Como eu prometi no texto anterior, segue o meu compromisso em trazer as etapas que são consideradas requisitos de implantação de um parque tecnológico, e assim como comentei no último texto aqui da Comunidade Ambientes de Inovação: Parques Tecnológicos induzindo o ambiente de inovação, as etapas são baseadas no estudo feito por Desireé Zoouain e Guilherme Ponski em um trabalho amplamente discutido junto a Anprotec, Parques Tecnológicos: planejamento e gestão. Em seus estudos, os autores, delimitaram 6 etapas consecutivas e que podem determinar a viabilidade de implantação de um parque tecnológico, são elas:
- Etapa 1: Conceituação e caracterização de parque tecnológico
- Etapa 2: Realizar análise da região
- Etapa 3: Caracterização do mercado e vocação da região
- Etapa 4: Elaboração de Masterplan conceitual
- Etapa 5: Verificação de viabilidade econômico-financeira
- Etapa 6: Animação e articulação
Vou procurar abordar cada uma das etapas e o objetivo desse texto é fazer uma análise nas iniciativas de parques existentes em várias regiões e de fato reavaliar se existem elementos suficientes que justifiquem o investimento e o esforço na criação desses ambientes.
Etapa 1: Conceituação e caracterização de parque tecnológico. De acordo com Zouain e Ponski como uma etapa inicial do processo de implantação de parques tecnológicos, é necessário se estabelecer uma definição do modelo, buscar referências em experiências nacionais e internacionais e o estabelecimento de suas características particulares. Para o cumprimento dessa etapa, sugere-se a realização de um levantamento bibliográfico ou revisão da literatura para conceituação dos termos, realizar visitas técnicas, analisar as experiências de outros parques (sejam em fase de projeto ou em operação) e a organização de palestras com especialistas.
Etapa 2: Análise da região. Nessa etapa, realiza-se um estudo da localização, da situação socioeconômica e da regulamentação urbana e ambiental da região, ainda temos outros autores que tratam sobre a localização de Parques, como encontramos em O processo de implantação e operacionalização de um Parque Tecnológico: Um estudo de caso, que ressalta acerca a localização de um parque tecnológico influencia sobremaneira no seu processo de consolidação, pois determina se o parque terá mais ou menos facilidade de disponibilizar alguns serviços e, consequentemente, mais ou menos facilidade de atrair e reter empresas. A regulamentação urbana e o diagnóstico documental ainda nessa etapa, tem importância no levantamento da legislação de uso e ocupação de solo, das diretrizes urbanísticas e de planejamento urbano e um levantamento da legislação ambiental para a área de implantação do parque tecnológico, bem como é necessária também à verificação quanto à regularidade patrimonial dos imóveis.
Etapa 3: Caracterização do mercado e vocação da região. Nessa etapa, deve ser realizada uma análise de mercado para possíveis empreendimentos complementares que possam vir a se instalar na região. Segundo um estudo da ABDI que corrobora com a importância desta etapa ao defender que é fundamental sintonizar a estratégia de implantação do Parque Tecnológico com as prioridades regionais e nacionais, bem como com as tendências internacionais.
Etapa 4: Master Plan conceitual. No processo de implantação de um parque tecnológico, é necessária a elaboração de um Master Plan conceitual, que consiste em uma proposta para a ocupação e o desenvolvimento da área selecionada. Nessa fase, é importante que os ativos estejam definidos, bem como um plano de distribuição dos mesmos, dentro da área selecionada para implantação do parque tecnológico. No Master Plan, também deve conter: uma proposta de aproveitamento eficaz das áreas verdes e das áreas viárias, um estudo de outros possíveis usos relacionados à exploração imobiliária da região selecionada e proposição de estratégias de lançamento e atração de investidores. Percebe-se que dessa fase em diante realiza-se efetivamente a implantação do parque tecnológico.
Etapa 5: Viabilidade econômica financeira. Nessa etapa ocorre a verificação da viabilidade econômico-financeira para o empreendimento através da elaboração de cenários para analisar o retorno, as expectativas de resultado e formatação do parque. Para isso, recomenda-se a elaboração de exercícios de fluxo de caixa e estimativas de receitas, e, ainda, realizar uma análise da capacidade de absorção do mercado e desenvolver os termos contratuais para locação e as condições comerciais para venda. Essa etapa é conseguinte a etapa anterior. O mesmo estudo da ABDI constata que é justamente nessa fase, que as equipes de planejamento, implantação e operação de um parque se deparam com um grande desafio, pois geralmente possuem pouca experiência na área imobiliária e financeira.
Etapa 6: Animação a articulação. Como última etapa, aconselha-se a elaboração de estratégias para articular poderes públicos e possíveis interessados em torno do projeto. Para tal, seria necessária a determinação da capacidade do parque tecnológico e a definição das estratégias de articulação política e institucional para seu desenvolvimento. Destarte, a integração entre governos, universidades, e iniciativa privada nas atividades de articulação para atrair possíveis interessados. E isso torna-se condição prioritária para propiciar o surgimento, consolidação e a condução do desenvolvimento dos parques. Esta etapa pode ser considerada a mais importante dentre todas, ao mesmo tempo em que, de certa forma, se faz presente em todas as etapas anteriores. Para o estudo, requer, além de iniciativas no âmbito federal junto aos Ministérios, agências de Governo e Congresso Nacional, é fundamental um forte envolvimento dos governos estaduais e municipais tanto no processo de definição e formulação dos projetos de parques tecnológicos, como na etapa de investimentos e sustentabilidade do empreendimento.
Análise da relação entre os requisitos
A partir das informações pode-se concluir que a implantação de parques tecnológicos colabora para o desenvolvimento regional e nacional atraindo novas empresas, empreendimentos que requerem alta qualificação de pessoal e desenvolvimento socioeconômico, promoção de cultura voltada para a inovação e o empreendedorismo, bem como a melhoria de processos, serviços e produtos, voltados a inovação. Para tanto, parques localizados em centros urbanos subdesenvolvidos, devem considerar em seus estudos que a escala de aglomeração tende a ser abaixo do nível crítico, muitas vezes insuficiente para gerar externalidades positivas, o que pode tornar a iniciativa tecnologicamente pouco promissora e economicamente inviável. E ainda, muitas vezes, ao invés de planejar e implantar novos Parques Tecnológicos é preciso articular e coordenar as diversas iniciativas já existentes tornar antes de tudo o ecossistema de inovação local vibrante e ativo.
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