O planejamento é uma proposta concreta, permeada, construída e melhorada, que ocorre na vivência das ações diárias do docente e na avaliação, a certeza do processo de ação-reflexão-ação é essencial para concretização do processo de planejamento, assim alguns pontos em comum entre a avaliação e o planejamento podem ser traçados:
a) todo planejamento possui teoria. A teoria não é neutra, como a avaliação também não o é, pois busca a transformação e mostra-se de suma importância em uma sociedade que passa por mudanças rápidas, instabilidades e crises. Portanto, a avaliação deve ser a expressão do sistema de valores aceito para melhor expressar os resultados que darão rumo ao planejamento. Assim, avaliar é descobrir o valor, é possuir uma concepção valorativa. Quando dizemos que avaliar tem o papel de consolidar valores, estamos negamos a neutralidade do instrumento do processo de avaliação para admitir que eles sejam resultados de um entendimento carregado de valores, sejam eles científico-técnicos, didático-pedagógicos, atitudinais, éticos, políticos, ou outro.
b) a ação de planejar exige adotar uma decisão, começando pelas prioridades. A avaliação é processo-chave para determinar que rumos que se quer seguir para alcançar a melhoria nos processos das organizações.
c) o planejamento é um processo, pois exige uma ação contínua e globalizante. Na avaliação não se pode ter uma opinião única, pois deverá contempla múltiplos olhares e deve ser aplicada e analisada em diversos momentos ex-ante, intermediárias e ex-post.
d) todo planejamento gera ação, pois transforma a realidade. Sem avaliação não existe processo de planejamento.
Planejar faz parte das rotinas diárias, devendo superar a obrigação, a rotina burocrática e é um momento de troca, de construção, de visão de futuro.
Segundo Dalmás (1994) o planejamento ideal é aquele que envolve as pessoas como sujeitos a partir de sua elaboração, e com presença constante na execução e avaliação, não apenas como indivíduos, mas sujeitos de um processo que envolve como grupo, visando ao desenvolvimento individual e comunitário.
O homem é visto como ser social envolto em realizações pessoais e que, na convivência e participação comunitária, desenvolve a ação das suas vivências, experiências, consciência crítica da realidade, obtendo coerência e eficácia no processo de ação/reflexão/ação do planejamento.
É preciso juntar objetividade e sonho para poder ver o trabalho como ele é hoje, mas que pertence ao futuro. Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar. Freire (1996). Sonhar, aqui, se destaca no planejamento participativo como a utopia do que se quer alcançar, bem como no diagnóstico, quando se analisa a distância para alcançar esse objetivo, ou seja, preparação, avaliação e efetivação. Sonhar é o primeiro passo para empreender, mas não podemos nos limitar a ele, devemos a partir dele planejar e desenvolver metas para alcançar o tão esperado sonho.
A ousadia de aceitar não ser uma ação perfeita, de acreditar que pode melhorar e se adequar, de analisar suas potencialidades e suas deficiências e permitir, nas práticas, que esses itens sejam direcionados para um futuro melhor, entender que a utopia cabe nessa ação e que esse é o meio para se deixar de ser utópico.
Não há receitas prontas, mas há aspectos importantes que não podem ser deixados de lado nesse processo coletivo, discente e docente. Ter clareza de onde se quer chegar (metas), conhecer a instituição (alunos, comunidade, recursos internos e externos, corpo administrativo, estrutura física, etc.); decidir e preparar ações que serão executadas com acompanhamento e avaliação constantes por meio de planos de ação e ainda, utilizar características do comportamento empreendedor para nortear, tais como: iniciativa, persuasão, rede de contatos, busca de informações, autoconfiança entre outras.
