Já é mais do que sabido que as restrições causadas pela pandemia alavancaram o comércio eletrônico no mundo todo.
Apenas no primeiro semestre de 2021, o e-commerce brasileiro teve alta de 13% nas vendas e de 24% no faturamento, de acordo com os dados publicados no índice MCC-ENET, desenvolvido pela Neotrust Movimento Compre & Confie, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net).
Como áreas de maior sucesso, destacam-se equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, móveis e eletrodomésticos e vestuário e calçados. Muitos negócios, que mantinham suas lojas físicas, tiveram de se readaptar com a crise gerada pela pandemia e migrar do negócio presencial para o remoto.
Se, antes da pandemia, o varejo online era habitado por marcas de médio e grande porte, hoje é possível comprar de tudo na internet, de um cadarço de tênis ao chá que a pessoa toma todo dia, sinalizando um forte crescimento de negócios virtuais e segmentação de lojas pela rede.
Um levantamento recente do Sebrae, feito entre fevereiro e março deste ano, mostra que sete em cada dez empresas brasileiras vendem seu serviço ou produto pelas redes sociais, aplicativos ou internet.
Neste cenário, há um dado que chama a atenção: o crescimento do varejo online não foi uniforme. A distribuição de negócios digitais foi mais expressiva em alguns setores do que outros; gigantes como Carrefour, GPA e Magalu cresceram mais, promovendo uma concentração no e-commerce.
Os últimos tempos só aceleraram esse processo, uma vez que determinados comércios eletrônicos, como o de supermercados e o de materiais de construção, lidam com itens com grande saída neste momento.
Há poucos dias, a Americanas anunciou a compra da maior rede varejista de frutas, legumes e verduras do país, o Hortifruti Natural da Terra. A ideia por trás dessas grandes fusões é alavancar recursos, tecnologias e conhecimentos para ambos os lados.
Em matéria recente, o Estadão publicou um ranking que mostra que, nas dez maiores companhias de varejo do Brasil, o faturamento aumentou quase 30% no ano passado, solidificando a tese de que está, sim, ocorrendo uma maior concentração no mercado.
Não só no Brasil é possível constatar uma tendência de aumento do nível de concentração no consumo e no varejo. Isso vem a reboque de um acesso maior a recursos financeiros, crédito, tecnologias e da necessidade do pequeno e médio empreendedor ter de colar nos maiores para ganhar mais fôlego e visibilidade perante a concorrência.
Segundo uma estimativa de julho do BTG Pactual, esse movimento de fusões e aquisições no varejo deve se manter, com grandes empresas de e-commerce ganhando ainda mais força e o varejo online crescendo mais.
Há a projeção de que as três maiores empresas do e-commerce brasileiro concentrem 70% do mercado online até 2025, saindo dos atuais 60%. É um processo que se dará pela compra de concorrentes menores ou aquisições de partes de sua cadeia de suprimentos, incluindo novos recursos, como financiamento ao consumidor e provedores de conteúdo.
Nos últimos trimestres, os varejistas de vestuário e calçados lideraram esses movimentos de fusão e aquisição. Arezzo, Grupo Soma e Centauro despontam nessa avaliação.
Ganha o pequeno comércio, que conta com a potência desses big marketplaces, e ganha o grande empreendimento, com mais tração para abocanhar nichos diferentes de negócios, oferecer mais produtos e serviços e atender todo o tipo de consumidor pelo país.
Tecnologia é uma das principais conquistas: só assim a lojinha do Seu Zé da esquina pode vender em um shopping virtual robusto, usando, por exemplo, meios de pagamento e logística bem mais eficientes.
Muito em breve, até o cliente do Seu Zé poderá e saberá onde comprar Bitcoin e usar suas criptomoedas para o seu consumo online, com muito mais segurança e praticidade.