de seres humanos, e todas as invenções disruptivas vão acontecer por este viés. E qual será o papel do ser humano nas organizações? Vejo um papel ainda mais necessário, pois as máquinas nunca terão a sensibilidade do ser humano. A empatia do ser humano, nenhuma máquina fará isso. É preciso trabalhar as inovações, extraindo as melhores características do ser humano. Isso se torna um diferencial à qualquer colaborador das organizações e esse será o diferencial de cada empresa para inovar, sua capacidade humana de criar.
Percebo que empresas mais humanizadas, é o que a sociedade pede para diminuir as diferenças sociais, outro indicador que se acentuou em decorrência da pandemia, e o ganho delas será a longevidade dos negócios que conquistarão melhor performance com isso. Quem tiver interessado em inovar e desenvolver as pessoas, terá melhor resultado na sua organização.
Nosso país é uma nação com forte característica cultural para a criatividade, também percebida por outros países. Se este fator for levado em conta, somando à promoção de um ambiente das organizações mais acolhedor aos colaboradores, o impacto será uma melhora significativa na criatividade para inovações de produtos e serviços melhores à sociedade, assim como, uma vantagem competitiva no resto do mundo dos negócios impactando num futuro promissor das organizações brasileiras.
E por onde podemos começar para inovar de forma mais humanizada?
Estudar o assunto, é um excelente começo. E devemos ler um pouco de bibliografia que abordam esse tema com muita propriedade e prática. Cito aqui uma bibliografia muito apropriada, além de uma leitura muito agradável, o Livro Empresas Humanizadas - David B. Wolfe, Jag Sheth, e outros.
Para os autores do livro, este conceito é um eco num momento especial, onde O mundo dos negócios está experimentando amplas mudanças na compreensão de seus propósitos fundamentais e em como as empresas devem operar. [] Líderes desse novo contexto são campeões de uma nova e humanista visão do papel do capitalismo na sociedade. É uma visão que transcende as perspectivas mais estreitas da maior parte das empresas do passado, emergindo para alcançar o bem-estar comum.
Segundo ponto, é pensar que a liderança que direciona o propósito da inovação e da empresa, precisa desenvolver esse olhar. Então, desenvolver uma liderança humanizada, é fundamental. A matéria de Luah Galvão e Danilo España da Exame de 03/03/2020 (https://exame.com/blog/o-que-te-motiva/as-11-caracteristicas-das-empresas-humanizadas/), cita as 11 características das empresas humanizadas do livro Empresas Humanizadas:
- Possuem um propósito de existência que vai além do aspecto financeiro.
- Alinham harmoniosamente os interesses de todos os stakeholders.
- Possuem um menor gap salarial entre os cargos de liderança e as demais funções.
- Remuneram melhor seus colaboradores e dão mais benefícios em comparação com empresas da mesma categoria.
- Investem consideravelmente em treinamento de colaboradores.
- Possuem uma baixa rotatividade de colaboradores em relação ao segmento em que estão inseridas.
- Investem menos que as concorrentes em marketing
- Veem fornecedores como parceiros e colaboram com o seu progresso.
- Consideram que sua cultura corporativa é seu maior patrimônio.
- São inovadoras, em geral quebram convenções dentro das suas indústrias.
- Adaptam-se mais rapidamente aos cenários aos quais estão expostas e são mais resistentes a pressões de curto prazo.
É rentável ter inovações e empresa humanizada?
Todos nós sabemos que se uma empresa mais humanizada traz melhor performance de resultados, traz melhores lucros e torna a empresa mais longínqua. Porém, o gráfico a seguir, desenvolvido pelos autores do livro mostra a evolução do faturamento das Empresas Humanizadas em comparação com as empresas eleitas pelo Índice S&P 500 (índice que aponta as 500 melhores empresas para investidores no mercado de ações). Na tabela comparamos a lucratividade ao longo do tempo, e assim fica clara a excelente rentabilidade das empresas que focam sua gestão em um aspecto mais humano do que estritamente financeiro.
(Tabela retirada do Livro Empresas Humanizadas/site Exame)
Que reconhecimento existe à essas empresas?
Em março de 2019, ocorreu a premiação das 22 Empresas mais humanizadas no Brasil, evento idealizado por Pedro Paro (fundador da startup Trustin e doutorando da USP) e o resultado foi divulgado durante o Capitalismo Consciente Latin-American Conference 2019 em São Paulo. O estudo foi baseado em três critérios: geração de valor financeiro, sustentabilidade e bem-estar social. No total, foram analisadas durante dois anos 1.115 companhias, considerando 900 mil avaliações de consumidores, 136 mil avaliações de colaboradores e mais de 2.436 stakeholders.
E por fim, mais uma leitura que fomenta, o que as empresas estão fazendo. Na matéria da Revista Melhor em Gestão de Pessoas sobre, Cultura Organizacional e as mudanças irreversíveis pós pandemia - https://revistamelhor.com.br/cultura-organizacional-e-as-mudancas-irreversiveis-pos-pandemia/, vemos que 47% das organizações pretendem encorajar mais a abertura, transparência e frequência na comunicação com seus colaboradores. Ou seja, já sabemos que essa tendência, já é a realidade daqui pra frente nas empresas.
CONVITE AO LEITOR
A sua empresa é humanizada? Seus produtos e serviços, consideram a humanização como fator essencial?
Então, indico a começar seus estudos e práticas, e venha nos contar aqui na Comunidade Ambientes de Inovação, que ações construíram e que resultado atingiram as suas inovações humanizadas.
Sucesso e conte com as soluções do Sebrae para inovar ainda mais!
Irene Hoffelder Vioti - Consultora, palestrante e escritora nas áreas: Estratégia empresarial, sustentabilidade, inovação e storytelling empresarial.