Compartilhei no artigo anterior a minha jornada recheada de dificuldades no meu primeiro cargo de liderança (você pode conferir aqui).
Quando tempos depois recebi o desafio de liderar um projeto de alta complexidade, sem equipe dedicada, sem liderados diretos, eu respirei fundo e decidi: chegou a hora de colocar em prática todo meu aprendizado recente sobre Neurociências aplicadas à Liderança de Pessoas!
Minhas primeiras decisões:
1) Entender o propósito do projeto e levantar o máximo de informação possível. Revendo um TED Talk do Simon Sinek (vídeo aqui), pude lembrar que quando falamos em propósito, conectamos com as áreas cerebrais que tomam até 95% das nossas decisões. Então, logo de início, eu e a equipe co-construímos um propósito do qual todos compartilhávamos: colocar os nossos pontos fortes à disposição do enorme desafio que tínhamos em mãos.
Se conseguíssemos fazer dar certo, seria uma vitória pessoal pra cada um de nós. O nosso porquê estava muito claro e a decisão de fazer funcionar estava tomada.
Pra essa conversa inicial, também levantei toda informação possível sobre o projeto: objetivo geral, metas mensais, resultados esperados, principais desafios, e uma proposta com os primeiros comos.
2) Ter clareza de cada papel. Eu sabia bem das consequências de não ter clareza do meu papel, e esse erro eu não ia repetir, nem comigo, nem com a equipe. Excesso de incertezas traz insegurança, e como vimos anteriormente, inseguros e com medo, podemos ficar temporariamente incapazes de entregar competências.
Busquei essa clareza diretamente com o CEO, alinhando quais seriam as minhas atribuições, até onde iria minha autonomia, o que era esperado de mim, o que era o conceito de sucesso naquele desafio.
Compartilhei com a equipe essas mesmas informações, assim como o papel, atribuições e expectativas de cada um deles. Assim, todos saberíamos onde dedicar energia, sem desperdícios.
3) Ter clareza dos meus pontos fortes e pontos a fortalecer, e usar essa informação a favor da liderança da equipe. Eu já tinha passado por vários desafios na liderança de pessoas, e busquei gerar aprendizado a partir das experiências positivas e também das minhas escolhas ruins. Saber lidar de forma mais natural com meus erros e acertos, poder falar sobre isso, compartilhar minhas fragilidades e fortalezas me permitiam liderar com menos pressão, sobre mim mesma e sobre os outros. Logo, a equipe poderia fazer o mesmo, falar abertamente sobre acertos, erros, fortalezas e fragilidades.
Além disso, a partir dessa autoconsciência eu tinha no radar quais comportamentos manter e quais evitar, para uma boa gestão da equipe e do projeto.
Por exemplo: Eu sabia bem ler pessoas e suas competências, gerar conexão e sentimento de grupo, trazer leveza e bom humor pro dia a dia sem perder o foco, compartilhar sonhos gerando um propósito maior e manter a motivação (minha e do time) frente aos desafios. Eu precisava manter isso!!
Eu também sabia que, sob pressão muito forte, muitas vezes eu desestabilizava, me atropelava nas decisões, pressionava o time, e o que estava indo bem, desandava. Também existia uma necessidade interna de controlar, o que não me permitia dar autonomia e atrapalhava o desenvolvimento da equipe. Eu precisava manter isso no radar e agir diferente. E eu agi.
Não internalizar a pressão externa, passar pra equipe a importância e urgência de algumas ações mas sem gerar pânico ou insegurança psicológica, dar autonomia de acordo com a maturidade (técnica e comportamental) de cada colaborador, em momentos de instabilidade aprender a parar, respirar e tomar decisões mais conscientes.foi essencial! É permitir que nos momentos importantes as decisões não sejam tomadas nos 95% inconsciente-automático em busca de autoproteção e/ou aceitação.
4) Conhecer a equipe que faria parte desta jornada. Após uma avaliação de pontos fortes e pontos a fortalecer, definimos cada papel com foco em: pessoa certa, lugar certo. Quando fazemos o que sabemos fazer de melhor, além de o trabalho fluir bem nós fortalecemos nossa autoestima, e quando ela está saudável, a performance ganha MUITA força!
Também falamos abertamente sobre medos, anseios, expectativas, e reforçamos que somente como GRUPO conseguiríamos dar conta do recado. A partir daí, estávamos conectados por um propósito único, no qual poderíamos colocar em prática nossas melhores competências e fortalecer nossas fragilidades com apoio do GRUPO. Assim, aquela necessidade básica de aceitação e medo da rejeição estavam bem cuidados e poderíamos seguir em frente com foco no sucesso do projeto.
5) Comunicar de forma transparente, estratégica e recorrente com a equipe. Um encontro semanal com direito à leveza, conversas sérias, feedbacks transparentes, orientações, reconhecimentos, ideias, compartilhamento de problemas, co-construção de soluções, checagem das metas, reajustes, medos, frustrações, conquistas. Assim eram nossas reuniões, claras e construtivas!
Comunicação acessível, check points sempre que necessário, com foco, agilidade e humanidade, somados à aplicação da fórmula: dar informação suficiente e checar o entendimento do outro + pedir informação suficiente e checar meu entendimento.
6) Estar emocionalmente preparada para os momentos de pressão e tensão. Foi aqui que eu tive os maiores ganhos nessa experiência de Neuroliderança! Vou dedicar o próximo e último artigo desta série especialmente a este tópico.
Em breve, o último artigo e mais dicas