Relacionadas ao capital financeiro da empresa, das falas que geralmente se ouve dentre os empresários no agro, algumas são recorrentes. Nunca tenho dinheiro de sobra; sempre tenho contas para pagar; Não sei se a minha empresa tem viabilidade financeira... Talvez a mais marcante seja: penso que se vender todos os bens, ainda assim, não consigo pagar todos os empréstimos e financiamentos. Essas questões são chaves e o tratamento delas tende a ser decisivo.
Afinal, qual é o nível de gestão financeira que atualmente desenvolvo em meus negócios?
Quando o assunto envolve informações financeiras, geralmente há certa resistência ao fornecimento de dados e informações, mesmo quando a consultoria é de seu interesse ou contratada pelo mesmo. Este é um assunto delicado que requer muita habilidade em sua condução. Requer confiança mútua pautada no compromisso do sigilo.
Alusiva a questão financeira no quesito endividamento, segundo pesquisa divulgada pela CNC (2020), a proporção de famílias endividadas em julho alcançou o recorde histórico de 69% contra 68,2% em junho. A amostragem considerou famílias que possuem renda de até 10 salários mínimos. A inadimplência neste público, também apresentou crescimento, saindo de 28,6% em junho para 29,7% em julho.
Na comunidade Sebrae quero abrir uma empresa, o artigo Conhece-te a ti mesmo?? Frase ultrapassada ou utópica? Imaginária ou real? apresenta que, conforme pesquisa Sebrae, no Brasil, 7% das empresas que fecham são por falta de lucro, 20% encerram o negócio por falta de capital e quase 50% dos pequenos empresários nacionais não sabem precisar se têm lucro ou prejuízo (MACHADO, 2015). Considerando o fechamento de empresas, o mesmo artigo traz informações com base na publicação Sebrae SP (2014), apresentando os principais fatores que ocasionam o fechamento de empresas. Estes, são em função da ausência de Planejamento Prévio; Gestão Empresarial; Comportamento Empreendedor.
Ocasionado pela ausência ou falha na gestão empresarial e/ou do planejamento prévio, pontua-se que, um dos principais fatores é o desafio na definição de um pro labore para o empresário e para sua família (este tema será abordado com mais propriedade em nosso próximo artigo). A priori, a ausência na definição de um valor fixo de retirada mensal, aumenta o risco de haver confusão entre o caixa pessoal com o da empresa. A evolução deste cenário, acarretará numa perda de controle no capital financeiro que pode ser a curto, médio ou longo prazo. Além de comprometer o processo decisório e de gestão, por vezes, a falta de critérios entre o capital pessoal e empresarial pode tomar proporções irreversíveis.
Na gestão do capital financeiro, outro ponto que nos remete a reflexão, é o estoque de capital físico, abordado por nós no artigo Você já parou para pensar, se o modelo de sua gestão de estoque dos capitais físicos, têm atingido a melhor performance?: como está o sistema decisório e de gestão para a aquisição e pagamento dos bens? Os investimentos realizados precisam estar planejados de maneira convergente com o capital financeiro, para não correr o risco de entrar na estatística de inadimplência apresentada anteriormente.
Essas questões estão conectadas ao capital financeiro. Conforme conceito apresentado pelo Senar, o estoque de capital financeiro é composto pelos recursos em moeda, pelas dívidas, obrigações e valores a receber e pelos estoques de produtos e insumos de maior liquidez, passíveis de serem transformados em moeda num curto prazo (SENAR PR, 2008).
Uma gestão eficaz requer planejamento, anotações e controles contínuos. Atualmente, devido a quantidade de informações que recebemos diariamente, guardá-las somente na cabeça parece ser uma tarefa impossível. O mesmo se aplica ao processo decisório e de gestão individual e empresarial.
O planejamento por si só não garante nenhuma eficácia. Ele precisa sair da gaveta, ser monitorado e, quando necessário, revisto. A realização dos lançamentos de maneira correta, se caracterizam como fundamentais dentro do processo de gestão. É a compilação destes procedimentos que fornecerão subsídios para a tomada de decisões mais assertivas.
Assim, trabalhando com base em dados, fatos e informações se desenvolve e aprimora a inteligência financeira, pois a partir das informações disponíveis, pode-se projetar as novas ações e projetos tanto no campo individual quanto empresarial. O sistema de informações disponíveis, somados às experiências vividas, fornece o suporte para o comportamento do empreendedor. Neste sentido, a gestão perpassa e se complementa nos campos da inteligência financeira e comportamental, pautada em análises mais eficientes, visando identificar o que é mais adequado, conveniente, relevante e coerente. Esses fatores somam-se e se complementam quando o objetivo é a tomada de decisões assertivas.
Em tempos de crise, é necessário ser literalmente um exímio controlador das finanças. A realização de um acompanhamento eficiente no fluxo de caixa, oferecerá melhor suporte decisório para a realização de novos investimentos em bens ou serviços.
A instabilidade do cenário econômico atual ocasionado pela pandemia, evidencia a necessidade do empreendedor em desenvolver sua inteligência comportamental e financeira, visando alcançar a melhor performance na gestão.
No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.
Albert Einstein
A colheita feliz do futuro depende de um plantio saudável no presente!
Desejo que você desfrute de uma vida com liberdade financeira!
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REFERÊNCIAS
CNC. Número de brasileiros endividados aumenta e bate novo recorde em julho. Disponível em: 28 Jul. 2020. Acesso em Ago. 2020.
SENAR PR; SEBRAE; FETAEP; FAEP . Programa Empreendedor Rural. Projetos. 2008.