A liderança é um processo de influência mútua através do qual múltiplos atores se envolvem em interações relacionadas com o liderar e ser liderado à serviço do atingimento de um objetivo comum. A ação da liderança, em geral, está voltada para quatro dimensões da atividade humana: sociedade, organização, equipes e indivíduos.
Para liderar neste futuro emergente que se apresenta no rastro dos problemas sociais e econômicos deixados pela pandemia do COVID 19, é fundamental revisitar valores e crenças sobre a humanidade.
O futuro requer que mergulhemos profundamente na nossa humanidade, refletindo sobre o que realmente somos e o que queremos ser como sociedade. O futuro desejado começa a ser construído a partir de mudanças do que somos como indivíduos, nossas crenças e valores.
Os valores centrados no máximo consumo, na corrida para alcançar a maior e melhor posição individual em detrimento das necessidades do todo, leva a sociedade, coletivamente, a criar resultados que ninguém quer (Scharmer; Kaufer, 2013).
Segundo o autor do livro Teoria U, Otto Scharmer, o centro de todo trabalho da liderança deve ser a luta contra o antigo modo de ver e operar no mundo para buscar a concretização de um futuro emergente de possibilidades.
Essa mudança requer a expansão de nosso modo de pensar. É uma mudança do modelo centrado no ego, onde o que importa é o bem-estar do individuo, para o modelo de maior grau de consciência, onde o que importa é o bem-estar da coletividade, do todo, incluindo o indivíduo. Quanto atuamos no modelo de consciência coletiva e sistêmica, eco-system, a liderança está à serviço dos interesses mais abrangentes da sociedade.
Crises como a que vivemos provocou inúmeras e diferentes mudanças individuais e coletivas, mas uma delas é comum para o mundo todo: a consciência de que somos um todo e as soluções para os problemas são oriundas da colaboração!
Otto Scharmer, pesquisador do MIT, criou uma matriz que ajuda a compreender e conduzir com eficácia processos de mudança. Ele afirma que a qualidade dos resultados produzidos por qualquer sistema depende da qualidade ou nível de consciência das pessoas que o operam. Portanto, a fórmula do sucesso provém da consciência do papel dos líderes e liderados e não dos processos em si.
Segundo o criador da Teoria U, uma liderança bem sucedida para o futuro emergente deve ser orientada por sete etapas:
- Suspender padrões do passado eles poderão não servir mais para a futuro emergente.
- Observar a realidade dedicar energia para trazer à tona a realidade com todas suas cores, e não tentar evitá-la.
- Sentir observar as suas emoções, os suas próprias crenças e valores frente ao que observa.
- Refletir Dar espaço para o autoconhecimento, refletir, ouvir e perguntar-se o que você aprendeu com a situação, e o que você quer ver emergir daqui.
- Redefinir a visão Explorar as possibilidades, criando uma visão de futuro.
- Prototipar Colocar em prática de forma rápida, simples e em pequena escala para gerar feedbacks dos stakeholders (outros lideres e beneficiários da ação).
- Realizar Aplicar as estratégias testadas e corrigidas, repetindo os protótipos em maior escala, engajando e buscando cooperação entre todos.
É de fundamental importância que os líderes públicos, busquem engajar, comprometer e encorajar outros líderes da sociedade civil a abraçarem a causa da recuperação do seu município, unindo esforços, recursos e boa vontade para retomar o crescimento sustentável.
Para isso, apontamos a seguir algumas recomendações:
- Mapear a rede de entidades e pessoas essenciais para participar do planejamento e organização das ações importantes e urgentes para a recuperação do desenvolvimento econômico e do bem-estar social.
- Incluir as entidades na sociedade civil dedicadas aos jovens e às mulheres, eles são vetores de influência e participação social nesse novo futuro emergente.
- Gastar energia e tempo comunicando as intenções, de forma direta, simples e transparente.
- Estimular as equipes de colaboradores para que desenvolvam atitudes de empatia e solidariedade e proatividade na resolução de problemas.
- Estabelecer um cronograma para diálogos com as entidades e outros líderes sobre as prioridades, de modo que a busca por soluções seja colaborativa e de compartilhamento de responsabilidades.
- Buscar o apoio do SEBRAE para o estabelecimento de governanças de desenvolvimento do município e da região e de preparação dos líderes, fortalecendo o senso de pertencimento e de compromisso coletivo, num processo colaborativo em prol da reconstrução dos eixos de desenvolvimento que beneficiem a coletividade.
Deixe aqui a sua opinião sobre esse assunto, aponte suas recomendações.
Um abraço
Rosângela Angonese
Coordenadora do Polo de Liderança SEBRAE