A pandemia de covid-19 fez com que professores de todo o país trocassem os quadros e as carteiras escolares pelas telas e pelos aplicativos digitais, uma mudança repentina e necessária.
De acordo com a Unesco, em todo o mundo, mais de 180 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando 1,5 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a cerca de 90% de todos os estudantes no mundo. Aos poucos algumas atividades vão sendo retomadas, porém muitos seguem sendo impactados pela pandemia.
O processo de ensino e aprendizagem se transformou. As formas habituais de lecionar precisaram ser revistas. Foi preciso modificar o planejamento pedagógico e encontrar alternativas para envolver, motivar e propiciar o desenvolvimento dos estudantes, mesmo que a distância.
Toda essa mudança exigiu que educadores adaptassem sua rotina doméstica à nova forma de trabalho, o que nem sempre é fácil. Muitas escolas, para evitar que os alunos sejam prejudicados, implementaram plataformas e estratégias de ensino a distância para que todos possam continuar estudando durante o período em que não podem sair de casa.
Mas, infelizmente, essa não é uma realidade para todos os alunos da rede pública que, em geral, não têm acesso facilitado à internet ou um computador à disposição. Nesses casos, alguns professores têm optado por criar apostilas impressas e fazer cópias na escola. Os pais ou os alunos têm que buscar toda semana o novo material e deixar na escola os exercícios feitos da apostila passada o que faz parte da avaliação e das notas dos alunos.
Há quem ouse dizer que os professores estão sem ter o que fazer durante a Pandemia. Porém digo que, muito pelo contrário, estão trabalhando como nunca. Após a adoção de medidas de distanciamento social e da interrupção das aulas por causa da emergência sanitária, os professores continuam se reinventando. Nesse período, eles foram obrigados a refazer todas as aulas, passar novos exercícios, escrever apostilas, gravar em vídeo os conteúdos das disciplinas, criar canais próprios em redes sociais, mudar avaliações, fazer busca ativa de alunos e se aproximar das famílias dos estudantes.
E além de tudo isso, manter os alunos engajados nas aulas e cumprir com o papel sócio educacional que eles exercem!
Além dos conhecimentos necessários para lidar com a tecnologia, a pandemia trouxe também a necessidade de se olhar para habilidades socioemocionais, cujo ensino está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que estabelece o que deve ser ofertado em todas as escolas do país. São habilidades como persistência, assertividade, empatia, autoconfiança e tolerância à frustração.
O desenvolvimento socioemocional dos estudantes é um aspecto fundamental de ser trabalhado de modo intencional na escola se quisermos uma educação que considere o que é viver, conviver, aprender e produzir no século 21, diz a especialista em Educação Integral do Instituto Ayrton Senna, Cynthia Sanches.
A profissão de professor envolve muita relação interpessoal e acolhimento. Talvez aqui esteja a maior perda. A falta das interações entre professores e alunos, assim como entre alunos e os colegas. É uma avalanche de informações, o que torna muito difícil encontrar a melhor solução para atender a essa necessidade não planejada de ensinar além dos muros da escola e nossos professores estão dando o melhor de cada um. Esperamos que em breve tenhamos nossas salas de aulas lotadas, crianças gritando pelos pátios da escola e muita alegria.