Um Paraná que não existia
Estamos no início do século XV, o Brasil recém-descoberto pelos portugueses, estava começando a ser colonizado. São Vicente é a primeira vila criada, em 1532. As expedições partidas desta pequena vila, vão buscar novas terras, novas riquezas. Em 1549, a região de Paranaguá já era conhecida e em 1578 já era uma pequena povoação. Em 1648 torna-se oficialmente município.
Em 1640, Gabriel de Lara anuncia a descoberta de ouro na região. A extração do ouro, primeiro local aurífero do Brasil muda a história da região com a presença de aventureiros que buscavam a riqueza e, também foram avançando pelas regiões interioranas. Capitania de Paranaguá é criada e tempo depois a Capitania de São Paulo, abrangendo uma grande região, denominada 5ª. Comarca de São Paulo, com sede em Paranaguá. Posteriormente transferida para Vila de Curitiba (1812).
Construindo o Paraná
No período de subordinação a São Paulo, e ao mesmo tempo da descoberta de ouro na região de Minas Gerais, acabou com a circulação de riqueza na 5ª. Comarca, deixando a população paranaense em completa penúria, com problemas de alimentação, saúde e educação. Foram feitas diversas tentativas de emancipação, para corrigir o problema, mas alegação da Coroa Portuguesa, era sempre a mesma, não tinha recursos de autosustentabilidade.
As plantações, no segundo planalto da erva-mate, uma erva nativa na região, motiva os moradores de Curitiba a construírem engenhos de beneficiamento do mate. Em 1853 o Paraná possuía quase uma centena desses engenhos, proporcionando a exportação do mate para os países do Prata (Argentina e Uruguai) e para o Chile. A população desses países passou a ser grandes consumidores desse produto.
Os grandes benefícios econômicos da erva-mate
O crescimento econômico no Paraná gerado pelo cultivo da erva-mate foi importantíssimo não só pela criação da Província do Paraná, mas também pelo desenvolvimento da indústria, do surgimento da classe média paranaense e da modernização da infraestrutura com a construção da Estrada da Graciosa (1873) e da Ferrovia Curitiba Paranaguá (1885).
Foi um período também que surgiram diversas cidades, na época vilas, como Castro, Ponta Grossa, Lapa, Palmeira e Jaguariaíva, graças a presença dos tropeiros. Há também neste período, o crescimento populacional com a vinda dos imigrantes para substituir a mão de obra dos escravos. Registros falam em mais de 100 mil imigrantes que chegaram ao Paraná, entre poloneses, italianos, ucranianos, russos, alemães e outros (Rolemberg). A influência da erva-mate na economia paranaense vai até 1920.
A exploração da madeira e a expansão do território paranaense
Os imigrantes não só vão dedicar-se no cultivo da erva-mate, como na exploração da madeira. A medida que vão cortando as árvores e comercializando os troncos, vão adentrando pelo interior e expandindo o território paranaense. Estabelecendo-se em pequenas propriedades, cultivando a agricultura de consumo criam vilas que posteriormente se transformam em importantes cidades.
Com a exploração da madeira surge serrarias a vapor, que começam a comercializar e exportar tábuas, principalmente, de Pinho e Imbuia, tanto para o mercado interno como nas exportações. Na segunda guerra mundial, a madeira de Pinho liderou as exportações paranaense.
As serrarias fabricavam barricas para a erva-mate, palitos de fósforo, palhões para garrafas e móveis. A intensificação da exploração da madeira, chamou a atenção de empresas estrangeiras que além de participarem diretamente na construção da estrada de ferro, começaram a comercializar terras para os imigrantes e exploradores da madeira que iam avançando para o interior paranaense. A exploração foi tão grande que dizimou as florestas do Paraná.
O gosto pela agricultura e início de sua expansão
Paralelamente ao cultivo do mate e da exploração da madeira na importância da economia do Paraná, houve o desenvolvimento dos primórdios da indústria, que marcam até hoje produtos made in Paraná como é o caso da indústria moveleira.
Mas o gosto pela terra, principalmente pela presença dos imigrantes. Eles se dedicavam à agricultura caseira, teriam introduzido a modernização agrícola (para época), sementes e o cultivo de novas plantas usavam em sua alimentação. Esse amor vai transformar nos dias de hoje em: o Paraná, no celeiro do Brasil e hoje do mundo.
Os tropeiros
Eram comerciantes de gado e de mulas (meio de transporte muito usado), surgido em 1731 e que se encerra em 1870. Aproveitaram os antigos caminhos percorridos pelos indígenas Guaranis. Saiam do Rio Grande do Sul e iam até Sorocaba, em São Paulo. No Paraná o caminho ficou conhecido pelo Caminho de Peabiru.
Os tropeiros criaram pousadas (roças) onde descansavam, assim como os animais. Nessas roças plantavam milho, feijão e trigo, que usavam para seu sustento e comida para os animais. Essas pousadas, traziam novas pessoas, criando vilas próximas às roças e vieram a se transformar em cidades. Esses comerciantes também, por conta própria, faziam o papel de correios, e comercializavam produtos regionais de um lugar para outro. Tiveram grande papel no gosto pelo campo.