Era uma vez, uma escola municipal localizada na zona rural, com salas multisseriadas e carteiras bem surradas, nos dias de muita chuva a escola não funcionava, porque os alunos em casa ficavam, era uma escola muito engraçada não tinha computadores e nem ar-condicionado.
Na hora do recreio era uma festa, todos corriam em direção a cozinha para se servirem do lanche da tia: arroz, feijão e carne. Depois saiam para brincar e todos suados voltavam para a classe estudar.
Mas o que tornava essa escola mais especial eram as pessoas que lá trabalhavam, professores que dentro das limitações de recursos suas aulas planejavam, sucata virava materiais de aulas e as pedras em bonecos com olhos se transformavam.
A pedagogia da presença se fazia presente durante a confecção de um tapete de retalhos, muitas histórias, segredos e confissões ali foram depositadas e nesse ambiente, confiança e segurança o professor conquistava, a partir dali o espaço para desenvolver e potencializar comportamentos se instalava.
Depois o professor, querendo expandir o conhecimento dos alunos sobre as possibilidades, uma atividade simples aplicava, onde o mais importante era deixá-los colocarem a mão na massa... o professor sabia que as oficinas eram o meio ideal para desenvolver comportamentos e habilidades.
E aos poucos, em cada atividade, quanto mais o professor saía de cena mais o aluno entrava, demonstrando iniciativa, autoconfiança, independência e comprometimento, tornando-se cada vez mais o protagonista de sua história.
Nessa escola não se falava em problemas, falava-se em possibilidades e oportunidades, e elas eram tantas que até os pais ajudaram, pintaram a escola, arrumaram as cercas, construíram uma horta e arrumaram as carteiras. De repente essa ação, como num efeito dominó, foi tomando conta da comunidade e era visível a mudança nas casas, nos muros, no quintal e nas praças.
E quando tudo parecia caminhar bem, essa escola teve que se enquadrar num novo método de ensinar, o Covid19 desestruturou as velhas estruturas e os professores tiveram que se reinventar.
De uma hora pra outra a regra era a distância ensinar e novos desafios tiveram que enfrentar: pois a escola, as ferramentas necessárias não tinha para disponibilizar e outra preocupação parou no ar: Como manter os alunos conectados e comprometidos a estudar?
Mas o professor é um sujeito que não se entrega, não desiste, e mesmo não tendo habilidades com as tecnologias, gravou aulas de histórias, matemática, ciência entre outras estratégias implementou.
E de repente os alunos começam a interagir com os professores postando os resultados das atividades que o professor encaminhou e os pais, mais presentes na educação dos filhos, desse momento participou.
O que levou a tornar essa escola diferente? Foi o professor facilitador que por amor se desafiou e novas formas de ensinar implementou. No início ele mesmo não acreditava mas seu amor e comprometimento pelo ensino fez suas barreiras derrubar e viu muitos alunos abrirem asas e voar.
Esse professor vai continuar na escola pois sua missão é ensinar, instigar, desafiar e potencializar outros alunos a também voarem. Um dia esses alunos vão afirmar que o seu futuro mudou quando em seu caminho esse professor cruzou.
Olga Tschá, Mestre em Economia Regional, Consultora, facilitadora e palestrante nas áreas: Gestão Estratégica, Empreendedorismo e Educação Empreendedora.