A equipe - estudante e professores - viverão o planejamento que estará voltado para o funcionamento dos setores de interesse mutuo as atividades que cada um desenvolve as relações internas e externas, as atividades dos alunos, entre outros fatores, ou seja, todos estarão pensando, em grupo, em uma maneira de operacionalizar as metas pré estabelecidas, tendo a aquisição do conhecimento como pano de fundo. O acompanhamento por meio da avaliação processual, enquanto crítica do percurso visa à melhoria do processo formativo e consolidação da identidade.
O processo de avaliação é fundamental quando se visa alterar a realidade existente, quando se quer transformar. A avaliação fornecerá informações relevantes sobre a sua estrutura e funcionamento e leva a um projeto possível. Tudo isso significa que para compreender o sentido do planejamento será necessário ter em mente uma teoria da ação humana que articule a reflexão e a ação, a teoria e a prática, o trabalho material e o político, o econômico e o cultural, e assim por diante.
Rabelo (1998) diz que uma avaliação só é produtivamente possível se realizada como um dos elementos de um processo de ensino e de aprendizagem, que estejam claramente definidos.
É necessário analisar a avaliação de maneira interligada com os demais elementos que compõe o planejamento pedagógico, por se tratar de um tema avaliação nada imparcial, por traduzir uma concepção de mundo, de sociedade e de indivíduos que formam a instituição de ensino chamada escolas, e porque não, escolas empreendedoras.
A reflexão das ações dos professores e a vontade de melhorar sempre mais suas ações possibilitam que a avaliação utilize os resultados para obter um diagnóstico do ensino ministrado e o apoio às mudanças pessoais, bem como para readaptar seus métodos visando a melhorar os resultados da aprendizagem. Convém, pois, que a nova onda avaliativa e a busca obsessiva da eficiência sejam aproveitadas para que se retornem algumas reflexões sobre os próprios conceitos de ensino e aprendizagem (AZANHA, 2006).
Perceber-se como docente requer a lucidez de muitos aspectos que compõem a missão de sua prática. É preciso ter metas e objetivos, saber sobre o que se vai ensinar, mas não se pode perder de vista para quem está ensinando. É disso que decorre o como realizar.
Integrar tudo inclui dar conta de diversas facetas do processo ensino-aprendizagem, ou seja, a do aluno concreto, real, a do conhecimento, a das estratégias de ensino, e a do contexto cultural e histórico em que se situam (Tunes/ Tacca -2005).
Combinar todos esses requisitos exige compromisso e responsabilidade com o estudante e com a sociedade, o que permite avançar no autoconhecimento do que é ser docente nas condições complexas do processo de ensinar e aprender. Portanto, que a prática docente vislumbra a visão do todo, de rede, de teia, proporciona ao estudante uma aprendizagem empreendedora com autonomia, consciente, ética, crítica, a serviço da mudança, considerando sempre e em qualquer situação a emoção, os valores, a solidariedade, a integração e a formação do cidadão completo.
Finalizo esse ensaio com as palavras de Liane Alves (2008) em um artigo intitulado De Braços Abertos, que a meu ver representa plenamente a ação docente empreendedora nas instituições de ensino, o discente nessa arte e a importância do planejamento e da avaliação nesse processo de ensino e aprendizagem empreendedora, e que, espero os leve a mesma reflexão que me levou ao lê-lo, ouve, inove, sonhe, planeje, avalie, confie, empreenda:
Faz de conta que você é um trapezista e que está numa plataforma a 20 metros de altura esperando sua vez de se lançar no espaço vazio. Você se preparou, fez vários treinos com e sem rede e sabe que pode contar com seus companheiros que estão ali do outro lado. Naquele centésimo de segundo antes de se jogar, tudo o que você precisa fazer é encher o peito de confiança: em si mesmo e, principalmente, é claro, nos outros. Você inspira fundo, toma impulso e vai como se fosse possível voar sem asas e desafiar a lei da gravidade para sempre naquele curto espaço de tempo. E, quando inexoravelmente começa a cair, alguém pega com vontade nos seus pulsos e o traz de volta para aquela coreografia impossível e bela sob o céu colorido de um picadeiro (...)
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