Com a implementação da metodologia dos Destinos Turísticos Inteligentes, a necessidade dos dados para a gestão do turismo ficou ainda mais evidente. No contexto geral, a obtenção de algumas informações ainda é um desafio em alguns destinos. Informações sobre o impacto econômico do turismo local ainda são dados complexos, dependendo do contexto, sistema e quantidade de informações que os destinos possuem em seus bancos de dados. Neste caso, por exemplo, leva em consideração o faturamento declarado das empresas que têm CNAES “turísticos”, como empreendimentos de hospedagem, gastronomia, parques de diversões, agências de viagem, espaços e empresas voltadas à eventos, transportadoras, guias de turismo entre tantos outros. Entretanto, compreender qual o faturamento total ainda é um grande desafio, uma vez que os municípios possuem somente os dados de empresas que contribuem com o ISS municipal, caso dos meios de hospedagem, agências de turismo, guias de turismo, parques de diversão e organizadoras de eventos. Porém, tem-se o caso das empresas voltadas à gastronomia (restaurantes, bares, lanchonetes), que, como não contribuem para o ISS local, e sim para o ICMS estadual, acabam não repassando as informações sobre o faturamento para as prefeituras municipais. Este dado está sob a tutela da Secretaria da Fazenda estadual, e normalmente não é de fácil acesso, dificultando a compreensão do faturamento total de todas as empresas diretamente relacionadas ao turismo. Um exemplo dessa discrepância ocorreu na aplicação da metodologia DTI em São José dos Pinhais. O destino possui mais de 2000 empresas do segmento de alimentação das quais não é possível medir o faturamento total. Considerando somente as empresas que contribuem para o ISS, o faturamento anual chega a aproximadamente R$ 80 milhões de reais. Porém, o impacto real é potencialmente maior caso as informações das empresas de gastronomia pudessem ser acessadas. Como forma de buscar mais informações, a Câmara Técnica de Turismo Inteligente de São José dos Pinhais, governança da estratégia DTI local, está construindo um instrumento legal em parceria com o poder público municipal para sanar a falta de informações. Utilizando como base o chamado “Alvará Turístico” de Bento Gonçalves/RS e Caxias do Sul, um projeto de lei está sendo criado para possibilitar a obtenção de informações do trade turístico local. A proposta cria um mecanismo legal para o município obter dados de faturamento, movimento de turistas, serviços prestados entre outras informações de empresas credenciadas, e em contrapartida, possibilita que o destino promova de maneira legal essas empresas em sites oficiais, eventos, folheteria e outras formas de promoção do turismo local. A proposta está em tramitação e em breve será enviado ao legislativo municipal para análise das comissões pertinentes, para em seguida, ser promulgada a lei. Essa ação surgiu como resposta ao diagnóstico do Destino Turístico Inteligente, que apontou a necessidade de melhorar a obtenção de dados turísticos para gestão do turismo municipal. Um elemento importante é que os dados terão como guardiões a secretaria de turismo local e a governança do DTI, assim possibilitando uma colaboração mais afinada na gestão do turismo local.