Pessoas com determinadas restrições alimentares, acabam encontrando os benefícios que precisam na alimentação funcional. E, como qualquer outro perfil de consumidor, prezam por opções diferenciadas.
Mas, apesar de ser um nicho de mercado em crescimento, ainda há poucos lugares que disponibilizam produtos seguros, saborosos e de qualidade para esse público.
Falei sobre isso na última publicação sobre por que é importante a democratização da alimentação funcional. Recomendo a leitura para que você compreenda como é a jornada desses consumidores.
Entendendo o conceito de alimentos Free From
Segundo um levantamento feito pela Euromonitor Internacional, publicado em dezembro de 2020, os alimentos funcionais e seus ambientes regulatórios (Functional Food and the Regulatory Environment) são tendências em aceleração.
No entanto, a América Latina tem o menor destaque no gráfico que engloba países que estão se movendo nesse mercado, no sentido de promover nutrição com rotulagem - obrigatória nessa categoria de alimentos.
Em contrapartida, o Brasil vem se destacando na produção de alimentos free from que, traduzido para o português, significa 'livre de', ou seja, uma alimentação livre de algum tipo de substância específica.
De acordo com dados da Euromonitor, a categoria vem crescendo não só pela maior aceitação entre consumidores com qualquer tipo de intolerância, mas também por aqueles que buscam uma base nutricional mais diversificada.
Quando falei sobre alimentação inclusiva, é sobre atender ambos os públicos, incluindo uma segmentação específica que precisa ser atendida. Neste caso, a alimentação funcional para pessoas com restrições alimentares.
Como criar soluções para atender às necessidades do consumidor
Antes de navegar de acordo com a maré, é preciso ter empatia na jornada de consumo das pessoas que possuem restrições alimentares. Hoje muito se fala sobre a experiência do cliente, mas, como agregar valor à experiência sem esquecer do propósito?
Empresas que possuem propósitos sustentáveis e saudáveis, certamente encontrarão um caminho convergente. E isso me lembrou um texto sobre hábitos e comportamentos dos brasileiros, vou aproveitar para compartilhar alguns insights.
O texto citava o conceito Business Experience (BX) como uma evolução de Customer Experience (CX). O que isso quer dizer? Vamos simplificar: enquanto o CX foca em otimizar os pontos de contato do consumidor, o BX coloca toda a corporação com um propósito de criar soluções para atender às necessidades desse consumidor.
Apesar das nomenclaturas parecerem complexas, trata-se de um conceito de gestão que tem gerado lucros, mas de maneira duradoura. Pode-se dizer que, quando apostamos no propósito, investimos em experiência.
E é exatamente isso que pessoas com restrições alimentares buscam: fazer parte do todo sem que precisem adaptar suas rotinas ou que se sintam excluídas.
Em tempos incertos, a alimentação ainda é uma prioridade na mesa do brasileiro, então para onde o comércio e a indústria estão avançando? É fato que a pandemia alterou o comportamento do consumidor - com ou sem restrição alimentar.
Pensar que tudo voltará ao normal é uma esperança, mas, muitas coisas mudaram e irão permanecer em constante transformação.
Penso que as empresas que compreendem essas mudanças, que olham para a necessidade de seus consumidores, podem explorar de maneira positiva o que vem por aí.
A responsabilidade do consumo: só o produto não basta
Esse movimento começa na indústria e no comércio. À medida que priorizam as pessoas e suas necessidades alimentares, além de oportunidades rentáveis, cria-se a empatia essencial para promover uma verdadeira experiência do cliente.
Na prática, ao mesmo tempo que deve ocorrer o desenvolvimento de produtos que atendam a alimentação funcional, por exemplo, o comércio deve abrir suas portas para receber fornecedores e o público que vem com eles.
Mas, para que isso aconteça, é preciso inovar. Adoção de tecnologias e segurança alimentar, priorização de alimentos mais sustentáveis e menos industrializados, uma redefinição do atendimento, adaptação de ambientes tudo isso atrai consumidores que querem fugir dos mercados tradicionais.
A ênfase no bem-estar, saúde e segurança alimentar não é apenas uma tendência mundial, é reflexo do comportamento das pessoas e, não atender a essa expectativa, é nadar contra a maré.
Como vimos, a alimentação com alegações funcionais cresceu e vem crescendo por apresentar importância no quesito saúde. Muitas pessoas, que precisam conviver com suas restrições alimentares encontram nos alimentos funcionais a medicina que precisam.
Por isso, mais indústrias, mais comércios e mais marcas precisam conhecer melhor os problemas de seus consumidores e oferecer soluções para fazer parte dessa democratização:
Promover a acessibilidade da alimentação funcional para tornar a rotina das pessoas com restrições alimentares mais inclusiva, pois, só o produto não basta!
Assim como a Não de Queijo, outros pequenos, médios ou grandes empreendedores precisam estar próximos dessas pessoas, lhe dando variedade e a possibilidade de ter tudo o que precisam em mais lugares.
Torço para que, um dia, pessoas com intolerância digam: eu não tenho dificuldades de viver com a minha intolerância. E que juntos, possamos contribuir e incentivar nosso comércio na oferta de alimentos funcionais.