Não importa se você empreende, se você atua em organização pública, se você é um turista ou um morador de um destino turístico na sua relação com a atividade do turismo: você, provavelmente, já está sendo afetado pelo turismo inteligente e isso só tende a ser ampliado daqui para frente.
O turismo inteligente é muito sobre tecnologia - mas vai muito além. Como evidenciado e publicado numa extensa e detalhada pesquisa sobre o turismo inteligente (clique aqui para acessá-la), são 14 dimensões que acompanham a sua operacionalização prática, e estão exibidas nesta figura:
Com base neste conjunto de dimensões, mas de uma maneira mais objetiva, o turismo inteligente pode ser definido como:
Uma abordagem ou uma filosofia colaborativa que promove a experiência turística desde a etapa de planejamento da viagem e que continua mesmo após o retorno desta viagem, com base em troca constante de dados entre turistas, empresas, residentes do destino, instituições e/ou governo. Estes dados são, pelo suporte de tecnologias, provenientes de diferentes fontes físicas e/ou digitais, e, depois de processados, prometem experiências enriquecidas e personalizadas. Mais do que isso, viabilizam negócios e destinos mais atraentes, eficientes, sustentáveis e, claro, inteligentes.
Para responder a essa pergunta, serão elencados abaixo alguns exemplos de tendências de mercado relacionadas ao turismo inteligente, e algumas respectivas possibilidades de ação.
1. As pessoas estão dispostas a pagar a mais pela sustentabilidade - até 70%.
Se você possui um empreendimento turístico ou representa alguma instituição de um destino, a tarefa é dupla. Primeiro é para aproveitar os ganhos diretos de práticas sustentáveis, como, por exemplo, a redução de despesas por consequência do uso de energias limpas (como a solar), ou o acréscimo de receita pela venda para a reciclagem de resíduos que sejam gerados. E, segundo, a importância de comunicar as práticas sustentáveis desempenhadas para o mercado e à sociedade; tanto como forma de criar consciência ambiental e incentivar a replicação destas práticas, quanto para evidenciar os processos realizados, dado o interesse crescente pela sustentabilidade.
2. Em média um brasileiro perde cerca de 32 dias por ano no trânsito.
Como morador de um destino turístico ou como turista/visitante, o quanto o tempo perdido em deslocamento, nos congestionamentos ou por vias com infraestruturas inadequadas, impacta na sua vida? O que poderia ser realizado para minimizar isso? Além do investimento público (em melhores vias, em transporte público, coletivo e/ou alternativo, etc.) e das oportunidades para investimento privado (em veículos autônomos, em soluções tecnológicas que simplifiquem os fluxos de trânsito), há responsabilidades para as pessoas. Que, para desafogar as vias, podem (conforme a viabilidade de cada caso, é claro) priorizar o uso de transportes coletivos, compartilhados ou alternativos; podem considerar modalidades de trabalho que minimizem os deslocamentos (como o home office); podem organizar a logística para não coincidir com os horários de maior movimento; etc.
3. O smartphone é considerado, por 75% dos turistas, o acessório número um de viagem. Além disso, 71 % dos turistas acessam o celular de duas a cinco vezes por hora.
Na gestão do seu negócio turístico ou na atuação da sua instituição ou entidade pública, este canal quase que permanente com os turistas, via o smartphone, se apresenta como importante oportunidade de evoluir a comunicação com estes turistas, e a experiência dos mesmos (com a devida autorização da pessoa para que a comunicação seja estabelecida, é claro). Onde o ente público pode municiar os visitantes com informações sobre o trânsito local (visando melhor organizá-lo), sobre os atrativos turísticos (para aumentar o acesso aos mesmos e o ticket médio), e sobre outros atributos históricos, geográficos, culturais que tornam mais viva a experiência no destino. Já as empresas, podem adaptar os seus serviços e comunicações corporativas a esses dispositivos, priorizando, sempre que viável, os aplicativos que o turista já utiliza, para que não tenha o trabalho extra de baixar outros. E, tendo viabilizado um canal mais próximo com o turista, são muitas as opções para se relacionar com ele (com algumas variações a depender do segmento e da estrutura do negócio): dos lembretes para os preparativos da viagem e sobre prazos relacionados, das interações permanentes durante a experiência turística pelo contato com sensores e afins (como beacons ou wearables) e a respectiva oferta de serviços e conteúdos personalizados e em tempo real, até as interações pós-viagem para a manutenção do relacionamento, identificação de oportunidades de melhoria e para aumentar as probabilidades de reconversão do cliente.
4. São mais de 45 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de dificuldade para ver, ouvir, se movimentar ou algum tipo de incapacidade mental.
O que demanda que você, representante público ou privado de um destino, atenda às normas vigentes e respectivas obrigações relacionadas à acessibilidade (física e digital) de todos. Especificamente, quando se trata dos negócios turísticos, além das obrigações, há um paralelo de oportunidades em atender este público. Seja pelo seu óbvio tamanho de mercado, mas também por uma carência de soluções turísticas voltadas com maior ênfase a este nicho.
Acompanhando as tendências apresentadas e muitas outras (que seguem as 14 dimensões também aqui expostas, e se complementam com assuntos além), a lógica do turismo inteligente nos conduz a destinos turísticos inteligentes, que são suportados por negócios turísticos inteligentes e objetivam (destinos e negócios) atender mais assertivamente aos turistas (que também podem receber a designação de turistas inteligentes - ver cada definição também no artigo inicialmente mencionado neste texto).
Isso tudo, com o pano de fundo do turismo inteligente, promete balizar a dinâmica de como se desenvolve o turismo, sendo também vislumbrado como um caminho inevitável para todos os envolvidos neste segmento econômico. E vai até agregar muito mais valor às experiências dos turistas, e aos processos e resultados de destinos e negócios.
Vem junto?