Atualmente, a atividade agropecuária brasileira assume sua importância em dois cenários: primeiro, na economia do país, sendo responsável por parte do PIB e das exportações, além de manter cerca de 37% dos empregos; segundo, pela participação brasileira na produção de alimentos em escala global.
O Brasil vive, nos últimos anos, uma crise político-estrutural, em que o campo sustentou os índices econômicos. Por outro lado, com a tendência de crescimento da população do planeta, principalmente nas áreas mais precárias, exige-se do agronegócio uma produtividade cada vez maior, a fim de suprir a demanda mundial por alimentos.
Segundo as últimas projeções de crescimento populacional, seria preciso aumentar a produção atual de alimentos de 70% a 100% até 2050. Contudo, temos que manter a mesma quantidade de terras utilizadas, além de nos preocuparmos com diversas questões ambientais
De fato, no passado, o aumento da produção de alimentos era resolvido de modo quantitativo: bastava expandir os pastos e plantações para regiões não utilizadas. Hoje, contudo, em virtude das preocupações ecológicas e climáticas, o salto deve ser qualitativo, ou seja, empregando técnicas que extraiam muito mais de uma mesma área.
Conforme dados da Embrapa, dos 850 milhões de hectares do território brasileiro, 470 equivalem a áreas que devem ser preservadas e 30 remetem a usos não agrários, como as cidades. Os pastos para pecuária e agricultura ocupam, respectivamente, 190 e 60 milhões de hectares. A área para expansão, portanto, seria de, no máximo, mais 100 milhões de hectares.
Além da limitação territorial, existem outros fatores que estimulam o desenvolvimento de novas técnicas, rejeitando saídas simples e prejudiciais.
O esgotamento dos recursos naturais, as mudanças climáticas, as questões sociais e a segurança do alimento são preocupações primordiais do setor agropecuário. Por tudo isso é necessário, cada vez mais, o investimento em pesquisa e ciência, firmando parcerias com instituições públicas e privadas.
Outra consequência da evolução tecnológica do campo é a economia do consumidor. À medida que se aumenta a produtividade em um mesmo hectare, cria-se uma tendência à diminuição dos preços, pelo aumento da oferta de alimentos.
O emprego de novas tecnologias é algo que flui naturalmente com o mercado e a busca do produtor em aumentar sua renda. O Plano Collor, nos anos 90, foi um desastre para o agronegócio. De um dia para o outro, os produtores se viram endividados e foram obrigados a aumentar sua produtividade para não falir. De lá para cá, a produção de grãos, por exemplo, cresceu cinco vezes mais do que a área utilizada, enquanto o preço ao consumidor caiu pela metade.
No âmbito nacional, o constante investimento em tecnologia dá ao Brasil a competitividade no mercado externo, gerando receitas essenciais.
Éramos, há algumas décadas, importador de alimentos. Hoje, somos o maior exportador do planeta.
O agronegócio brasileiro e suas consequências, como o sucesso da economia nacional e a segurança alimentar interna e externa, dependem, desse modo, do constante investimento em ciência, tecnologia e na capacidade de organização. O grande desafio deste século para o campo é estabelecer uma sinergia entre o crescimento econômico, as necessidades da população e a responsabilidade ambiental.
Fonte de inspiração: Paineira USP BR