O Brasil vem registrando uma nova tendência entre jovens com menos de 18 anos de idade: a abertura de microempresas e o interesse por empreender. Um levantamento realizado pelo Datahub aponta que, somente no primeiro semestre de 2022, houve um aumento de 227% na abertura de microempresas individuais (MEI) por jovens emancipados, ou seja, que ainda não atingiram a maioridade. Ao todo, foram 1.173 microempresas abertas por menores de idade, sendo que o mesmo período de 2021 registrou apenas 359. Atualmente, o Brasil já conta com 2.328 MEIs pertencentes a jovens. Dentre as principais motivações apontadas pela pesquisa, a principal delas está na possibilidade de se tirar uma fonte de renda antes de ter uma formação superior, ter iniciado uma carreira ou até mesmo estar inserido no mercado de trabalho. Esse seria o segundo principal motivo que vem levando os jovens a se interessarem pelo empreendedorismo: a dificuldade de arranjar um emprego quando se tem menos de 18 anos. Diante disso, muitos estão decidindo criar suas próprias oportunidades de inserção no mercado, tentando a sorte nos segmentos que mais lhe interessam. Informatização como aliada. Essa nova era de digitalização foi um dos grandes estopins para o aumento de MEIs no país, algo que já vem sendo observado desde o início da pandemia, em 2020. A facilidade de abrir uma microempresa e de expor seu trabalho no ambiente digital são alguns dos grandes atrativos para que esses jovens decidam se arriscar no meio empreendedor. Além disso, é um investimento seguro e barato, já que o imposto cobrado mensalmente é baixo. O e-commerce é uma das preferências dos jovens empreendedores, justamente pela facilidade de anunciar e vender produtos na internet. A possibilidade de atuar em praticamente qualquer setor, seja no de moda ou no automotivo, por exemplo, também é um aliado na hora de embarcar na área do comércio. Contudo, ainda existe o outro lado do cenário, que mostra como a crise econômica vem interferindo no contato dos jovens com seu primeiro emprego. O MEI, acaba sendo uma saída para ter uma fonte de renda diante das dificuldades, mas muitos acabam não tendo oportunidade de ingressar no mercado de trabalho da forma tradicional, com um emprego CLT que ofereça benefícios. É uma alternativa bem-vinda e que, com esforço, gera retorno, mas não é considerada ideal para quem está entrando no mercado agora. FLAVIA VIANA