As empresas brasileiras, independente da sua idade, estão acostumadas a conviver e a superar as crises dos ciclos econômicos e muitas vezes com a falta de liquidez e margens reduzidas de lucro.
A sobrevivência das empresas à crise econômica e o crescimento na recuperação da economia depende de três variáveis:
1. o posicionamento estratégico da empresa,
2. sua situação financeira (capital de giro) e,
3. o impacto da desaceleração/recessão no setor no qual opera.
Segundo Thompson (2011), posicionamento estratégico é a ação administrativa que conduz as operações da empresa e, sua implementação, a conseguir os objetivos definidos no Planejamento Estratégico. Podem ser eles o crescimento operacional, atrair e satisfazer clientes, ter uma vantagem competitiva, buscar otimizar o desempenho financeiro, entre outras. Segundo o mesmo autor, o posicionamento estratégico pode e deve ser modificado como reação a acontecimentos não previstos, quando o mercado toma rumos inesperados. Por exemplo, o aparecimento de uma conjuntura política ou econômica instável. Exige da empresa um reposicionamento estratégico.
E, quando se fala em que a empresa tenha uma situação financeira estável, novamente fazemos referencia ao lucro e à liquidez. Surge uma quarta estratégia financeira: ter e utilizar de forma permanente o controle, a avaliação e o planejamento. Controle para saber a origem e aplicação dos recursos financeiros, avaliação para medir permanentemente os resultados obtidos e se correspondem às necessidade de lucro e de caixa e o planejamento orçamentário para definir e manter o posicionamento estratégico financeiro.
E, finalmente a situação do setor onde atua, que pode ser de estagnação, de crescimento ou mesmo de extinção. Tem setores de atividade que exigem volumes elevados de capital, tanto para investimento como para o giro. Tem setores em decadência. E tem setores que estão crescendo inclusive na crise.
Empresas que tem elevada liquidez e taxas de lucro na média ou acima da média do seu setor de atividade, aproveitam o momento de crise para melhorar a sua participação. Por exemplo, durante a pandemia, supermercados e industrias ligadas ao setor de alimentação e materiais de saúde vem suas vendas aumentarem rapidamente.
Empresas com liquidez baixa e margem de lucro acima da média, como as indústrias e comercio de bens de consumo imediato assim como o comércio varejista devem aumentar o diferencial competitivo para manter sua participação no mercado.
E, empresas com liquidez baixa e lucro baixo, que é o caso de mais de 50% das micro, pequenas empresas e dos MEIs Micro Empreendedor Individual, devem focar em medidas e ações já apontadas de forma clara e brilhante em outros artigos financeiros da Comunidade SEBRAE.
Na atual crise gerada pela pandemia, há empresas que não estão conseguindo administrar o momento financeiro ou não conseguem prever o que pode acontecer, ou que não estão preparadas para mudanças rapidas nos cenarios e, sem liquidez...
Em algum momento da sua vida financeira, empresas investiram capitais próprios e de terceiros sem necessariamente haver planejamento e análise de retorno. Mas, havia expectativa de crescimento de mercado, de vendas e de lucros. Só expectativas. Em épocas de crise como a atual, decisões anteriores não planejadas, levam necessariamente à falta de capital de giro, descontrole de caixa e excessivo endividamento.
Essas situações levam fatalmente a falta de liquidez e à necessidade de operar com margens de lucro reduzidas como forma de manter as vendas.
O lucro é a fonte de vida do empreendimento e da saúde do empreendedor.
O lucro é a principal fonte de recursos para investimento e para capital de giro. Se não há lucro ou ele é insuficiente haverá endividamento crescente. O descontrole da dívida é uma causa recorrente do fechamento de empresas.
E, em épocas de crise, o capital (próprio e de terceiros) é limitado e os lucros podem não ser suficientes. Dependendo da forma de gerenciar o fluxo de caixa haverá liquidez reduzida.
E, também que, misturar as finanças pessoais com as do negócio pode ser desastroso!!!
Pergunta final:
O seu negócio é bom?
Dá lucro ou prejuízo?
Vale a pena continuar investindo?
Deve mudar de estratégia?
As estratégias financeiras adotadas pelas empresas que conseguem superar situações de crise e crescer são:
1. Buscar operar sempre com recursos próprios;
2. Aplicar os capitais próprios no capital de giro e, os capitais de terceiros, nos investimentos em ativos fixos;
3. Fazer uma gestão eficaz dos recursos investidos no Capital de Giro.
E, como sugestões para superar a pandemia e crescer:
- Estruturar os processos e operações financeiras,
- Implantar e utilizar controles financeiros;
- Avaliar permanentemente o resultado patrimonial e financeiro;
- Tomar decisões racionais sobre questões financeiras;
Sucesso, lucro e muita liquidez.
Bibliografia
Administração Estratégica. Thompson Jr., Arthur A.; Administração Estratégica. 15ª Ed. Dados eletrônicos. Porto Alegre: AMGH, 2011.