'Um estudo realizado pela multinacional Deloitte, em parceria com a Terracotta Ventures, empresa especializada em investimentos em construtechs, apontou que 53% das grandes empresas do ramo de construção civil e mercado imobiliário apostam em startups como elemento chave de inovação em suas corporações. O estudo chamado de Construção do Amanhã foi publicado este mês e tema da live de estreia do novo canal Sebrae-PR Construtech, dentro do Gazz Conecta. Um dos sócios da Terracotta Ventures, Bruno Loreto analisou o relatório detalhadamente a pedido do Sebrae-PR. O vídeo com a análise completa pode ser conferido abaixo.
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O estudo, que ouviu 214 corporações, além de 29 startups do ramo, questionou empresários sobre como eles promovem inovação em seus negócios. No segmento das corporações, 28% disseram investir diretamente em startups e outros 25% afirmaram que apostam em tecnologias piloto, desenvolvidas em parceria com esse tipo de empresa.
É um número que chama atenção e mostra que as corporações do setor de construção chegaram a um nível de maturidade e tem enxergado nas startups uma relação de cliente e fornecedor. Isso é muito saudável, mas não é possível tratar startups como fornecedores quaisquer. É preciso entender que são negócios em fase de validação e a vantagem é justamente ajudar a construir um modelo de negócio e produto que esteja adaptado as necessidades da empresa, explicou Loreta durante a transmissão ao vivo.Como exemplos dessa parceria, Loreto citou gigantes do setor como a Tigre, multinacional especializada em materiais de construção, que investe em programas de aceleração para incentivar startups a desenvolverem soluções voltadas a esse ramo.
Outro importante ponto levantado no relatório dedicado a mapear o entendimento de inovação no mercado brasileiro foi a quantidade de verba destinada diretamente pelas empresas para esse setor. Ao todo, 77% das companhias afirmaram investir menos de 1% do faturamento total especificamente em inovação e apenas 11% disseram dedicar 5% ou mais do faturamento a esta causa.
Para Loreto, aportes nessa área significam o futuro dos negócios, precisando ser computados como investimentos e não como custos, mesmo em tempos de crise. De uma maneira geral é preciso entender onde estou perdendo dinheiro. É mais fácil mensurar o impacto de uma solução inovadora quando tenho calculado, por exemplo, o quanto um problema que está atrasando minha obra poderia ser resolvido com uma solução inovadora, explica o especialista.
'Eu construiria um portfólio de inovação, onde cerca de 70% dos dinheiro seria direcionado para solucionar desafios e processos internos menores, e os outros 30% para aquilo que é uma solução de fato disruptiva, um novo desenvolvimento, em longo prazo, detalha.
Para o sócio da Terracota Venture nós temos a tendência de focar nos grandes problemas e nos mais complexos, quando deveríamos começar pelos pequenos e ir ganhando confiança e experiência antes de partir para os mais desafiadores. 'Gosto de citar o caso de um shopping que convidou colaboradores a pensarem em soluções inovadoras para o negócio. Um operador de manutenção sugeriu pequenos ajustes na iluminação e em questão de ar condicionado, que geraram uma economia de mais de R$ 10 milhões para a empresa, por ano, arremata.
Tendências
Durante a live transmitida no Instagram do Gazz Conecta, Loreto também falou sobre tendências do setor para os próximos anos. Para ele, o mercado brasileiro deve fechar o ano com mais de 800 construtechs estabelecidas, um crescimento notável perto das 250 mapeadas em 2017, primeiro ano em que a Terracotta Ventures realizou um levantamento do número de startups desta área. O Paraná detém cerca de 12% desse mercado, sendo o terceiro estado brasileiro com o maior número de construtechs. Em primeiro lugar está São Paulo e em seguida, Santa Catarina.
De olho neste ecossistema em expansão e em novas tecnologias que valem o aporte, a Terracota Ventures aposta principalmente na digitalização dos processos de gestão de canteiros de obras, construções modulares, soluções financeiras e otimização de geração de valor através de ativos imobiliários, principalmente as que promovem locações de imóveis unidas a oferta de serviços e experiências para os inquilinos.
No curto prazo estamos apostando em companhias que digitalizam a compra e venda de imóveis, um processo que ainda é muito arcaico, apesar de ser uma transação de milhares de reais, explica.
Já na área de construção civil, além de digitalizar os processos nos canteiros, a tendência é a industrialização do setor, automatizando desde as condições de entrega de materiais até a construção da obra em si. O grande desafio do setor, nas últimas quatro décadas é a produtividade. A construção ainda sofre com a inconstância do clima e da dinâmica ainda muito artesanal de levantar os tijolos. Para ser disruptivo nesse caso não há escapatória, se não trabalhar em escala industrial, dominando a jornada em toda a cadeia de produção, reduzindo desperdícios de material e o número de acidentes de trabalho. Mas esse método de montagem rápida não vai acontecer do dia para a noite. A nossa previsão é que nos próximo quatro anos menos de 3% do mercado trabalhará com construção industrializada, como a modular, finalizou.