O desenvolvimento da cadeia de valor é essencial para qualquer segmento, uma vez que o objetivo é buscar aprimoramento nas atividades mais importantes, ou melhor, aquelas que realmente podem fazer a diferença na criação, execução ou entrega de um produto ou serviço. As dificuldades enfrentadas pela cadeia da construção civil vêm trazendo uma nova visão para a gestão de inovações. Está se tornando uma grande aliada nas empresas, traz uma grande possibilidade que tem aberto muitos caminhos para soluções de startups e até mesmo, soluções que as próprias empresas têm criado. Adequada para auxiliar no cumprimento dos objetivos organizacionais, também está relacionada a compreensão dos problemas e viabilização de soluções para o mesmo.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção CBIC, utiliza o conceito de inovação do Manual de Oslo, definindo-o da seguinte maneira:
1. Inovações de produto: melhoria significativa nas características do produto (bem ou serviço), por exemplo, com melhora em especificações técnicas, componentes e materiais
2. Inovações de processo: pressupõe um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado, por exemplo, como a introdução de novos equipamentos de automação ou novos métodos de distribuição. Esse tipo de inovação altera as características de produção/distribuição, mas não altera necessariamente características funcionais do produto
3. Inovações organizacionais: inovações que afetam às práticas de negócio da empresa, não diretamente relacionados à produção, tais como implementação de softwares, criação de novos métodos para vender, planejar, fazer orçamento, etc
4. Inovações de marketing: se referem a novas formas de relacionamento com os clientes, promoção dos produtos, comunicação com o mercado, dentre outros.
Sendo assim, inovação na construção civil pode estar relacionada a(s):
- Características de desempenho aos empreendimentos inovações que não necessariamente agregam mudanças no processo produtivo, mas trazem novas características que melhoram o comportamento em uso do empreendimento para o usuário, pela ótica de requisitos de desempenho (térmico, estrutural, impacto ambiental, etc). Podem estar relacionadas aos materiais, componentes, sistemas construtivos e até mesmo nos projetos.
- Melhorias no processo produtivo Tecnologias que revolucionam ou produzem mudanças incrementais operacionais, implicando aumento de produtividade, qualidade, segurança no trabalho, dentre outros. Podem ter desdobramentos no fornecimento de materiais, componentes e serviços, ou ainda na utilização de equipamentos e ferramentas diferenciadas
- Aos processos internos das empresas ligados não só ao produto, mas processos administrativos, de atendimento ao cliente, provenientes da implantação de softwares, automatização com fornecedores, envolvendo novas formas de prestação de serviços e ou novos modelos de negócios
- Promoção do produto e sua colocação no mercado ferramentas de marketing, que envolvem uso soluções para visualização de produtos, personalização de imóveis, softwares para visualização de especificações, projetos, dentre outros.
Em cada um desses setores, a tecnologia caminha a passos largos. Muitas delas, vêm de encontro da otimização de recursos devido a implantação de processos cada vez mais sustentáveis. Outras trazem a busca constante por soluções inteligentes que tragam conforto, segurança e transparência, essenciais para trabalhar o valor agregado.
E como iniciar a Gestão da Inovação na Construção e Mercado Imobiliário?
A inovação é um processo e, como tal, precisa não somente ser gerenciada como também ser desenvolvida em um ambiente onde a cultura para a inovação precisa ser estimulada. A criação de um comitê que possa tomar decisões e fomentar ações para proporcionar estímulo e transformação de ideias em resultados reais, vem de encontro ao chamado Comitê de Inovação.
O comitê será formado por um grupo de profissionais, de diversas áreas, podendo ser internos na empresa ou não, que juntos definirão estratégias, novos projetos, metodologias e a utilização de recursos para materializar as ideias, potencializar resultados e impulsionar a inovação.
Se torna uma alternativa interessante para empresas que ainda não possuem estrutura para implementar uma área de inovação interna, pois com poucos recursos e muita colaboração, é possível tirar as ideias incríveis do papel e sistematizar a sua implementação. Assim, na prática, poderão experimentar o processo e disseminar o resultado do trabalho dos times multidisciplinares.
Existem várias abordagens que podem auxiliar a criação de um comitê, cujo objetivo é realizar a implantação e gestão da inovação:
1 - Definir a estratégia de inovação ou atuação
A estratégia é a base de tudo. Independente de qual área tenha surgido a demanda de criação, antes de convidar as pessoas para fazerem parte, é necessário definir em quais aspectos a empresa deve inovar ou melhorar (produtos, serviços, processos, marketing, etc), elencando prioridades.
