A inovação, conforme visto nos textos anteriores, está conectada a um contexto em que se busca competitividade. Assim, um dos fatores mais importantes, se não o mais importante é a criação de valor.
Há a necessidade em observar fatores estratégicos e de competitividade e, nesse ponto, a obra de Michael Porter ganha relevância, independente das críticas ao autor ou sua obra, em que destacam-se, não necessariamente em ordem ou topologia: Estratégia Competitiva, As Cinco Forças de Porter, a Vantagem Competitiva das Nações, o Diamante de Porter e os Clusters.
Os Clusters compõe parte da base conceitual importante para a abordagem do desenvolvimento territorial (regional) e, consequentemente, dos ambientes produtivos no Brasil, que sedimentou-se forjada pela abordagem dos Arranjos Produtivos Locais - APLs e que, inclusive, parecem ter perdido espaço ou interesse em discussões para outros temas mais atuais, como as startups fato que, inclusive, merece aprofundamento analítico. Os APLs trazem dois aspectos fundamentais: Território e Atividade Produtiva.
As estratégias competitivas (genéricas) de Porter definem abordagens em três fatores apontados com fundamentais pelo autor: Custo, Diferenciação e Foco. Sinteticamente, custo pode ser percebido no resultado da busca da eficiência produtiva; diferenciação vem na linha de atributos na percepção de valor e, finalmente foco, é o direcionamento de esforços naquilo que se faz, em direção à excelência.
A vantagem competitiva: O autor definiu as tipologias em que corporações (e países) podem estabelecer vantagem competitiva em relação aos demais, baseadas em menor custo e diferenciação. Propôs na obra A Vantagem Competitiva das Nações (1989) o crescimento da produtividade como elemento central. A territorialidade faz parte dessa discussão. E deve-se lembrar das vantagens comparativas, propostas anteriormente por David Ricardo, traduzível, entre outros fatores, pelo custo de oportunidade. A ideia de vantagem comparativa contrapunha um elemento preliminar do modelo capitalista proposto por Adam Smith, a vantagem absoluta.
Decorrem outros elementos importantes a serem considerados no desenvolvimento dos ambientes de inovação: O diamante de Porter (proposto em a Vantagem Competitiva das Nações) e as Cinco Forças de Porter (vistos em Como as cinco forças competitivas molda a estratégia, de 1979).
O diamante é um modelo proposto que busca o porquê as entidades dentro de um determinado sistema (país, no caso de Porter) podem obter mais sucesso (vantagem competitiva) em relação a entidades em outros sistemas (vantagem comparativa). Leva em conta quatro atributos determinantes: Estratégias, estrutura e rivalidade de empresas; Condições dos fatores (de produção, das empresas); Setores correlatos e de Apoio; Condições da demanda. Também relaciona dois grupos de aspectos complementares: O Acaso (forças ou fenômenos externos não controláveis) e o Governo.
As Cinco Forças de Porter influenciam e moldam a estratégia competitiva das empresas: Ameaças de novos entrantes; Ameaças de produtos Substitutos; Poder de barganha dos fornecedores; Poder de barganha dos clientes; Rivalidade dos concorrentes.
E, por fim, mas não menos importante está o modelo de cadeia de valor proposta por Porter, que pode ser entendido como um conjunto de atividades desempenhadas pelas empresas e organizações ao longo de todo o processo corporativo, desde a produção até a entrega. Compõe-se de atividades primárias e secundárias. As atividades primárias são: A logística interna ou de entrada, operações, logística interna ou de saída, marketing e vendas serviços. Já as atividades secundárias são: Infraestrutura organizacional, gestão de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e aquisição. As atividades primárias e secundárias são expressas em termos gerais, quando é importante serem observadas características e especificidades das atividades a serem potencializadas no ambiente. Ao final encontra-se a margem estabelecida sobre a entrega (produto ou serviços) que o mercado está disposto a pagar.
Ao considerar o desenvolvimento dos ambientes de inovação faz-se importante observar esses fatores em torno da competitividade perpassando pelo desenvolvimento de valor. Esse pode vir de duas formas: Criação de novas cadeias de valor ou ampliação de valor adicional nas cadeias existentes.
Para assegurar a efetiva criação de valor no ambiente, seja em novas cadeias ou em extensão às já existentes, em três níveis. No primeiro nível estão as ações transversais a serem observados e desenvolvidos: Marco Legal e clima de negócios, infraestrutura necessária assim como as condições disponíveis, a ampliação do uso ou adoção dos bens e/ou serviços no centro dessas cadeias de valor, as atividades de pesquisa e desenvolvimento. Enquanto que no segundo nível encontra-se a necessidade de desenvolvimento de capacidades específicas. No terceiro nível está efetivamente a ativação das cadeias de valor mais complexas, novas ou em extensão das existentes.
Um aspecto importante final, nem sempre observado, é a necessidade de institucionalização, em sentido amplo, envolvendo os comportamentos e práticas necessárias à implementação de ações e estratégias para o alcance dos objetivos estabelecidos mirando o alcance da visão posta. Desses aspectos de institucionalização encontra-se a governança, ato de governar, no sentido amplo, o sistema que, junto de ecossistema, com correspondência conceitual na mesma direção daqueles sistemas biológicos, compõe a amplitude institucional de um sistema de inovação em um ambiente. Ambos conceitos são percebidos frequentemente no construto verbal das entidades componentes desses habitats de inovação na atualidade e que, aqui, encerram buscando dar sentido e ritmo a um repertório de aspectos necessários a serem observados no desenho desses ambientes.