A captação de recursos para inovação demanda informação, tempo, adequação a diretrizes e normas, dentre outros conhecimentos, para que seja realizada com sucesso, dentro e fora das empresas. Esses fatores, muitas vezes, se convertem em barreiras que dificultam, em diferentes níveis, o acesso ao capital para inovar. Superá-las, portanto, é condição fundamental para o desenvolvimento de novos processos, produtos, tecnologias e estratégias que tenham maior impacto nos mercados de atuação.
De acordo com uma pesquisa realizada com empresas do setor da indústria no Paraná, pelo gráfico, é possível distinguir das empresas respondentes que captaram ou não recursos externos para o desenvolvimento de atividades de inovação. Das 906 indústrias informaram se as inovações tiveram como fonte de recursos apenas o ambiente interno ou se houve captação externa:
A maior parte delas (67%) informou ter inovado apenas com recursos próprios. Nesses casos, a capacidade de fomento fica restrita ao autofinanciamento da empresa. A captação de recursos externos para inovação foi realizada por 33% das participantes. Ou seja, apenas 1 em cada 3 empresas acessou crédito para financiar seus projetos de inovação.
No gráfico seguinte, são detalhados os tipos de fontes externas mais utilizados pelas indústrias respondentes:
Das 906 empresas participantes, o grupo daquelas que acessaram algum recurso externo (33%) o fez explorando um ou mais tipos de fontes disponíveis. Enquanto 24% das indústrias informaram ter captado em fontes privadas (bancos e outros investidores), 17% fizeram uso de fontes públicas (Finep, BNDES, CNPq, BRDE, Fundação Araucária, Sebrae etc.) O capital de risco, também conhecido como capital empreendedor, foi o menos utilizado (5%).
O baixo percentual de empresas que capta recursos externos está relacionado à complexidade processual, exigência de competências específicas no quadro de colaboradores e nível de aderência aos editais.
A performance em relação à captação externa explica-se, ainda, a partir das barreiras encontradas. No próximo gráfico é apresentada a avaliação do quanto as dificuldades nesse campo prejudicaram as indústrias respondentes:
À luz do gráfico, fica evidente que a maioria das empresas enfrenta muitas dificuldades para captar recursos. Os problemas menos impactantes foram a existência de pendências financeiras e/ou jurídicas e a dificuldade na aprovação de projeto enviado, tendo prejudicado, em algum nível, apenas 38% delas.
Entre os itens que prejudicaram muito esse processo, houve destaque para o excesso de burocracia (34%), a falta de atratividade quanto a prazos, formas de pagamento e/ou juros (34%), a falta de conhecimento sobre a existência dos editais de fomento (33%) ou sobre as linhas de crédito disponíveis (33%). As duas últimas também foram as dificuldades que mais se sobressaíram quando considerados todos os graus (pouco, moderado e muito), impactando praticamente 80% das empresas.
O Cenário
Nos permite avaliar as dificuldades sob duas óticas. Primeiro, a ausência de competências técnicas e de controle financeiro indispõe a empresa frente aos critérios postulados pelos órgãos de fomento e financiamento. Em segunda instância, a baixa interação com outras instituições e órgãos de representação de classe desfavorece o acesso a informações e ao pleito de editais/prazos/juros mais adequados. Embaraços para a captação de recursos vêm sendo difundidos em diversos estudos. A partir deles, houve a criação de algumas leis, políticas, benefícios e instrumentos de incentivo tecnológico, de financiamento e de aquisição de recursos públicos destinados à inovação. No gráfico seguinte é possível observar a adesão das indústrias a esses instrumentos:
No que tange às leis e aos incentivos para o desenvolvimento de inovações, os resultados da pesquisa indicam que são pouco utilizados. Os números encontrados estão em concordância com aqueles relacionados às dificuldades de se captar recursos, ou seja, perante elevados níveis de obstáculos, há expectativa de menor utilização das leis e incentivos.
O financiamento (26%) foi o principal recurso usufruído e que continua em uso. Mesmo com algum destaque positivo, um percentual de 46% informou nunca ter feito emprego dele. Os benefícios fiscais (15%), os editais públicos (11%) e a Lei do Bem (8%) são pouco utilizados atualmente.
A extensão tecnológica se destaca como incentivo em desuso. O resultado pode ser explicado pela ausência de conhecimento sobre os recursos. Vale ressaltar o elevado percentual de empresas que afirmaram nunca ter utilizado editais públicos (64%), benefícios fiscais (66%), Lei do Bem (70%) e a própria extensão tecnológica (87%).
O processo de captação de recursos financeiros é uma etapa muito sensível e dinâmica para o desenvolvimento da inovação. Constitui uma fase vital, principalmente quando há limitação de condições econômicas.
Para ter acesso a pesquisa completa sobre o Perfil da Inovação Industrial do Paraná 2019 acesse o link.
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