Projetos inovadores devem estar ligados diretamente ao planejamento estratégico e alinhamento aos negócios e, portanto, deve possuir orçamentos e metas definidos. Mesmo que não tenha sido previsto anteriormente, será necessária uma revisão direcionando premissas, restrições, alçadas e outras definições, para não impactar as ações do comitê.
2 - Conquistar as lideranças
Os gestores devem ser os primeiros a estarem envolvidos com a ideia da inovação. Também devem ter autonomia para fazer os ajustes necessários principalmente nas questões operacionais, evitando que não haja impedimentos na abertura dos caminhos para a cultura inovadora. Não é possível proporcionar um ambiente inovador quando o líder só tem mecanismos de avaliação de sua equipe para critérios operacionais, por exemplo. Ninguém estará motivado a inovar se não houver objetivos claros para tal.
3 - Convidar colaboradores para participar
Quem são as pessoas mais alinhadas com o negócio para pensarem na inovação? Quem trabalha pensando sempre em melhorar processos, produtos e serviços? Quem tem sempre demonstrando interesse em quebrar paradigmas em sua empresa? É preciso conhecer a equipe e saber o potencial que os profissionais têm para oferecer. Também considere lideranças não oficiais; pessoas que podem engajar projetos na empresa e serem embaixadoras desse movimento inovador. É interessante também deixar aberta a iniciativa, fazendo uma chamada para voluntários, verificando quem gostaria de participar de trabalhos como esse.
4 - Identificar os melhores projetos para serem executados
Um comitê de inovação precisará desenvolver critérios para seleção, comunicação, gestão, acompanhamento e controle. A inovação precisa ser realmente colocada em prática, tornar a solução real, que possa efetivamente resolver o problema, não somente em conceitos teóricos. Esse comitê deve ter autonomia para montar times de investigação, melhorias, criação de soluções e outras necessidades que possam surgir. Quando as ideias surgirem elas precisam de patrocínio. E patrocínio pode ser entendido como apoio institucional, reconhecimentos públicos e outras formas de incentivos, inclusive premiações se conseguirem atingir os objetivos.
5 - Reconhecer que ninguém inova sozinho
Oferecer ao comitê de inovação a oportunidade de procurar auxilio e pesquisar formas diferentes de tratar o problema fora da organização, para que a criatividade possa florescer. O autoconhecimento na busca pela inovação é uma propulsão para novas ideias. Incentivar a busca de conteúdo, ferramentas, soluções e tecnologias. Quanto mais aberto for o processo de aculturamento, melhores serão os resultados. É interessante procurar se integrar aos ecossistemas do segmento, em busca de soluções para problemas semelhantes e quem sabe, encontrar parceiros para participarem dos projetos.
Os comitês são os responsáveis em transformar ideias em realidade, portanto, podem envolver outras pessoas da empresa e fora delas, como dito anteriormente, para contribuir nos planos de ação. Isso enriquece as soluções.
6 Estabelecer uma agenda
O comitê deve se encontrar regularmente para ter os trabalhos acompanhados sistematicamente. A agenda deve permitir ao grupo se inspirar sempre. Portanto, podem ser incluídos eventos, reuniões de pesquisas, planejamento, acompanhamento das ações, etc.
O principal objetivo da agenda é que seja uma agenda positiva para o projeto e para o desenvolvimento de quem faça parte do comitê. Transformar estas pessoas tem o poder de transformar a organização.
7 Tratar como projeto (início, meio e fim)
Todas as ações estabelecidas pelo comitê devem se transformar em um plano de ação, com equipe executora, metas e objetivos a serem cumpridos.
É interessante usar ferramentas como PDCA, 5w2h, Kanban e uma solução para gestão das atividades tais como Trello, Asana, Bitrix24, dentre outras.
O comitê precisa acompanhar e atualizar as ações à medida que ocorrer o andamento, até mesmo para realizar os replanejamentos de houver mudanças nas diretrizes.
8 Premiar e celebrar
Celebrar projetos significa reconhecer os resultados. Significa agradecer as pessoas que participaram e contribuíram para esses resultados e, principalmente, significa avaliar onde a empresa estava e onde ela conseguiu chegar.
É o que dá foco e energia para voltar a planejar e recomeçar o ciclo. Por isso a celebração é tão fundamental para que os projetos não percam a energia e propósito!
Quando for possível, estabelecer uma premiação para o projeto mais inovador ou o que atingiu mais rápido o objetivo.