O Governo Federal lançou o E Consignado, também conhecido como Crédito do Trabalhador. Uma plataforma digital que permite a trabalhadores com carteira assinada, inclusive domésticos e rurais, acessarem empréstimos com desconto direto no salário, por meio da Carteira de Trabalho Digital.
A promessa é boa: taxas mais baixas, portabilidade, consolidação de dívidas e processo simplificado. Mas o que muita gente ainda não entendeu é que esse crédito tem desconto automático todo mês e que, em caso de demissão, a dívida não desaparece. Ela continua, e pode até virar um problema maior!
Você autoriza os bancos a acessarem seus dados do eSocial. Eles verificam seu salário e quanto da sua renda pode ser comprometida. Em seguida, enviam propostas. A contratação é feita toda pelo aplicativo, com parcelas descontadas direto na folha de pagamento.
O valor nem chega a cair na sua conta - você contrata hoje e já começa o mês seguinte com a parcela saindo do salário bruto.
A margem de comprometimento é de até 35% da renda mensal. Mas atenção: se você tiver outros descontos, como pensão ou plano de saúde, pode acabar com o bolso mais apertado do que imagina.
É aqui que muita gente se surpreende.
Ao ser desligado da empresa:
O desconto em folha é encerrado
O banco retém parte da sua multa rescisória do FGTS (os 40%) para abater a dívida
Se a dívida for maior do que o valor descontado (e geralmente é), você continua devendo a diferença
Essa cobrança passa a ser feita por boleto ou débito direto
Se você não pagar, o banco pode aplicar juros, multa e negativar seu nome
Em alguns contratos, o banco pode até exigir o pagamento total da dívida de forma antecipada. Ou seja, você perde o emprego e ainda recebe uma cobrança cheia.
Muita gente encara o consignado como se fosse um reforço na renda. Mas o que ele realmente faz é antecipar um valor agora, comprometendo o seu salário no futuro. Isso pode até funcionar em situações específicas, como:
Trocar uma dívida com juros altos por outra mais barata
Pagar uma emergência real, planejando a quitação
Consolidar várias dívidas em uma só, com controle
Mas se você já vive no limite, sem reserva financeira e sem segurança no emprego, esse crédito pode virar um buraco difícil de sair.
Esse valor é realmente necessário agora?
Tenho estabilidade de renda para segurar esse compromisso?
Se eu perder o emprego, consigo continuar pagando?
Já usei minha margem de forma responsável ou estou só empurrando o problema?
Educação financeira é isso. Pensar antes. Planejar. E não cair na ilusão do crédito fácil.
Use crédito como ponte. Não como atalho. E muito menos como muleta para decisões arriscadas no seu negócio!