Damien Newman, um famoso designer, ao discutir a jornada que percorremos para inovar, esboçou o desenho da Figura 1 para representar as idas e vindas inerentes a qualquer projeto de inovação. No começo, um turbilhão de ideias surge. Neste momento, a incerteza é alta e é por meio da pesquisa que validamos as hipóteses. Com o tempo, o projeto vai ficando mais claro: passamos a definir melhor que problemas vamos resolver e de que maneira - é o que chamamos de conceito de design.
Figura 1: Processo de Design de Damien Newman.
Fonte: Coorevits, Lynn; Jacobs, An (2017).
O design, nada mais é que o projeto de inovação, ou seja, a forma como transformamos ideias em realidade, com o objetivo de criar valor. E a identificação ágil de oportunidades de inovação na micro e pequena empresa é essencial para que a(o) empresária(o) construa o futuro do negócio de maneira enxuta. Embora a criatividade e o caos sejam elementos inerentes ao processo de inovação, a utilização de abordagens e métodos ágeis e centrados no usuário tornam as etapas de geração, análise e escolha de ideias e oportunidades mais baratas, atrativas e assertivas.
Organizações mais tradicionais, costumam trabalhar em ambientes de baixa incerteza, ou seja, longe da inovação, que requer correr riscos. Nessas organizações, cada departamento trabalha novos projetos de forma mais distante e isolada (cada um na sua), com uma comunicação mais burocrática. Para que a inovação aconteça e para que a empresa aposte em ideias com alto potencial e sem perda de tempo e mobilização desnecessária de recursos, é necessário integrar as pessoas e as diferentes áreas do negócio.
Uma proposta de caminho para inovar tem sido a base dessas metodologias na última década: o duplo diamante (Figura 2). Proposto pelo Design Council do Reino Unido, a abordagem sugere que toda organização percorra pelo menos quatro etapas para desenvolver novos projetos: 1) descoberta (de problemas, de ideias, do perfil do usuário), 2) definição (do que será efetivamente desenvolvido), 3) desenvolvimento (detalhamento do projeto e prototipagem) e 4) distribuição (conexão da ideia com o mercado, implementação em ambiente real de utilização).
Figura 2 - Duplo Diamante
Fonte: What is the framework for innovation? Design Council's evolved Double Diamond. Disponível em: https://www.designcouncil.org.uk/news-opinion/what-framework-innovation-design-councils-evolved-double-diamond
E por que a representação deste caminho é feita por um diamante? Explico: o formato de losango, representa o pensamento divergente (criação de possibilidades por meio da criatividade, 'a abertura') e o pensamento convergente (processo de escolhas, o fechamento). Este movimento de abrir e fechar é possível com a utilização de critérios objetivos para tomada de decisões, tais como: grau de atratividade da ideia pelo cliente, viabilidade tecnológica da ideia e disponibilidade de recursos financeiros para implementação, por exemplo.
Já o Design Sprint ou o Innovation Sprint são abordagens que apoiam a empresa na validação ágil de uma novidade, seja um novo produto, serviço ou processo. A tradução mais adequada para os termos seriam tiro curto de projetos ou arrancada veloz para projetos. Elas permitem a criação de times multifuncionais, temporários e empoderados para que detalhem as ideias, validem as hipóteses do projeto diretamente com os futuros usuários e clientes, busquem recursos e parcerias e finalmente testem as ideias no mundo real. A grande vantagem dessas metodologias é que elas podem ser customizadas para cada realidade.
Embora o desenvolvimento de um novo produto ou processo possa levar meses ou até mesmo anos, a adição da abordagem Sprint, visa acelerar o processo. O Design Sprint propõe que em apenas uma semana a ideia seja minimamente tangibilizada e colocada à prova pelo cliente, permitindo a rápida validação da atratividade da novidade e coleta de feedback para melhorias. A partir daí a empresa trabalharia em ciclos e disponibilização recorrente de novidades em novas versões do produto. E na prática como funciona? Abaixo o detalhamento das cinco etapas do Design Sprint:
Etapa 1:
- Construção da agenda
- Convite das pessoas chave
- Convite de um decisor
- Reserva de um ambiente propício à criatividade
Etapa 2:
- Identificação do desafio principal (problema a ser resolvido)
- Mapeamento da jornada atual do usuário
- Identificação de mudanças e melhorias (soluções)
Etapa 3:
- Seleção das melhores oportunidades
- Construção de um protótipo convergente e visual das ideias
- Criação de uma comunicação de venda'
Etapa 4:
- Criação de um roteiro de validação
- Apresentação do protótipo para os clientes
- Coleta e registro de aprendizados
Etapa 5:
- Definição do que será desenvolvido
- Planejamento dos próximos passos
As etapas 1 e 2 são etapas de divergência, isto é, quando abrimos nosso campo de visão para enxergar diferentes possibilidades. As etapas 3 e 4 são etapas de convergência, ou seja, fechamento e definições. A etapa 5 permitirá a continuidade do projeto e a formalização do mesmo perante à empresa. Adotar um caminho, ou uma abordagem de inovação, é fundamental para diminuir os riscos do projeto e engajar os colaboradores.
Se você se interessou por estas abordagens, o Sebrae pode te auxiliar a implementa-las e utiliza-las para não apenas identificar oportunidades de inovação, mas também para estimular a cultura de inovação na sua empresa, engajando funcionários e parceiros na construção do futuro do empreendimento.